Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 27 de setembro de 2011

A REVOADA DOS ARAPONGAS

Terça, 27 de setembro de 2011
Da Revista Eletrônica Quid Novi

Mino Pedrosa


A Revista Quidnovi revelou na edição de ontem, 26 de setembro,  um aparelho repressor montado numa Mansão da Península dos Ministros, de Brasília. O bairro da Capital Federal abriga as residências oficiais do Senado e da Câmara, dos Tribunais e ministros de Estado. Por ali, também moram empresários que convivem com o Poder. O resultado é um bairro  realmente nobre, no qual não se identifica exatamente quem é Governo e quem não é, o que supostamente garantia o anonimato e a segurança das autoridades.

No cenário, da QL 12 – conjunto 4 casa 2 , do Lago Sul, foi instalado o aparelho repressor que grampeou a família do presidente do Senado, ministros e procuradores dos tribunais  superiores, empresários influentes, governadores e secretários de Governo.
 
A mansão aparelho repressor na Península dos Ministros.
A casa, vista de fora,  aparentemente não tinha movimento. Mas no interior várias pessoas em funções  estratégicas acompanhavam a movimentação dos alvos. Após a matéria de ontem do Quidnovi, os arapongas foram obrigados a mostrar as caras. O ex-delegado responsável pela Inteligência da Polícia Civil Celso Ferro e o militar da ABIN – Agência Brasileira de Informações Acir Pitanga Seixas comandavam, com as empresas TRUESAFETY, CONDOR e INFOSEC Consultoria , o esquema no qual faziam suas vítimas reféns dos grampos clandestinos, permitindo  a seus “clientes” ocuparem os espaços nos Governos Federal e Local.

O “aparelho” não era novidade para a polícia Federal, nem para a ABIN e tão pouco para a Polícia Civil, que emprestava parte dos equipamentos para a arapongagem do ex-chefe Celso Ferro.

Na casa, segundo fontes, estavam guardados grande quantia em dinheiro, malas com equipamentos de escuta telefônica, rastreamento e análise de vídeo, que foram retirados após as revelações da nossa Revista Eletrônica.

Os arapongas foram surpreendidos pelo Quidnovi e começaram a desmontar a estrutura do aparelho na mansão da Península dos Ministros. Mas registramos com exclusividade  toda a movimentação e as caras clandestinas de Celso Ferro; da sobrinha do ex-delegado e também analista de informações visuais Daiane Guimarães Lima Ferro, do chefe da Segurança da Câmara Distrital Maurílio de Moura Lima Rocha, cotado pelo governador Agnelo Queiroz a assumir o cargo de diretor da Polícia Civil ainda esta semana; e outros arapongas ainda não identificados.

O Quidnovi revela agora o momento em que os arapongas tentavam desaparelhar a mansão que operava clandestinamente no coração de Brasília, com flagrantes explícitos de equipamentos, dinheiro e pessoas credenciadas no meio da arapongagem. A Revista Eletrônica relembra aos leitores os fatos postados ontem e que desencadearam  o corre-corre na Península dos Ministros.
    
Celso Ferro e a sobrinha analista de informações visuais Daiane Guimarães Lima Ferro conversam na frente da casa da Península
    
Tio e sobrinha tomam um cafezinho na porta da casa 2, do conjunto 4 da QL 12 do Lago Sul
chefe da Segurança da Câmara Distrital Maurílio de Moura Lima Rocha, cotado pelo governador Agnelo Queiroz a assumir o cargo de diretor da Polícia Civil ainda esta semana, chega na sede da arapongagem no final da tarde de ontem, 26 de setembro.
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Leia a reportagem de ontem sobre a casa no Lago.


Comentário do Gama Livre: As denúncias do jornalista Mino Pedrosa até agora não foram repercutidas pela grande mídia de Brasília. Será que acusações dessa ordem não são fatos jornalísticos para jornais e emissora de TVs? Que não publiquem nada que a Revista Eletrônica Quid Novi denunciou, até se admite. O que não dá para entender é que a grande imprensa não tenha se preocupado um mínimo em apurar se tão graves denúncias são ou não verdadeiras. Competência jornalística ela, a grande mídia, tem.

Enquanto a grande imprensa, que é beneficiada com os milhões de verbas de propaganda oficial, nada publica, a coisa fica por conta de blogs. É a luta desigual, mas vale o esforço. Algum dia, talvez, os grandes meios de comunicação do DF percebam que devem apurar cada suspeita de coisa errada na política de Brasília.