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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Por recomendação do MPF/SP, MinC proíbe verba pública para biografias de políticos

Quinta, 30 de janeiro de 2014
Do MPF
Prática pode configurar promoção pessoal de agentes públicos que estejam no exercício do cargo
 
O Ministério da Cultura acatou recomendação do Ministério Público Federal em Campinas (SP) e vetou a utilização de verbas federais da Lei de Incentivo à Cultura para produzir livros biográficos de agentes políticos. O MPF constatou, por meio de inquérito civil público, que em 2012 o Ministério da Cultura (MinC) repassou dinheiro para a edição de um livro biográfico do então candidato à reeleição à Prefeitura de Vinhedo Milton Serafim. Ele acabou reconduzido ao cargo.Para o MPF, o conteúdo da obra poderia ser usado de forma indevida, direta ou indiretamente, como promoção pessoal do político. Foram concedidos R$ 110.451,00 em verbas federais para publicar o livro biográfico sobre o prefeito.

O MPF, então, recomendou à Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura que determinasse a revogação imediata do projeto com o integral ressarcimento aos cofres públicos federais da verba liberada.

Vedação - A própria Advocacia-Geral da União (AGU), ao analisar, a pedido do Ministério da Cultura, a recomendação expedida pelo Ministério Público Federal  concluiu que há vedação constitucional para atos de Administração Pública que envolvam agentes públicos no exercício do cargo que levem à promoção pessoal desse agente - e sugeriu o arquivamento do projeto até que o biografado não exerça mais qualquer cargo público que configure a conduta vedada.

O Ministério da Cultura, de posse dessas ponderações, acatou a recomendação do Ministério Público Federal e determinou o cancelamento do projeto, o que impediu o gasto dos recursos públicos inicialmente previstos.

“Trata-se de uma importante vitória, por implicar o reconhecimento, pela administração pública federal, de que verbas públicas não podem ser aplicadas em finalidades dissociadas do interesse da população e, especialmente, de que a promoção da cultura brasileira não pode ser confundida com a promoção pessoal de agentes políticos”, declarou o procurador da República Edilson Vitorelli, autor da recomendação.