Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)
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quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Lula 2019

Quarta, 22 de fevereiro de 2017
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br

Lula 2019

Por Luiz Carlos de Oliveira e Silva*

1. O pro­blema não é “Lula 2018”, o da cam­panha, e sim “Lula 2019”, o do go­verno.

2. Cabe lem­brar que Lula no go­verno não se em­pe­nhou para re­vogar qual­quer das me­didas de FHC. Tomou-as como um dado de re­a­li­dade ir­re­ver­sível.

3. A cor­re­lação de forças não per­mitia nada di­fe­rente disto, di­ziam, e con­ti­nuam di­zendo, os com­pa­nheiros. E, como se diz, olhou pra frente.

4. O tra­balho sujo es­tava feito, e não adi­an­tava chorar o leite der­ra­mado. Ca­beria, sim, pensou o com­pa­nheiro, fazer po­lí­ticas de com­pen­sação ao es­trago feito.

5. Lula as fez, e isto lhe ga­rantiu o pres­tígio de que, em parte, ainda dispõe: in­clusão pelo con­sumo através de po­lí­ticas de trans­fe­rência di­reta de renda, de au­mento real do sa­lário mí­nimo, de ex­pansão de cré­dito, man­tendo tudo o mais cons­tante.

6. A meu ver, Lula no go­verno em 2019, tal como fez no pas­sado, não se em­pe­nhará para re­vogar qual­quer das me­didas de Temer. As to­mará como um dado de re­a­li­dade ir­re­ver­sível.

7. Muito pro­va­vel­mente, con­si­de­rará que a cor­re­lação de forças não per­mi­tirá nada di­fe­rente disto. E, como se diz, olhará pra frente.

8. Lula tem es­pí­rito "mag­nâ­nimo". Ele não guarda "res­sen­ti­mentos". Ele sempre olha pra frente...

9. O tra­balho sujo es­tará feito, e não adi­an­tará chorar o leite der­ra­mado. Ca­berá, sim, pen­sará o com­pa­nheiro, fazer po­lí­ticas de com­pen­sação ao es­trago feito.

10. Per­gunto: é disto que pre­ci­samos?

11. Sem falar que as con­di­ções para po­lí­ticas com­pen­sa­tó­rias, em 2019, serão, cer­ta­mente, bem in­fe­ri­ores àquelas com que Lula pôde contar em seus dois go­vernos.

12. China não há mais...

*Luiz Carlos de Oli­veira e Silva é pro­fessor de Fi­lo­sofia.

sábado, 11 de fevereiro de 2017

As resistências dos movimentos classistas na derrocada do lulismo

Sábado, 11 de fevereiro de 2017
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br

Por 
*Marco Antonio Perruso e Viviane Narvaes


A movimentada e acirrada conjuntura política nacional do ano que passou não facilita a confecção de um balanço que enfatize as determinações objetivas e subjetivas mais profundas da luta de classes brasileira. Por baixo dos discursos espalhafatosos da maioria dos atores políticos burgueses, escondem-se práticas subterrâneas reveladoras da realidade atual (1).

Talvez o mais revelador evento de 2016, que fechou com “chave de ouro” o ano, tenha sido o imbróglio entre Renan Calheiros e o STF ocorrido em dezembro. Poucas vezes um acontecimento foi tão pedagógico para os trabalhadores como este: a sustentação que Jorge Viana e o PT deram ao coronel alagoano no Senado, de modo a garantir a aprovação da PEC do Mal, expôs o quão central ainda é o papel do partido - que já foi dos trabalhadores - na podridão do sistema político opressor em que sempre vivemos. 

