Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 15 de abril de 2019

Autoritarismo, totalitarismo, fascismo e neofascismo

Segunda, 15 de abril de 2019
Da Coluna Ângulo Aberto do Jornal Info Cruzeiro

Por
Salin Siddartha

Por ocasião da publicação de meu último artigo neste espaço virtual, alguns leitores indagaram-me a respeito da diferença existente entre fascismo, neofascismo, autoritarismo e totalitarismo. Então, lá vai.
O autoritarismo expressa a exigência de uma obediência absoluta à autoridade, que força o povo à apatia e à despolitização. Embora as ditaduras militares sejam modelarmente autoritárias, o autoritarismo nem sempre caminha junto ao Estado militarista. Desse modo, na hipótese de um golpe militar, algo que tem sido recorrentemente muito comum como forma de intervenção dos interesses do mercado na esfera da gestão política, o totalitarismo vem vinculando o toque extrapolador de uma situação meramente autoritária para uma conveniência totalitarista, inclusive nas configurações de um governo que mescla políticos civis com oficiais das Forças Armadas para incorporar um discurso de “autoridade”.
Ao inverso do autoritarismo, no totalitarismo não se dá um processo de despolitização, haja vista o totalitarismo mobilizar a sociedade civil de cima para baixo. Enquanto no autoritarismo se abolem os partidos políticos e os sindicatos, no totalitarismo há comumente um sistema de partido único e sindicato corporativista. É nesse sentido que o fascismo se coloca como totalitário, elogia a violência política e faz uso dela, no marco de um fenômeno de massas, popular e insurgente, atuando com base social de apoio, sobretudo, na classe média, entrementes impregnado com uma forte centralização da autoridade (centralismo autocrático).
É nítido que toda estrutura totalitária é também autoritária, apesar de o totalitarismo superlativar o autoritarismo por um aspecto de valor, pois engloba ter uma posição ideológica pensada, ainda que sem apresentar, necessariamente, uma lógica de efeito consequente. Marcados como possuidores de uma integração total, e prontos a combater os adversários, como soldados de uma causa, os partidos e os movimentos fascistas são totalitários, mais que autoritários. Eles não alienam seus simpatizantes do processo de mobilização, que pode ocorrer, e frequentemente ocorre, por intermédio da mobilização das ondas de comícios e manifestações em logradouros públicos, desfiles paramilitares, ações de agitação e propaganda, combates de rua e, até mesmo, tentativas de penetração no movimento operário e sindical. Por via de consequência, voltamos a frisar que o autoritarismo compõe o totalitarismo, logo o fascismo; contudo não se totaliza como um sistema, o que lhe dá um tom aquém do requisito para a concepção política totalitária.
Portanto o fascismo, em vez de ser um sistema de governo, é um sistema de pensamento, que tende a espraiar-se em componentes que buscam integrar setores pequeno-burgueses e operários. O autoritarismo é o passo dado para opor-se ao Estado de direito, uma das primeiras etapas para chegar ao totalitarismo, todavia ainda em estágio incipiente.
Ao inverso do autoritarismo, no totalitarismo não se dá um processo de despolitização, haja vista o totalitarismo mobilizar a sociedade civil de cima para baixo. Enquanto no autoritarismo se abolem os partidos políticos e os sindicatos, no totalitarismo há comumente um sistema de partido único e sindicato corporativista. É nesse sentido que o fascismo se coloca como totalitário, elogia a violência política e faz uso dela, no marco de um fenômeno de massas, popular e insurgente, atuando com base social de apoio, sobretudo, na classe média, entrementes impregnado com uma forte centralização da autoridade (centralismo autocrático).
É nítido que toda estrutura totalitária é também autoritária, apesar de o totalitarismo superlativar o autoritarismo por um aspecto de valor, pois engloba ter uma posição ideológica pensada, ainda que sem apresentar, necessariamente, uma lógica de efeito consequente. Marcados como possuidores de uma integração total, e prontos a combater os adversários, como soldados de uma causa, os partidos e os movimentos fascistas são totalitários, mais que autoritários. Eles não alienam seus simpatizantes do processo de mobilização, que pode ocorrer, e frequentemente ocorre, por intermédio da mobilização das ondas de comícios e manifestações em logradouros públicos, desfiles paramilitares, ações de agitação e propaganda, combates de rua e, até mesmo, tentativas de penetração no movimento operário e sindical. Por via de consequência, voltamos a frisar que o autoritarismo compõe o totalitarismo, logo o fascismo; contudo não se totaliza como um sistema, o que lhe dá um tom aquém do requisito para a concepção política totalitária.
Portanto o fascismo, em vez de ser um sistema de governo, é um sistema de pensamento, que tende a espraiar-se em componentes que buscam integrar setores pequeno-burgueses e operários. O autoritarismo é o passo dado para opor-se ao Estado de direito, uma das primeiras etapas para chegar ao totalitarismo, todavia ainda em estágio incipiente.
Assim é o fascismo. Entretanto, pela fase da História que circunscreve o século XXI, não se pode ver o totalitarismo de direita, ou seja, o extremo-direitismo, como uma forma pura de fascismo ou nazismo, mas sim uma expressão derivada e adaptada às circunstâncias político-econômicas do mercado, levando a uma categorização do que se classifica como o neofascismo. É isso o que tende ao predomínio do excesso anticivilizacional que assola o mundo contemporâneo e o Brasil: o neofascismo (que também pode ser chamado de neonazismo ou neonazifascismo), um repto totalitarista, em vez de uma redução a uma forma meramente autoritária de governar.
Conquanto haja insistência de vários pensadores esquerdistas em negar o traço distintivo totalitarista na atuação com empoderadamento da ultradireita, atribuindo-lhe a marca de governos e posturas autoritárias da contemporaneidade, vemo-lo como neofascista, pelos motivos que acabamos de expor.
Cruzeiro-DF, 14 de abril de 2019
SALIN SIDDARTHA