Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

domingo, 16 de dezembro de 2018

Saúde e bem-estar 47 — Suplemento

Domingo, 16 de dezembro de 2018
Por
Aldemario Araujo*

SAÚDE E BEM-ESTAR
50 textos (um a cada final de semana). Registros de uma caminhada em busca de saúde e bem-estar consistentes e duradouros. Veja todos os escritos em:
http://www.aldemario.adv.br/saude.htm


Adotada uma alimentação saudável não parece fazer muito sentido tratar de suplementação de nutrientes. Afinal, hábitos saudáveis de ingestão de alimentos, pressupondo quantidade, qualidade e diversidade adequadas, viabilizam os nutrientes necessários para uma boa saúde e bem-estar. 


Entretanto, a questão não é tão simples como posta. A vida moderna apresenta várias características nocivas que conspiram contra a ingestão adequada de nutrientes e o aproveitamento eficaz dos ingeridos. Os especialistas costumam destacar os seguintes entraves nessa área: a) alta ingestão de alimentos processados (ou industrializados); b) baixa exposição à luz solar; c) altos índices de estresse físico e emocional; d) considerável poluição do ar e da água; e) exaustão e pobreza dos solos e f) deficiência de realização de exercícios físicos.
Assim, diante do quadro mostrado, parece altamente recomendável a suplementação de determinados nutrientes. Essa afirmação (ou constatação) não dispensa, quanto ao uso de suplementos, três grandes cuidados. São eles: a) conhecimento; b) moderação e c) indicação por especialistas. Com efeito, é preciso identificar com cuidado o uso de suplementos ao menos sob os seguintes ângulos: a) o que; b) quando; c) quanto e d) como. 



Com as cautelas devidas, as seguintes suplementações são recomendadas com vigor por inúmeros especialistas (médicos e nutricionistas). Elas foram postas em ordem alfabética (e não, de importância). 



Coenzima Q10 (ou ubiquinona). Essa substância atua para manter o correto funcionamento do músculo cardíaco e da transferência de energia dos músculos de uma forma geral. São importantes fontes de coenzima Q10: a) fígado; b) peixes gordos (sardinha e cavala); c) certos vegetais (repolho, cebola, espinafre, brócolis); d) nozes; e) pistache; f) sementes de gergelim e g) sementes de girassol. 



Indol-3-carbinol. Desacelera o crescimento das células cancerígenas ao bloquear a formação de vasos sanguíneos nos tumores. Incentiva a morte natural de células cancerígenas (apoptose). Possui uma importante ação preventiva em relação a vários tipos de câncer. Os vegetais crucíferos são os alimentos mais ricos em indol-3-carbinol. Destacam-se nesse grupo: a) brócolis; b) couve-flor; c) couve de Bruxelas; d) couve e e) repolho. 



Magnésio. Inúmeros especialistas consideram o magnésio o mais importante dos minerais. Afinal, é responsável pela ativação de mais de 300 reações enzimáticas. Entre os seus inúmeros benefícios podem ser destacados: a) auxilia de forma significativa na força e flexibilidade muscular; b) proporciona boas noites de sono; c) atua na fixação do cálcio nos tecidos ósseos; d) contribui para manter o PH do corpo neutro; e) é essencial para manter a regularidade dos batimentos cardíacos e f) colabora para o controle da pressão arterial. São boas fontes de magnésio: a) feijão; b) amêndoas; c) castanhas (de caju e do Pará); d) soja; e) cereais integrais (como o arroz e a aveia); f) sementes de abóbora; g) leite; h) espinafre; i) alcachofra e j) sementes de girassol. 



Ômega 3. Os ácidos graxos, como o ômega 3, são cruciais no desenvolvimento cerebral, do sistema nervoso central e na prevenção de doenças neurocomportamentais. Níveis baixos de DHA (ácido docosaexaenoico), um dos ácidos graxos do ômega 3, produzem deficiências na comunicação entre os neurônios. Esse fenômeno está relacionado com várias doenças neurológicas (Alzheimer, Parkinson, perda de cognição, depressão e até mesmo dificuldade de aprendizagem). As principais fontes de ômega 3 são: a) animais marinhos de água gelada (salmão, arenque e sardinhas selvagens); b) castanhas e outras oleaginosas (pistache, nozes, etc) e c) linhaça. 



