Sexta, 25 de abril de 2014
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Edição: Denise Griesinger
A auxiliar de enfermagem Maria de
Fátima Silva, mãe do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG,
disse hoje (25) que rejeitou um encontro com o governador Luiz Fernando
Pezão, marcado por seus assessores, e que queria mandar um recado para o
governador. "Nenhum político vai se projetar em cima da imagem do meu
filho. Existem outros crimes iguais ao do meu filho que não foram
solucionados até agora, como o da auxiliar de serviços gerais, Claudia
da Silva Ferreira, que caiu no esquecimento". Claudia foi morta no dia
16 do mês passado, durante uma operação da Polícia Militar, no Morro da
Congonha, em Madureira.
Maria de Fátima voltou a insistir que não
vai à sede do governo falar com o governador. "O que eu quero ele não
precisa de mim para fazer. Eu quero uma polícia correta e digna na rua e
não uma polícia assassina. E não homens armados, tendo a população como
inimiga. Eu quero que ela [a polícia] aja com rigor e traga à tona a
verdade desse caso".
A mãe de DG questionou novamente a versão
que está sendo dada para a morte de seu filho. Segundo ela, seu filho
levou um tiro na artéria pulmonar e devia ter uma poça muito grande no
local onde seu corpo foi encontrado [no terreno de uma creche na subida
da Rua Saint Roman], no Pavão-Pavãozinho. Maria de Fátima diz que "ele
foi levado para lá e que a roupa dele foi lavada". Ela diz que os
documentos e o celular de seu filho estavam molhados quando lhe foram
entregues na delegacia.
"Meu
filho não morreu. Ele foi assassinado. Se eu suspeitar da perícia eu
mando exumar o corpo e vou fazer tudo de novo. Não sou ignorante. Eu sou
da área de saúde", disse Maria de Fátima, acresentando que "a PM conta
a história que ela bem entende e o povo acredita, porque o povo na
comunidade é tratado como marginal e não tem voz", encerrou.
O comandante das unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel Frederico Caldas, disse na quarta-feira
(23) que houve um tiroteio na comunidade por volta das 22h, mas não foi
registrada nenhuma vítima. A Polícia Militar, segundo Caldas, só tomou
conhecimento oficialmente de que havia um corpo na creche por volta das
10h do dia seguinte.
De acordo com Caldas, não há como os policiais militares
terem mexido no corpo, porque eles entraram na creche junto com
policiais civis, que estavam na comunidade para fazer uma perícia do
tiroteio ocorrido no dia anterior.