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(Millôr Fernandes)

domingo, 30 de dezembro de 2018

Relação dos principais grupos e organizações neonazistas existentes

Domingo, 30 de dezembro de 2018
Por
Salin Siddartha

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Salin Siddartha

Tendo surgido, em sua maioria, no final dos anos 70, em diversas partes do mundo, os movimentos neonazistas procuram resgatar o nazifascismo, mas buscando reaproximá-lo para adaptá-lo à época atual. Os neonazistas se manifestam, principalmente, nos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, Suécia, Ucrânia, Finlândia e Brasil.
Nos EUA, a Aliança Nacional enaltece os feitos de Adolf Hitler e prega a supremacia dos brancos; o Stormfront é uma comunidade virtual que discute a supremacia branca ao ponto de contestar o título de Miss Universo, conquistado pela angolana negra Leila Lopes; o Aryan Nations (Nações Nobres) usa o lema “Devemos assegurar a existência do nosso povo em um futuro para as crianças brancas; o White Aryan Resistence-WAR agrupa os partidários da filosofia “White Powered” (“Supremacia dos Brancos”) e prega que o judaísmo seja uma conspiração contra todas as raças; o White Power é um grupo formado por jovens que defendem o “orgulho branco”; e a Ku Klux Klan é um grupo de evangélicos racistas.
Nos EUA, a organização em prol dos direitos civis Southern Proverty Law Center-SPLC diz que os pensamentos de extrema direita foram “os mais bem sucedidos em ganhar espaço no discurso político de Donald Trump”.
No Reino Unido, a Frente Nacional é um partido de extrema direita que prega a supremacia ariana e somente aceita membros de cor branca. Lá, alguns neonazistas, como o Skinhead, integram torcidas organizadas de futebol com o objetivo de pregar o ódio racial e praticar ofensas e agressões a jogadores e torcedores negros.
Na Alemanha, o Partido Nacional Democrata-NPD mantém uma ideologia conservadora e nacionalista, a ´par de imitar o antissemitismo em suas passeatas. Nas últimas duas décadas, na Alemanha, cerca de 180 pessoas foram mortas em ataques de grupos de extrema direita; os neonazistas mataram mais gente no território alemão do pós-guerra do que qualquer grupo terrorista, incluindo os extremistas islâmicos. Em 1º de maio de 2018, em várias cidades alemãs, milhares de pessoas protestaram contra ações de grupos neonazistas.
Naquele país, os partidos majoritários como o SPD e a CGU vêm propondo a proibição do partido neonazista NPD, alegando sua contrariedade aos princípios democráticos e constitucionais vigentes. Contudo as tentativas de proibição impetradas até o momento, além de inócuas, terminaram contribuindo para o crescimento do neonazismo, devido à restrição do debate ao passado daquela nação, o que impede uma compreensão do dilema presente, limitando a questão a um partido ou a grupos minoritários.
Na Suécia, o grupo neonazista Movimento de Resistência Nórdica vem realizando várias manifestações em Estocolmo, Gotemburgo, Jonkoping e Borlange, pedindo a expulsão de imigrantes. Apesar do crescimento dos grupos neonazistas suecos, o Partido de Esquerda e o Partido Social Democrata têm-se manifestado contra o fascismo e conseguem mobilizar mais pessoas que os grupos neonazistas, abafando-os com gritos e palavras de ordem ou batendo em placas de metal.
Na Ucrânia, o Partido Nacional-Social funciona segundo o modelo do Partido Nacional-Socialista de Adolf Hitler. Formações paramilitares neonazistas foram usadas em 2014, no golpe na Praça Maidan e no Massacre de Odessa: os neonazistas encheram as ruas com pelotões de estrema direita, prometendo defender a pureza étnica do país. O Batalhão Azov e outras unidades neonazistas atacaram os civis ucranianos de nacionalidade russa na parte oriental do país e efetuaram, com esquadrões especiais, espancamentos de militantes do Partido Comunista, devastando a sua sede e queimando livros. Pode-se afirmar que a Ucrânia é o berço do renascido nazismo no coração da Europa.
Na Finlândia, em Heksinque, em setembro de 2016, um bando de neonazistas do Movimento de Resistência Finlandesa-SVL agrediu e matou o imigrante Jimi Joonas Karitunen, o que gerou uma manifestação de 20 mil pessoas para protestar contra o racismo e a violência de extrema direita.
Existem, em todo mundo, diversos grupos de ativistas nazifascistas que não assumem uma veiculação do neonazismo por temor de represálias, dentre eles, o White Power, a Ku Klux Klan-KKK e o Skinhead. Todavia é possível observar não só um aumento de incidentes antissemitas, mas também outras formas de ódio neonazista, como, por exemplo, contra os muçulmanos, imigrantes e negros.