No plano do discurso e da performance política-institucional, o PT votou contra o teto de gastos públicos, mas na prática e nos bastidores comprometeu-se decisivamente com mais este ataque às classes populares. Assim, endossou o suposto golpe que sofreu tanto quanto jogou a favor do conservadorismo e do “fascismo” que aparentemente nos assolam. Mais uma vez, e contrariando o senso comum, PT de um lado, PSDB de outro (com o PMDB variando sua posição conforme as hegemonias temporárias), se mostraram antes complementares que opostos na dinâmica política nacional. Tal diagnóstico corresponde, se observarmos a conceituação de Caio Prado Jr. em “A Revolução Brasileira”, às movimentações reais do “capital burocrático” - que envolve maior intervenção estatal - e do “capital ortodoxo” - que presume a centralidade do mercado – no desenvolvimento capitalista, os quais se sucedem definindo períodos de nossa história. “Estatistas” e “mercadistas”, contudo, são acima de tudo expressão da política burguesa.

sábado, 10 de dezembro de 2016

Reforma da Educação, ditada pela área econômica, levará a uma formação regressiva e deficiente

Sábado, 10 de dezembro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br
por Gabriel Brito, da Redação

Enquanto o país entra no último mês do ano sob intensa crise e o governo tenta emplacar algum projeto como resposta, a onda de ocupações de estabelecimentos de ensino segue na ordem do dia. Após a eclosão das ocupações de escolas do ensino médio em vários estados, agora observamos a extensão do fenômeno às universidades públicas, que já têm experimentado os remédios do ajuste fiscal e do corte de investimentos públicos nesses últimos dois anos. Sobre todo o contexto, entrevistamos Roberto Leher, reitor da UFRJ.

“O diagnóstico elaborado pela Casa das Garças é simplório: a crise é fiscal. É preciso cortar fundo os gastos sociais para proteger o pagamento do serviço e dos juros da dívida assumida pelo Estado. Isso não é novidade. Diferente é a profundidade dos cortes. Essa é a saída da crise apontada pela área econômica e demandada por importantes frações burguesas: a solução da crise exige o fim do pacto social expresso na Constituição de 1988 e a volta ao padrão de acumulação vigente na ditadura”, analisou, enfatizando na entrevista o peso do lobby de institutos privados da área.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

“Renan Calheiros é retrato profundo da crise institucional do país”

Quinta, 8 de dezembro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br
Escrito por Gabriel Brito e Raphael Sanz, da Redação

Após mais um domingo de manifestações tingidas de verde e amarelo, sob o mote de combate à corrupção, o Brasil vive autêntica balbúrdia, em uma semana que ficará marcada pelo desacato à decisão do STF de tirar Renan Calheiros da presidência no Senado, seguida de decisão que o mantém, ainda que proibido de constar da linha sucessória presidencial. Sobre esses temas, e os projetos que o governo tenta aprovar, o Correio da Cidadania conversou com o deputado federal Ivan Valente, um dos responsáveis pelo veto à anistia ao caixa 2, na semana passada.

“Esse caso é um retrato profundo da crise institucional vivida no país. O STF pode afastá-lo definitivamente. E, sem dúvida, Renan é figura marcada para morrer politicamente. Agora, Temer tenta influir na decisão do Supremo, para não deixar de votar a PEC 55, mantendo por isso Renan na Presidência e com ele a podridão deste governo”, afirmou.

Sobre a corrupção, Ivan lamenta o afastamento da esquerda de uma pauta tradicionalmente importante para suas fileiras e destaca a importância de associar projetos como a Reforma da Previdência e a PEC do Teto de Gastos à corrupção e cultura de privilégios aos grandes sócios dos grupos políticos dominantes.

“Estão no poder para desmontar o Estado Brasileiro em nome do mercado financeiro. As suas principais medidas visam institucionalizar o ajuste fiscal. A PEC 55 (do teto dos gastos), a reforma da previdência, a reforma trabalhista, o enxugamento do papel do Estado como indutor da democracia, a entrega do patrimônio nacional”, enumerou.

