Terça, 27 de
novembro de 2012
Por Ivan de
Carvalho
Da Tribuna da Bahia

A Mesa Diretora, como
colegiado, também tem um apreciável poder de decisão, mas como a grande maioria
dos deputados é governista, torna-se muito difícil, quase impossível, surgir no
âmbito da Mesa Diretora qualquer conflito político que não se resolva
facilmente.
É assim que as coisas se
apresentam agora e para que essa relação de poder seja alterada seria
necessário que mudanças muito importantes (como, por exemplo, a criação de uma
forte perspectiva de a oposição chegar ao poder estadual nas eleições de 2014)
ocorram ao longo dos próximos dois anos, a ponto de deslocar de seu eixo
político atual expressivas forças políticas.
De qualquer modo, e até por
isso mesmo, os governistas certamente planejarão a composição da futura Mesa, a
ser eleita em primeiro de fevereiro, com mandato de dois anos, com a
preocupação de evitar que eventuais abalos que acaso ocorram até as eleições de
2014 não alterem a correlação de forças amplamente favorável ao governo na
composição da Mesa.
Ressalvado
o caso das decisões por votação dos integrantes da Mesa Diretora, o que conta
mesmo, entre os cargos de comando da Assembleia, é a presidência. Até alguns
anos atrás, a primeira secretaria tinha certa influência, operando, embora sem
muita autonomia, como uma espécie de prefeitura do Legislativo. Mas já faz
tempo que a primeira secretaria ficou esvaziada e, como uma vez disse numa
conversa o então deputado Gaban, presidente do Legislativo na época, “o
presidente é uma espécie de reizinho, aqui”. Ressalvados, claro, os poderes
exclusivos das comissões e do plenário.
Bem,
para presidir a Assembléia Legislativa da Bahia no próximo biênio já está
definido o nome do deputado Marcelo Nilo, atualmente exercendo o seu terceiro
mandato de presidente da Casa. Com o quarto mandato, que lhe será dado em
votação secreta pelo plenário em 1º de fevereiro, ele passará duas Legislaturas
(oito anos) completas presidindo a Assembleia. Passaria, se não saísse do cargo
um pouco antes em busca de outro.
A
nova reeleição de Marcelo Nilo para a presidência da Assembleia já está
acertada no mais alto nível da coalizão governista e só falta combinar com a
oposição. A bancada do PT não mais insistirá no seu sonho de indicar alguém da
bancada para o cargo. Não há condições e a hipótese está descartada. Se, na
bancada, houver alguém que não esteja ainda consciente disso, logo estará.
Para
complementar. No palco, ontem, o presidente e candidato à reeleição Marcelo
Nilo, do PDT, em entrevista à rádio Tudo FM, disse que tem o apoio de pelo
menos nove partidos. Citou PC do B, PRP, PV, PSL, PSB, PRB, PDT, PSD e PP. Note
que Nilo não citou ainda o PT e os partidos da oposição. Mas quando o PT
anunciar seu apoio (após a retirada, considerada certa, da candidatura do
deputado Rosemberg Pinto), Nilo contará com os três principais partidos da
coalizão – PT, PDS e PP. A citação desse trio partidário, aliás, nos remete a
2014.
CHAPA DOS
SONHOS – O responsável pelo marketing da reeleição do ex-presidente Lula e
da eleição da presidente Dilma Rousseff, de cuja imagem pública continua
cuidando, sugeriu, na base do “ah, se acontecesse”, uma chapa para o governo de
São Paulo formada por Lula, como candidato a governador e Gabriel Chalita, do
PMDB, como candidato a vice. Realmente seria o grande pesadelo para o governador
tucano Geraldo Alckmin, que tentará a reeleição. A notícia diz que Lula não
aceita de jeito nenhum. Pelo menos, agora.