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(Millôr Fernandes)

sábado, 24 de setembro de 2011

Metrô no governo Agnelo/Filippelli continua péssimo e fora dos trilhos

Sábado, 24 de setembro de 2011 
O metrô de Brasília continua no eterno pifa aqui, pifa acolá. Um dia pára, no outro também. Passageiros são frequentemente obrigados a percorrerem a pé trechos dos túneis em razão do trem quebrado, da energia que falta, da incompetência gerencial que sobra. Pois, para tantos problemas assim, não há outra explicação do que a questão gerencial. Assim foi nos governos de Roriz, de Arruda e agora no de Agnelo/Filippelli.

Interessante notar que Filippelli sempre esteve ligado de uma forma ou outra na questão do Metrô de Brasília, tanto nos governos de Roriz quanto no de Arruda. Agora, no atual governo, ele emplacou como presidente da Companhia Metropolitano (Metrô) do Distrito Federal, um seu protegido político. Demitido, no início deste ano, da presidência dos Correios pelo ministro do Planejamento Paulo Bernardo, o senhor Davi José de Matos foi nomeado em menos de dois dias para a presidência do Metrô do DF. Isso graças ao seu protetor Tadeu Filippelli (PMDB), vice-governador de Agnelo Queiroz.

David foi presidente dos Correios pela indicação de Filippelli, mas com as bênçãos da famosa ex-ministra Erenice Guerra. Nos Correios, enquanto era o presidente, estourou o escândalo da Master Top Linhas Aéreas —MTA— e de Israel, filho de Erenice. Israel, segundo as denúncias amplamente divulgadas na imprensa da época, teria montado um esquema de lobby e cobrança de propinas para ajudar empresas dentro do governo.

Segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”, Israel teria favorecido a Total Linhas Aéreas e documentos demonstravam que José David de Matos foi quem dirigiu a reunião de diretoria que autorizou a contratação dessa empresa. Na licitação apenas essa empresa concorreu e a contratação representou custos que ultrapassaram os estipulados pelos Correios. Davi, ao ser demitido dos Correios, negou as irregularidades apontadas pelo Estadão, atacando o conteúdo da reportagem.

Mas o que se trata aqui é da eficiência de operação —e da gerência— do Metro DF. No pifa hoje e daqui a pouco também, nos trens lotados, nos atrasos de horários, em problemas mil que atingem o metrô —melhor, o passageiro— a desculpa dada pelo presidente da empresa à mídia foi atribuir aos empregados boa parte da responsabilidade. Por isso foi alvo de uma “Moção de Repúdio” dos empregados do Metrô.

Pela leitura da moção, que é um repúdio às declarações de David José de Matos à rádio CBN no dia 14 de setembro, muita coisa dá para se saber. É verdade que o usuário do serviço sabe de tudo, pois sofre diariamente. Dentre os problemas apontados na moção está o reconhecimento de que o metrô atualmente passa por sérios problemas de operação e manutenção, como o excesso de paradas não programadas, frota de trens não incorporados ao sistema, falhas e reboques cotidianos, falta de funcionários, falta de sistemas de segurança. Quanto à falta de segurança, sabemos que autoridades não andam de metrô, mas de carrões com batedores à frente e na retaguarda ou de helicóptero. De metrô só em viagens para a propaganda.

Uma das afirmações do presidente do Metrô/DF que mais irritou os servidores foi a de que grande parte dos problemas são da responsabilidade dos empregados, pois “no Metrô é cultural o empregado não procurar treinamento”. Os servidores foram incisivos ao contestarem tal disparate, assinalando na moção de repúdio: “Ora, o presidente do Metrô se esqueceu de que é de sua responsabilidade junto à diretoria promover treinamentos? Esqueceu-se de todas as cobranças de treinamento aos empregados feitas pelo Sindicato? Esqueceu-se de que está descumprindo um acordo firmado com seus empregados no Acordo Coletivo de Trabalho? “CLAUSULA DECIMA QUINTA - Parágrafo Segundo: A programação dos cursos será veiculada pela empresa a cada início de exercício”.

Você pode ler a íntegra da moção de repúdio clicando no link abaixo.

MOÇÃO DE REPÚDIO ÀS DECLARAÇÕES DO SR. DAVID DE MATOS, PRESIDENTE DO METRÔ/DF.

         Nós empregados do Metrô/DF, vimos manifestar nossa indignação perante as declarações do Sr. David de Matos em meios de comunicações.
            É notório que o sistema metroviário do DF atualmente passa por sérios problemas de operação e manutenção como: excesso de paradas não programadas, frota de trens não incorporados ao sistema, falhas e reboques cotidianos, falta de funcionários, falta de sistemas de segurança para usuários, entre outros.
Os usuários querem saber, os trabalhadores querem saber e a mídia quer saber: o que está acontecendo com o Metrô/DF? Pois apesar de custar muito caro ao contribuinte, a realidade é cristalina aos olhos de todos, o Metrô nunca foi tão sucateado! Pagamos caros impostos e é um direito nosso saber a verdade! Não estamos satisfeitos com essas condições e nos é devida explicações.
Muito nos surpreende as declarações do Sr. David de Matos na rádio CBN, no dia 14/09, em que diz que “a manutenção é ótima, os trens estão rodando com segurança e que a empresa de manutenção terceirizada é fiscalizada e multada em caso não preste um bom serviço”. Não é esse serviço de qualidade que os usuários presenciam todos os dias ao embarcarem nos trens.
Quanto à falta de segurança no Metrô, muito nos espanta as declarações de que “a segurança está tranquila e os agentes estão bem preparados”; uma vez que os escândalos relativos à falta de segurança no Metrô/DF já tomaram proporções nacionais na mídia. Esconder isso seria como “tampar o Sol com a peneira”.
Agora o que nos deixa INDIGNADOS é o fato do Sr. David de Matos ao ser indagado da falta de treinamento e reciclagem aos funcionários, culpar os próprios empregados por sua ingerência ao dizer que “no Metrô é cultural o empregado não procurar treinamento”. Ora, o presidente do Metrô se esqueceu de que é de sua responsabilidade junto à diretoria promover treinamentos? Esqueceu-se de todas as cobranças de treinamento aos empregados feitas pelo Sindicato?  Esqueceu-se de que está descumprindo um acordo firmado com seus empregados no Acordo Coletivo de Trabalho? “CLAUSULA DECIMA QUINTA - Parágrafo Segundo: A programação dos cursos será veiculada pela empresa a cada início de exercício”.
Ora! Não vamos aceitar esse desrespeito a nossa categoria e não enxergamos essa atitude como sendo a de um gestor que possa representar o Metrô. Somos trabalhadores e exigimos respeito! Queremos direito de resposta e que esse gestor se retifique de suas declarações equivocadas!