A entrevista completa pode ser lida a seguir.

sábado, 3 de dezembro de 2016

A importância da força das ruas no domingo

Sábado, 3 de dezembro de 2016
Do Correio da Cidadania
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por Marcelo Castañeda

Imagem
Protestos convocados inicialmente pelo “Vem pra Rua” causam polêmica no campo das esquerdas brasileiras. Neste momento em que o arranjo Temer se encontra nas cordas, as esquerdas optam por “denunciar” o “golpe dentro do golpe” nos sites de rede social Facebook e Twitter, com raras exceções, como Pablo Ortellado e Salvador Schavelson. Os grupos tidos pelos mais puristas esquerdistas como “direita” prometem lotar as ruas das capitais brasileiras exercendo uma pressão que pode ser fatal para o governo que se estabeleceu a partir do impeachment da ex-presidente Dilma. E pelo visto vão colher os louros disso como mobilizadores da sociedade brasileira.

Quero destacar que existem algumas diferenças entre o Movimento Brasil Livre (MBL) e o “Vem pra Rua”. Esses dois grupos parecem estar num dissenso. O MBL se cacifa como o elo entre o governo Temer e o esboço de sociedade civil que temos construído e o “Vem pra Rua” como uma plataforma de mobilização sociotécnica que parece pressionar o arranjo que nos governa. No extremo oposto desses dois grupos fica a Mídia Ninja como mediadora do campo das esquerdas. Tudo isso numa visão bem esquemática que pretendo desenvolver como parte da minha pesquisa atual “Revoltas conectadas: movimentos em rede e midiativismo”.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Fidel, o Robespierre que venceu

Quarta, 30 de novembro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br
por Milton Temer

Quanto mais mergulho nas leituras sobre a Revolução Francesa, mais a considero como o episódio épico mais expressivo da história da Humanidade.

E penso assim, principalmente, pelo seu período mais marcante como luta de classes, entre 1792 e 1794, quando o conceito da Fraternidade é adicionado aos da Liberdade e Igualdade, estabelecidos a partir da ruptura com o Absolutismo das monarquias divinas, em 1789.

domingo, 13 de novembro de 2016

“Redução de direitos trabalhistas não gerou crescimento econômico em nenhum país”

Domingo, 13 de novembro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br
Escrito por Raphael Sanz, da Redação

Na quarta-feira, 9, o STJ encerrou a sessão ordinária sem encaminhar a votação do projeto que regulariza contratos em regime de terceirização, prevista na pauta que será reagendada. Organizações sindicais protestaram o dia todo na Praça dos Três Poderes contra o projeto, em discussão no Senado e já aprovado na Câmara dos Deputados. Faz parte de um pacote de medidas do governo que busca promover mudanças orçamentárias e no campo econômico – e que ainda conta com a proposta de reforma trabalhista. O Correio da Cidadania conversou com Sérgio Batalha, advogado trabalhista, para entender melhor as razões e desdobramentos destas propostas.

“A terceirização é uma tentativa de suprimir os direitos trabalhistas por via oblíqua. Ou seja, você admite que a empresa terceirize parte de sua produção para outra empresa menor, que paga salários menores e não cumpre a legislação trabalhista. A empresa tomadora dos serviços não seria responsabilizada por eventuais irregularidades da empresa terceirizada, reduzindo, na prática, o custo da mão de obra”, avaliou

terça-feira, 8 de novembro de 2016

O governo Temer e seu congelamento de gastos: o fim do direito à saúde?

Terça, 8 de novembro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br
Escrito por Paulo Spina e Francisco Mogadouro da Cunha

A Constituição Federal de 1988 estabelece que “saúde é direito de todos e dever do Estado”, afirmação bastante significativa nos tempos em que tudo é mercadoria. Menos lembrada, mas não menos importante, é a continuação do mesmo artigo: “garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação” (artigo 196 da Constituição, grifo nosso).

Em outras palavras: pelo texto constitucional, não somente cabe ao poder público (Estado) garantir o acesso universal e igualitário ao sistema de saúde, mas também promover políticas sociais e econômicas que levem as pessoas a adoecer e sofrer menos.

