Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

As múltiplas especulações de Bolsonaro (1)

Quinta, 20 de dezembro de 2018
Por
Helio Fernandes*
Faltando 12 dias para a posse, tem que enfrentar os próprios erros e o dos outros. E os "colaboradores" do fracasso, geralmente estão dentro de casa, têm intimidade e familiaridade. Mas existem os equívocos
danosos e inconstitucionais, trazidos á discussão por ele mesmo.Por exemplo: a questão dos índios,que ele disse, "vou modificar completamente e ate comercializar suas terras".

Juristas vieram a publico, estarrecidos com a ignorância do presidente eleito, em matéria de Constituição.  O ex-presidente do Supremo, o respeitadíssimo Ayres Brito, deu uma aula,(gratuita)sobre o assunto, mostrando que a questão está consolidada e garantida, não pode ser modificada, nem por emenda constitucional. Bolsonaro sabe que precisa "bater em retirada". Mas seus conhecimentos gerais, são estouvadamente primários.


Enquanto isso, os filhos "postes parlamentares", vão criando individual  e coletivamente problemas de movimentação de dinheiro, transformado em escândalo nacional. Envolvendo o próprio presidente
eleito, que se apresentava como padrão de moralidade. Deixo a conclusão para a COAF, órgão que será comandado por Bolsonaro-Moro. Estão acostumados a  jogar tudo na lixeira política. E dessa forma, impunes, dominaram a República.

O outro filho "poste parlamentar", desenterrou a polemica questão da pena de morte, que pretende implantar no Brasil. Como sua ignorância é igual à do pai, não sabe que  a questão só pode ser modificada por plebiscito. Deu como justificativa: "No Brasil já existe pena de morte para DESERÇÃO em tempo de GUERRA". Não vou perder tempo com tanta idiotice.

Foi comentar com o pai, que fulminou e liquidou a questão: "Não quero saber de pena de morte". O assunto morreu.

AS PREOCUPAÇÔES PROVISORIAS DE BOLSONARO (2)

No momento, todas as suas atenções estão voltadas para a posse e a pós posse. Ou seja, o primeiro ato como presidente, ato que pretende seja estrondoso, interna e externamente. Mas antes tem que resolver uma questão-tradição: no dia primeiro de janeiro, desfilará de carro aberto como fizeram todos os presidentes eleitos?

Pode mudar de ideia, mas até agora, acredita que comparecerão mesmo 500 mil pessoas, estará a descoberto e vulnerável. Tem sido aconselhado, (até por militares) a desfilar, não fugir da multidão. A verdade: está com medo da multidão.

(De1937 a 1945, ditador de fato, que fechou Câmara e senado, encheu prisões com advogados e jornalistas, Vargas desfilou todos os anos.

Escolhia uma data histórica, em pé num vistoso Rolls Royce, era aplaudido em plena Avenida Rio Branco, com o povo na calçada, vibrando.

Vargas ia até o Jóquei Clube, em dia de Grande Prêmio Brasil.  Circulava, conversava, nunca foi desconsiderado. E era um ditador.

PS- Bolsonaro tem problemas com a família. Os filhos, e inesperadamente  a própria mulher.

PS2- Esta, antes de ser primeira dama, queria ser madrinha de um submarino. Como represália, deixou vazia a cadeira ao lado do marido, constrangimento total.

PS3- Recebeu um cheque de 24 mil reais, obrigando o marido a um grande roteiro verbal, para mostrar que o cheque era para ele.

PS4- Antes de morar no Alvorada, evangélica, mandou retirar tudo que  lembrasse a religião católica, maioria no país.

PS5- O general Augusto Heleno conversou com Bolsonaro sobre péssima repercussão.  As peças voltaram para o Alvorada.

ONTEM O DIA TODO, DISCUSSÃO SOBRE LIBERDADE

Mas ninguém foi solto, apesar da determinação do ministro Marco Aurélio Mello. Decisão dele, textual: "Todos os que foram condenados mesmo em segunda instância, mas com a ação NÃO TRANSITADA  EM JULGADO, têm direito à liberdade PROVISÓRIA, até o último recurso".

Imediatamente, dando a impressão que não contestava Marco Aurélio, mas querendo impor sua posição de presidente, Dias Toffoli, "Isso será resolvido em 16 de abril, já coloquei na pauta". Ora a decisão de Marco Aurélio, como está  na Constituição, é PROVISÓRIA. Assim, soltos hoje, ficariam 4 meses em liberdade, voltariam para a prisão, se essa fosse a decisão do colegiado do STF.

Mas o assunto explodiu, o primeiro a se manifestar, foi Sergio Moro, ex-juiz e ainda não ministro, mas que se julga pertinente em tudo, declarou: "Em fevereiro o legislativo vai tratar do assunto" Duas hipóteses. 1- Está antecipando medida que enviará à Câmara. 2- É tão bem informado que sabe o que  Câmara irá decidir. Praticamente impossível. O
mandato dos atuais deputados, termina em 31 de dezembro. Eles só voltam em 31 de janeiro, começam a trabalhar em 2 de fevereiro.

A Força-Tarefa dos Procuradores da Lava-Jato se reuniu assim que seus membros souberam.Passaram o resto do dia triturando Marco Aurélio.

PS- O presidente eleito estava reunido em Brasília com futuros ministros. Suspendeu a sessão, pedindo aos ministros que não comentassem o assunto.
-----------------
*Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa
Matéria pode ser reproduzida com citação do autor.