Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Bestialidade policial justifica impeachment dos governadores

 Terça, 28 de janeiro de 2014
Por Celso Lungaretti
Náufrago da Utopia
Um comentarista incógnito do CMI, em tom de galhofa (vide aqui), fez uma leitura totalmente equivocada do meu artigo As principais ameaças à Copa não vêm das ruas, mas sim dos gabinetes, afirmando que a minha preocupação com blecautes e violência policial se restringiria ao período do Mundial da Fifa.
 
Como se eu, várias vezes, já não houvesse recriminado os péssimos serviços públicos prestados aos brasileiros; e como se eu não fosse um dos mais constantes e incisivos críticos da truculência repressiva.
 
Respondi ser o meu artigo "uma resposta aos que, mesmo um PM tendo baleado estupidamente um manifestante, preferem assestar suas baterias contra os manifestantes e poupar os PMs". E acrescentei:
"Aliás, [são] os mesmos que estão ESCONDENDO a informação de que a petição on line pró Snowden é, provavelmente, a que alcançou maior número de adesões até hoje no Brasil. ESTA INFORMAÇÃO SERIA OBRIGATÓRIA PARA QUALQUER SITE OU BLOGUE DE ESQUERDA. Minha dúvida é: os espaços virtuais petistas ainda são espaços virtuais de esquerda? Temo que não".
Para minha surpresa, uma companheira cujo passado de lutas é dos mais expressivos, veio em socorro do humorista anônimo. Como ela merece respeito, alonguei-me um pouco no esclarecimento da questão. 
 
Acredito que valha a pena reproduzir alguns trechos aqui, até porque são elucidativos e servem como uma reafirmação de princípios: 
"A minha intenção foi, UNICA E EXCLUSIVAMENTE, a de confrontar a rede virtual petista, que está satanizando todos os que protestam contra a Copa e insinuando que é a mão oculta da direita que move os cordéis. 
Para a esquerda palaciana, o 'não vai ter Copa' de alguns adolescentes bobinhos é pior do que a truculência bestial das polícias estaduais (além de consentir, pois não diz uma palavra contra, na possível participação das Forças Armadas em atividades repressivas durante a Copa).
O que houve de mais chocante no dia 25 foi o disparo de um PM contra um civil que não portava arma de fogo; até o jornal da ditabranda, em editorial, critica esta aberração; no entanto, em espaços virtuais tidos como de esquerda se lamenta mais o fulano azarado que teve seu fusca queimado do que o manifestante que quase foi executado.
Eu contrapus que quem realmente está ensejando os piores cenários para a Copa é o Governo Federal, ao omitir-se diante dos péssimos serviços prestados pelo Poder Público ou pelas companhias privadas às quais delegou a prestação dos serviços de que antes se incumbia diretamente; e ao fechar os olhos à violência desenfreada dos fardados.
Se tivéssemos uma esquerda de verdade no Brasil, o Jânio de Freitas não estaria falando com as paredes ao lembrar que a complacência dos governadores com os desmandos de suas polícias justifica até impeachment: 'Os governadores e seus prepostos para a segurança pública não podem instaurar ambientes de guerra civil, com suas armas inadmissíveis e ferocidade injustificável permitidas, senão estimuladas, como se fossem normais na democracia. Essa prática é uma transgressão ao Estado de Direito e como tal pode ser tratada, por meio de impeachment'.
 O impeachment, aliás, a que Geraldo Alckmin faz jus desde o episódio do Pinheirinho, quando um idoso barbarizado pela repressão foi por ela sequestrado e mantido longe da família e da imprensa, para não gerar noticiário adverso. Como acabou morrendo logo em seguida, cabia, sim, a responsabilização do Alckmin e de sua Gestapo por sequestro e assassinato. Eminentes juristas endossaram esta tese, mas a esquerda palaciana não deu a mínima, pois prefere engolir os sapos mais indigestos do que colocar em risco a maldita 'governabilidade'..." 
Finalmente, correndo o risco de eu também, e mais uma vez, falar com as paredes (como quando escrevi este artigo), destaco: de tudo que está colocado neste post, o mais importante é a proposta de impeachment dos governadores de Neandertal, começando pelo Alckmin.
 
Nem que fosse por desencargo de consciência, deveríamos fazer o que é justo, de preferência ao que é conveniente (ou menos arriscado). É claro que dificilmente resultaria, com os Legislativos que temos. Eles são o horror, o horror!
 
Mas dormiríamos melhor sabendo que nós -pelo menos nós!- tentamos deter a escalada do retrocesso e da barbárie.