A árdua construção do SUS

A Lei Orgânica da Saúde detalha esse ponto ao reconhecer que “os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do país” e apontar alguns dos determinantes e condicionantes da saúde: “a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais” (Lei Federal 8.080/1990, artigo 3o).

sábado, 5 de novembro de 2016

“Temer terá muita dificuldade para concluir seu mandato e o cenário para os próximos anos é sombrio”

Sábado, 5 de novembro de 2016

Do Correio da Cidadania
Escrito por Gabriel Brito, da Redação
Encerradas as eleições e seus esforços de campanha, o Brasil volta a encarar a depressão que abala a economia e os pacotes de medidas do governo Temer, ainda incapazes de qualquer resposta positiva à crise geral. Ao mesmo tempo, a onda de ocupações de escolas e universidades que percorre todo o país sinaliza que a rebeldia social e popular não está fora da cena e sugere que as incertezas e instabilidades não têm prazo final. É sobre esse complexo quadro que o Correio da Cidadania publica entrevista com o economista Plinio Arruda Sampaio Junior.

“O pacote de concessões anunciado por Temer foi preparado ainda no governo Dilma. O aprofundamento da privatização é parte da solução liberal para a crise econômica. Trata-se de um esforço desesperado de recuperar a economia, criando grandes negócios para o capital ocioso. A iniciativa certamente vai criar negócios da China para os donos do poder, mas não contribuirá em nada para superar os problemas que paralisam a economia. O pacote não é para resolver nada. É para criar negócios para a tigrada. Enquanto o comércio internacional permanecer deprimido e a crise política não for resolvida, nenhum empresário de bom senso apostará suas fichas no Brasil”, analisou.

Para além das críticas ao legado da esquerda hegemonizada pelo petismo, agora espraiada pelos meios de comunicação de todos os perfis possíveis, o professor do Instituto de Economia da Unicamp relembra o contexto global, a impor dificuldades que se estendem de forma similar por toda a América Latina. De toda maneira, é implacável em relação às intenções do novo governo, que antes de qualquer tentativa de tirar o país da crise e recuperar o emprego visa favorecer setores que nada têm a oferecer, exceto um modelo de exploração econômica já exaurido.

“Temer e companhia não têm base legal, sustentação política, força social e condição moral para impor ao povo brasileiro um retrocesso social que levará o país de volta à República Velha. É o que o programa de ajuste liderado por Meirelles pretende. Com o apoio do STF, as classes dominantes rasgaram a Constituição de 1988. O povo brasileiro não vai engolir um retrocesso social dessa magnitude passivamente. Quem vive do próprio trabalho e depende de políticas públicas para sobreviver ficou sem alternativa senão a desobediência civil. Quando a ficha cair, o bicho vai pegar. Mais dia, menos dia, serão derrubados pela força das ruas”, sintetizou.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Escolha racional do modelo de exploração do Pré-Sal

Sexta, 4 de novembro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br 

por Paulo Metri*
O mercado internacional do petróleo sofre com o desaquecimento da economia mundial. É influenciado por grupos relacionados a novas tecnologias, interessados em capturar fatias deste mercado. A magnitude das reservas descobertas no planeta impacta o mercado. O cartel dos países exportadores (a OPEP) e as grandes petrolíferas de países que não estão na OPEP são atores ativos neste mercado.

Grandes petrolíferas internacionais disputam as reservas dos países socialmente desorganizados, militarmente fracos e politicamente dominados. Como consequência, há forte disputa geopolítica, relacionada à garantia do suprimento deste energético essencial no médio prazo. Assim, quem diz que o petróleo é uma simples commodity está querendo enganar.

domingo, 23 de outubro de 2016

Alguns diagnósticos da PEC 241

Domingo, 23 de outubro de 2016
Do Correio da Cidadania
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Escrito por Pablo Ortellado

O texto reflete mais ou menos o que sei e penso sobre a PEC 241, que vai congelar os gastos do Estado brasileiro por 20 anos.

