Terça, 29 de abril de
2014
E precisava um ano de estudos para chegar a conclusão que todo mundo sabe. Até mesmo aqueles governantes brasileiros, incluídos aí os presidentes, ministros, governadores e prefeitos, sabem que o transporte sobre trilhos é o melhor que existe em termos de mobilidade urbana e regional, também, por gerar índices baixos de poluição. Mas os governantes insistem em obsoletos BRTs, VLPs, simples corredores exclusivos ou, até mesmo, nos velhos e tradicionais ônibus.
Em Salvador, por exemplo, o metrô tem pouco mais de seis quilômetros e nunca fez uma viagem. Em Brasília, a extensão das linhas, muitos trechos delas frequentemente rachados e perigosos, é uma vergonha. Coisinha pequenininha. As projetadas linhas dois e três do metrô, que transportariam com conforto às populações do Gama e Santa Maria para o centro de Brasília, foram abandonadas pelo atual governo do DF.
Em troca devem receber, os moradores dessas duas cidades, um pernóstico BRT (Bus Rapid Transit), caríssimo por sinal. Só a atual fase já está beirando o UM bilhão de reais e ainda não roda. Roda, é verdade, mas experimentalmente, só das 11 às 14 horas. De grandes veículos anunciados inicialmente para quase 300 passageiros, hoje o BRT, ou sei lá, o VLP, há simples articulados com capacidade para tão somente 130 pessoas. Foi, assim, um verdadeiro estelionato rodoviário, marqueteiro.
E a revitalização da linha férrea que liga Luziânia, Valparaíso de Goiás, Cidade Ocidental, no Entorno do DF, ao Plano Piloto de Brasília, e que teve até viagem e acenos de governadores com o compromisso de que seria reativada, servindo além dos moradores do Entorno do DF, aos de Santa Maria e do Gama, caiu no esquecimento. Trilhos para quê, se a prioridade é a poluente indústria automobilística? Com a aproximação das eleições deste ano de 2014, surgirão no Goiás e no DF novamente as promessas mentirosas de revitalizar e aproveitar a estrutura da referida linha de trem.
É a falta de linha dos nossos governantes.
(Texto do Gama Livre)
(Texto do Gama Livre)
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Estudo aponta trens como alternativa para melhorar mobilidade urbana
Helena Martins -
Repórter da Agência Brasil
Trânsito parado,
carros ocupados por apenas uma ou duas pessoas, ônibus lotados que disputam
espaços nas mesmas vias utilizadas pelos outros modais de transporte. As cenas
são comuns e fazem com que a mobilidade urbana seja um desafio às grandes
cidades brasileiras. Para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT),
uma das soluções possíveis para reverter o quadro é incentivar a reutilização
do transporte ferroviário de passageiros.
O relatório Trens de
Passageiros – uma Necessidade que se Impõe, lançado nesta terça-feira (29), na
sede da ANTT, em Brasília, apresenta resultados de um ano de estudos do Grupo
de Trabalho criado para diagnosticar a situação da malha ferroviária e propor
ações para ampliar a participação dos trens no deslocamento de pessoas, no
Brasil. O estudo aponta que há estruturas subutilizadas e que “é possível
recuperar e reutilizar trechos para transporte de pessoas e de cargas”, disse o
diretor-geral da ANTT, Jorge Bastos.
Produzido por seis
subgrupos de trabalho, o relatório apresenta propostas que podem servir para a
realização de políticas públicas, tanto em âmbito federal quanto estadual.
Exemplo disso é a plataforma virtual que reúne informações sobre trechos de
trilhos, custos financeiros e até o passo a passo de como realizar o estudo de
viabilidade que é exigido pelo Ministério do Planejamento. “Com essas
informações, é possível ter informações e buscar recursos para os projetos”,
explicou Francisco Ferreira, um dos realizadores do protótipo, que estará
disponível no site da ANTT.
Professor da
Universidade Federal de Minas Gerais, Nilson Tadeu Júnior, afirmou que 200
milhões de pessoas circulam pelas cidades brasileiras, todos os dias, “Mas a
estrutura é basicamente a mesma de 50 anos atrás”, criticou. Ele defendeu a
criação de uma empresa ou órgão para coordenar a política de transporte de
passageiros e implementar a Política Nacional dos Transportes Regionais,
Metropolitanos e Urbanos, já definida pelo Ministério dos Transportes. A
organização poderia, dentre outras medidas, promover o desenvolvimento de
tecnologias nacionais. Com a adoção dessa modalidade de transporte, o
especialista espera redução da poluição e dos problemas em torno da mobilidade
urbana.
O Grupo de Trabalho
apresentou outras medidas como premissas institucionais para a Política de
Transporte Ferroviário de Pessoas; estudo de normas técnicas; diagnóstico da
Indústria Ferroviária Brasileira e das tecnologias de comunicação utilizadas
tanto para as operações das empresas quanto para o contato com os usuários do
transporte; além da análise da condição de trechos. De acordo com o estudo, em
grande parte dos 58 trechos de ferrovias analisados, “é possível, com as
reformulações necessárias, o transporte de passageiros e/ou cargas”.
Hoje, o Brasil possui
apenas três serviços regulares de transporte ferroviário regional de
passageiros: entre Vitória (ES) e Belo Horizonte (MG); entre Paraupebas (PA) e
São Luís (MA), conhecida como Estrada de Ferro Carajás; e de Curitiba (PR) para
Paranaguá (PR). Para ampliar a oferta, o grupo propôs que o governo federal
amplie os investimentos financeiros no setor. De acordo com o diretor da ANTT,
ainda não há previsão de recursos para esse fim, no orçamento que vem sendo
executado ou mesmo o planejado, para o ano que vem. A ideia é que o relatório
embase essa decisão, bem como as que devem ser tomadas pela ANTT e pelo
Ministério dos Transportes sobre a utilização das ferrovias para transporte de
pessoas.