Sábado, 24 de janeiro de 2015
Vitor Abdala - Repórter da Agência Brasil*
As
mortes provocadas pela polícia do Rio de Janeiro cresceram 40% entre
2013 e 2014, segundo dados divulgados pelo Instituto de Segurança
Pública (ISP), órgão vinculado à Secretaria Estadual de Segurança. Em
2013, os policiais mataram 416 pessoas. Já no ano passado, esse número
subiu para 582.
Segundo a coordenadora do Centro de Estudos de
Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes, Silvia
Ramos, as mortes são resultado de uma polícia que atira mais. Ela disse
que a polícia fluminense deveria planejar melhor suas ações, para
diminuir os confrontos com criminosos.
“Policial atirando nunca é
bom. Policial só tem que atirar em último caso, para proteger sua
própria vida. Muitas vezes o policial tem que atirar porque entrou no
meio dos bandidos. Vale a pena entrar no meio de bandidos, no horário de
escola, num sábado à noite, quando a rua está cheia? Não. Seria melhor
planejar a operação, de forma que não resultasse nos bandidos tendo que
atirar na polícia e a polícia tendo que atirar nos bandidos para se
defender? De que adiantam essas operações? São milhares de operações. Na
Vila Aliança [em Bangu] tem operação todo dia. E adianta de quê?”,
questiona.
Silvia
Ramos disse que quando a polícia atira mais, há não só um aumento das
mortes provocadas pelos próprios policiais como, também, uma
intensificação da violência no estado e efeitos colaterais, como as
balas perdidas.
“Quando
a polícia aperta mais o gatilho, você tem mais tiroteio, mais gente
morrendo, mais arma circulando, mais confronto. Só nos últimos dias,
tivemos seis ou sete casos de pessoas totalmente desligadas do mundo do
crime sendo atingidas por balas perdidas”, disse a professora.
Segundo
os dados do ISP, a taxa de letalidade violenta no Rio de Janeiro (dado
que inclui assassinatos, latrocínios e as mortes cometidas por
policiais) cresceu 6,8% entre 2013 e 2014.
Procurada pela Agência Brasil, a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual de Segurança informou que não poderia comentar o assunto hoje.
*Colaborou Nanna Pôssa, repórter do Radiojornalismo