Pra começar, apresento a maneiro como entendo os argumentos de quem defende a proposta: para eles, há no Brasil um desequilíbrio fiscal estrutural (isto é, se gasta estruturalmente mais do que se arrecada), com aumentos crescentes da dívida pública – movimento que precisa ser contido e revertido por meio de medidas duras, diluídas num período longo de tempo (20 anos).

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Uma reacionária e ilegítima Constituição está sendo reescrita no país

Sexta, 14 de outubro de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br

Escrito por Fernando Silva*
O título é uma primeira conclusão da aprovação em primeiro turno da PEC 241, a chamada “PEC do fim do mundo”, endossada no último dia 10 por 366 deputados. A emenda constitucional congela gastos públicos por 20 anos no Brasil, atingindo severamente a educação, saúde, servidores e serviços públicos e começando a redesenhar política e juridicamente (para muito pior) o mapa dos direitos sociais no país.

A articulação deste massacre teve um ponto alto no jantar no final de semana oferecido por Temer, com mais de 200 parlamentares presentes e 1000 pessoas no total, que custou a bagatela de R$ 30 milhões. Trata-se da mesma ampla maioria usurpadora, que deixa cada vez mais nítidos os objetivos verdadeiros da operação que teve no impeachment um ponto de partida para uma ofensiva sem precedentes contra a esmagadora maioria do povo brasileiro. E que se pretende rápida, pois o ilegítimo presidente e sua maioria parlamentar têm dois anos para fazer o serviço sujo, sem preocupações com reeleição.

domingo, 25 de setembro de 2016

PEC 241 torna inconstitucional o desenvolvimento social e cultural

Domingo, 25 de setembro de 2016
Do Correio da Cidadania
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Escrito por Otaviano Helene*
Em junho passado, o governo Temer encaminhou a Proposta de Emenda Constitucional 241 (PEC 241), que limita o crescimento dos gastos públicos, durante 20 anos, à inflação. As consequências dessa PEC, caso aprovada, serão enormes, pois anula, na prática, todos os efeitos positivos das vinculações de recursos constitucionais com saúde, educação, ciência e tecnologia, duramente conquistados.

Para garantir aquele objetivo, a PEC adiciona alguns artigos às disposições transitórias da Constituição. Um deles simplesmente cancela, por vinte anos, as vinculações dos investimentos em saúde (pelo menos 15% da receita líquida da União) e educação (pelo menos 18% da receita de imposto da União e 25% dos estados e municípios.

sábado, 17 de setembro de 2016

Estamos colhendo, exatamente, os frutos dos 13 anos de petismo no governo federal

Sábado, 17 de setembro de 2016
"Não pode haver mais vida para os setores de esquerda dentro do lulismo, que mesmo antes do fim da lua de mel com as massas já mostrava uma grande miopia diante dos anseios dos brasileiros."
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Do Correio da Cidadania
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Escrito por Gabriel Brito, da Redação
Entrevista com o sociólogo do trabalho Ruy Braga

Entre um impeachment e mais um ciclo eleitoral, o Brasil continua a cambalear, no aguardo das medidas econômicas que visam combater a grave crise e sob o calor de frequentes protestos contra o governo de Michel Temer. Além disso, com o cerco da Operação Lava Jato a Lula, indiciado nesta semana, a temperatura dos embates continua a subir, o que deixa várias interrogações no horizonte. Sobre todo esse contexto, o Correio da Cidadania entrevistou o sociólogo do trabalho Ruy Braga, que fez profunda análise do momento.

“Não se pode obscurecer o fato de que a esquerda brasileira colhe hoje aquilo que o PT plantou ao longo de seus 13 anos no Planalto: desmobilização social, estratégia de negociar tudo no parlamento, pacificação apoiada em reformas quase inexistentes, com privilegiamento agudo de setores capitalistas e financeiros”, afirmou, como ponto de partida da compreensão do que se passa.

Conforme já dissera em entrevista anterior, Braga alerta para a necessidade de derrubar o governo de Michel Temer, que visa impor uma dura ordem em favor dos negócios. Aliás, considera que tal combinação de políticas de austeridade com violência política são cada vez mais inerentes ao modelo de democracia em vigor. Mais ainda quando nem mesmo aqueles que subiram ao poder conseguem se entender por completo.