Principais Grupos Neonazistas Brasileiros
Encontra-se mais de uma dezena de grupos neonazistas no Brasil, espalhados, sobretudo, em São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Distrito Federal e Espírito Santo.
Os principais grupos neonazistas brasileiros são o Neuland, Carecas do ABC. White Power, Partido Nacionalista Revolucionário Brasileiro-PNBR, Carecas do Brasil, Soberanos da Revolução-SDR, Carecas do Subúrbio. Valhalha, Partido Nacional Socialista Brasileiro, Kombat Rac, Front, Ultra Defesa. Ultra Skins, Brigada Integralista, Resistência Nacionalista e Terror Hoolingan,
O Neuland é um grupo nacionalista separatista que pretende apartar regiões do Brasil e criar nelas um regime nazista.
Os Carecas do ABC têm cerca de 100 militantes concentrados na região do ABC paulista, principalmente em Santo André. A maioria dos seus componentes é de origem operária. São muito organizados e possuem, geralmente, domínio teórico sobre o neonazismo, adotam hierarquia militar interna que vai de soldados a generais, fazem a apologia da violência e têm no uso da força física e das artes marciais um pressuposto dos seus ideais. Identificam-se com o integralismo e adotam o lema “Deus, Pátria e Família”. Admitem a presença de negros e nordestinos em suas fileiras, mas vetam a entrada de mulheres. Opõem-se à participação de multinacionais em território brasileiro.
O White Power é uma facção bastante extremada, localizada, em sua maioria, na Grande São Paulo e em toda a Região Sul do Brasil.´É o mais radical e agressivo de todos os grupos neonazistas brasileiros: é ultrarracista e adota integralmente a estética e a ideologia nazista hitlerista. Defende a superioridade da “raça branca” e manifesta violento repúdio a negros, mulatos, homossexuais e demais minorias; persegue os integrantes nordestinos, apelidados pelos membros do grupo como “sub-raça”, responsabilizando-os pelos problemas sociais e econômicos de São Paulo.
O White Power defende a separação dos Estados da Região Sul e Sudeste do restante do Brasil, cultua os ideais da Revolução Constitucionalista de 1932 e da Guerra dos Farrapos. Congrega mais de mil militantes, a maioria de classe média, profissionais liberais, estudantes e empresários. Gangues ligadas ao grupo portam armas  brancas e de fogo, praticam o culto da força física e treinam artes marciais.
O Partido Nacionalista Revolucionário Brasileiro-PNRB, não é um partido político registrado oficialmente na Justiça Eleitoral. Atua, sobretudo, no Rio de Janeiro, porém possui ramificações em São Paulo, no Espírito Santo, na Bahia e no Distrito Federal. É ultranacionalista, xenófobo e antissemita.
Os Carecas do Brasil atuam no Estado do Rio de Janeiro e somam cerca de 50 militantes organizados. São agressivos, perseguem homossexuais, judeus e dependentes químicos.
Os Soberanos da Revolução-SDR possuem poucos membros e pregam sua doutrina pela Internet, com acesso a qualquer internauta, onde desancam ofensas a diversos grupos. Eles são muito despolitizados e carentes de munição teórica. São antipatriotas, ateístas, racistas (principalmente avessos a negros, latino-americanos e nipônicos) e contrários a qualquer religião. São homofóbicos, opõem-se aos imigrantes nordentinos e bolivianos. Elitistas, criticam a aparência de idosos e defendem o suicídio em idade avançada. Os Soberanos da Revolução são verganas e contrários ao uso de videogames, defendem a eutanásia e se opõem à transfusão de sangue e à doação de órgãos. Eles condenam a influência das favelas na vida carioca e a mistura de raças.
Os Carecas do Subúrbio é um grupo neonazista paulista, agressivo e que se utiliza de armas de fogo.
Em 5 de abril de 2011, alguns grupos de extrema direita fizeram uma manifestação, na cidade de São Paulo, a favor do então Deputado Federal Jair Bolsonaro. Ela foi organizada e propagada na Internet pelos grupos Valhalha, Partido Nacional-Socialista Brasileiro, Kombat Rac, White Power SP, Front, Ultra Defesa. Ultra Skins, Brigada Integralista, Resistência Nacionalista e Terror Hoolingan.
Todos os grupos neonazistas do mundo têm em comum a negação do Holocausto, a crença na supremacia branca, o desejo de separatismo, ódio ao diferente e às minorias, a oposição à mistura étnica e inter-racial. Todos eles valorizam o Estado neofascista.

Cruzeiro-DF, 30 de dezembro de 2018
SALIN SIDDARTHA