Sábado, 26 de abril de 2014
Para dificultar a fiscalização,
despesas confidenciais com cartões corporativos têm aumentado desde a
gestão de Lula. No gabinete de Dilma, 98% do que é comprado está sob
sigilo. Na Esplanada dos Ministérios, 54%
Izabelle Torres — Revista IstoÉ
O governo vem
dificultando, nos últimos anos, a transparência e a fiscalização de seus
gastos. As despesas sigilosas realizadas com cartões corporativos desde
2007, quando começou o segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva,
eram de 20,9% do total. Na gestão de Dilma Rousseff o percentual do
sigilo do governo mais que dobrou, superando a marca dos 50% de tudo o
que é gasto anualmente por todos os ministérios. Na rubrica de
confidenciais estão os serviços pagos pela Agência Brasileira de
Inteligência, pela Polícia Federal e, principalmente, pelo gabinete
pessoal da Presidência da República, que decretou sigilo em mais de 98%
das compras realizadas. A prerrogativa de manter em segredo informações
do Poder Público é exclusiva para casos em que a publicidade dos dados
coloque em risco a segurança nacional. Entretanto, desde que assumiu o
poder, praticamente todas as despesas com diárias, compras de
mantimentos, roupas e locomoção realizadas para Dilma Rousseff estão
protegidas. No primeiro bimestre deste ano, os registros de gastos não
divulgados com cartões corporativos do seu gabinete aumentaram 33% em
relação ao mesmo período do ano passado, enquanto a despesa geral de
todo o governo subiu apenas 4,5%, um percentual compatível com a
inflação do período.
O antecessor de Dilma, o ex-presidente
Lula, tornou-se adepto do sigilo depois que seu governo foi denunciado,
em 2008, pelo uso indevido que ministros e funcionários faziam dos
cartões. Antes das denúncias, Lula mantinha a média de 82% das suas
despesas em caráter sigiloso. Foi aumentando a partir de 2009 e atingiu
99% em 2010, patamar médio que foi mantido pelo gabinete de Dilma desde
então. Hoje, 98,5% das despesas feitas pelo seu gabinete estão
protegidas. Em 2013, 2012 e 2011 o índice das despesas protegidas
efetuadas pelo gabinete da presidenta ficou em 99%.