Sexta, 2 de março de 2012
Por
Ivan de Carvalho

Isto não aconteceu de graça. Houve a mobilização
da Força Nacional de Segurança Pública e de tropas do Exército, ocupação, pelos
grevistas, do prédio principal do complexo de quatro edifícios da Assembléia
Legislativa e sítio de todo o conjunto, executado pelo Exército.
Cumpre não esquecer a participação espantosa de
um “grupo de elite” da Polícia Federal, que cumpriu alguns mandados de prisão
e, logo após a desocupação, escangalhou desnecessariamente 118 portas de três
dos prédios do complexo de edifícios do Legislativo, fazendo de resto uma
bagunça geral que os grevistas escrupulosamente haviam se empenhado em não
fazer.
As fotografias divulgadas na mídia, na ocasião,
comprovaram esse vandalismo policial (pelo qual os contribuintes terão de
pagar), diferente, mas não absolutamente, de atos de vandalismo praticados por
grevistas. Mas não só por eles: para que não haja injustiça, também pela
bandidagem, pelo que se poderia chamar de grupos de extermínio à vontade pela
ausência da PM e por simples populares chegados a um saque quando surge a
oportunidade.
Em síntese: foi um sufoco, inclusive político. E se
isso é lembrado aqui, agora, é porque, se a fogueira foi reduzida a cinzas,
revelam-se agora brasas sob elas. A intenção destas linhas é a de que ninguém
se surpreenda e as medidas que forem julgadas adequadas sejam adotadas antes da
vaca ir pro brejo, não para desatolar a bichinha.
Ontem, o jornal Correio da Bahia divulgou que policiais e bombeiros ligados à Aspra
– a mesma associação de PMs e bombeiros que deflagrou a greve da primeira
quinzena de fevereiro – realizarão uma manifestação em frente à Assembléia
Legislativa (zorra, que obsessão!), no CAB. Em nota divulgada na quarta-feira,
a Aspra convocou seus associados a exigirem a implantação das Gratificações por
Atividade Policial IV e V. A manifestação foi marcada para as 14 horas da
próxima terça-feira.
Os grevistas querem ainda que a Assembléia aprove
emendas apresentadas pelos deputados coronel Gilberto Santana, do PTN, capitão
Tadeu Fernandes e sargento Isidório, ambos do PSB. Aliás, na reunião de
instalação da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública, esta semana, os
deputados Tadeu Fernandes e Isidório advertiram que na PM há grande
insatisfação a respeito do que consideram não atendimento das reivindicações e
especialmente com “prisões arbitrárias de policiais”, segundo o deputado
capitão Tadeu Fernandes: “Muitos não cometeram nenhum ato de vandalismo. As
três maiores associações de PMs não estão satisfeitas com esta atitude e já
ameaçam fazer paralisações”. Isidório completou: “Já existe indicativo de parar
uma noite. É preciso suspender estas retaliações”. Olha aí, gente!
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Este artigo foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista baiano.