Resveratrol. É um fitoquímico com forte atuação como antioxidante, anti-inflamatório e na eliminação das substâncias tóxicas do organismo. Combate o envelhecimento das células, ajuda na limpeza do fígado, protege contra o câncer e doenças degenerativas (Alzheimer, Parkinson e Esclerose Lateral Amiotrófica) e auxilia no controle de peso e na resistência insulínica. As principais fontes de resveratrol são: a) uva (com casca e semente); b) amora; c) chocolate amargo (a partir de 85% de cacau); d) amendoim e e) castanhas e oleoginosas. 



Vitamina B (ou vitaminas do complexo B – B1, B2, B3, B5, B6, B7, B9 e B12). Participam da regulação e produção de energia no organismo. Ajudam a manter a saúde do sistema nervoso, da pele, dos cabelos e do intestino. Também são importantes para prevenir anemia e fortalecer o sistema imunológico. As vitaminas do complexo B estão presentes em alimentos como: a) peixes; b) fígado; c) castanhas; d) abacate e e) vegetais verdes (couve, espinafre, etc). A vitamina B12, crucial para a formação dos glóbulos vermelhos do sangue, existe quase exclusivamente nos alimentos de origem animal, em especial na carne. Assim, os veganos e vegetarianos são grupos que correm um risco especial de ter uma deficiência de vitamina B12. 



Vitamina C (ou ácido ascórbico). Trata-se de um poderoso antioxidante e fator de combate a formação dos radicais livres. Auxilia o crescimento das células do organismo e contribui para a regularidade do seu funcionamento, em especial as células dos ossos, dentes, gengivas, pele e dos vasos sanguíneos. É necessária para combater infecções, atua na absorção do ferro, reduz os níveis de triglicerídeos e de colesterol e fortalece o sistema imunológico. São alimentos ricos em vitamina C: a) laranja; b) morango; c) mamão; d) kiwi; e) goiaba; f) tomate; g) manga e h) brócolis. 



Vitamina D. Na verdade, trata-se de um hormônio produzido pelo corpo em razão do contato com o sol. Níveis satisfatórios de vitamina D previnem doenças autoimunes (esclerose múltipla, lúpus, doença de crohn, artrose, artrite reumatoide, etc). Também previne o Alzheimer e doenças cardiovasculares. Várias análises apontam para a deficiência de vitamina D em mais da metade da população brasileira. A melhor forma de “aquisição” de vitamina D é mediante exposição solar: a) por 10 a 15 minutos; b) entre as 11 e 15 horas; c) de três a quatro vezes por semana; d) com 80 por cento do corpo exposto e e) sem qualquer proteção. 



Vitamina K2. Também chamada de menaquinona, é encontrada em alimentos fermentados ou sintetizada pelas bactérias existentes no trato gastrointestinal. Ela direciona o cálcio para ser absorvido pelo esqueleto, evitando o depósito em locais inapropriados. O depósito de cálcio nas articulações gera artroses, nas artérias implica em aterosclerose e nos órgãos induz a formação de cálculo vesicular, cálculo renal e catarata. 



Zinco. É considerado o segundo mineral intracelular mais importante para o corpo humano. O zinco integra as enzimas digestivas. É necessário para a produção do ácido clorídrico e, por essa via, modula o sistema imunológico. Possui importante atuação no combate a resistência à insulina e gordura no fígado. Um dos alimentos mais ricos em zinco é a semente de abóbora. Também são fontes significativas do mineral: a) leguminosas (grupo do feijão); b) grãos integrais; c) carne; d) peixes e) castanhas. 

*Aldemario Araujo Castro
Professor, Advogado, Mestre em Direito e Procurador da Fazenda Nacional
Site: http://www.aldemario.adv.br