“Ainda existe um potencial de contestação do movimento sindical e também existe mobilização nas ruas. Portanto, um quadro de crise bastante complexo, em que o PMDB tem ressalvas em implantar a agenda desejada pelo PSDB, que pode se beneficiar do ponto de vista eleitoral em dois anos. No entanto, o PMDB não se sente forte o suficiente pra garantir tal agenda, sabendo que favorece os tucanos”.

Ruy Braga também destaca que não pode haver mais vida para os setores de esquerda dentro do lulismo, que mesmo antes do fim da lua de mel com as massas já mostrava uma grande miopia diante dos anseios dos brasileiros. Com isso, considera que há um longo ciclo de reconstrução pela frente, que tem tudo para encontrar duros obstáculos no plano imediato diante de contexto tão aterrador.

“Não tem como manter concessões dos gastos sociais do governo federal numa conjuntura de crise econômica. Isso iria colapsar conforme a crise econômica se aprofundasse. Houve uma desaceleração a partir de 2013. O governo do PT, em tal momento, ainda fez uma leitura vazia das Jornadas de Junho, quando as massas – em especial a juventude da classe trabalhadora, precarizada, mulher, negra e pobre – saíram às ruas exigindo mais democracia, gastos públicos, investimentos em saúde, educação, transporte, moradia. No mês seguinte, em julho de 2013, o governo Dilma cortou mais de 10 bilhões de reais do orçamento federal. A partir de então, não foi mais capaz de retomar a iniciativa política”, contextualizou.

A entrevista completa com Ruy Braga pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como você assistiu e sentiu o trâmite final do processo de impeachment de Dilma, apreciado e votado no Senado ao longo da última semana?

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Não é hora de unir as esquerdas

Sexta, 16 de setembro de 2016
Do Correio da Cidadania
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Escrito por Pedro Munhoz*
 
Não, meu amigo, não é hora de unir as esquerdas em torno de um partido, de um nome, um post de facebook, um projeto eleitoral ou qualquer outra quimera, principalmente se essa união significa abafar dissensos, forjar artificialmente uma unidade em um hegemonismo capenga, frágil. Além disso, unida, a esquerda ideológica brasileira de hoje, todas as vertentes partidárias somadas, é capaz, no máximo, de abrir um grupo de oração. Somos poucos, somos bem poucos, somos menores do que nos faz crer a bolha.

O uso da palavra “oração”, aqui, não é aleatório. Muitos de nós achamos ser possível alcançar uma mítica redenção por meio da recitação de um credo, da repetição de palavras de ordem, do comparecimento a procissões cívicas, ecumênicas, apascentadoras do espírito, mas que têm pouco efeito transformador na realidade material.

domingo, 11 de setembro de 2016

"O Estado e as passeatas” ou “estamos em 1919?”

Domingo, 11 de setembro de 2016
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Do Correio da Cidadania
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*Escrito por Rubens Glezer e Roberto Dias
A recorrência de protestos e passeatas de grandes proporções é uma novidade para a população brasileira em geral, que traz problemas inéditos e complexos, alguns deles jurídicos. O mais recente deles é saber se a Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP) e a Polícia Militar (PM) podem controlar ou limitar de alguma maneira os locais de passeata e sua trajetória. Além disso, há dúvidas razoáveis a respeito dos deveres de os manifestantes informarem antecipadamente toda a sua trajetória para a SSP e a PM. Essas dúvidas são sérias, pois a resposta dada a tais problemas desenha a qualidade dos direitos, da democracia e da república que temos.

sábado, 10 de setembro de 2016

"Dilma é responsável por todos os retrocessos que agora Temer acelera"

Sábado, 10 de setembro de 2016
Do Correio da Cidadania
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Escrito por Raphael Sanz, Ivan Carvalho, Marcela Pontes e Christian Gilioti, da Redação

O país ainda absorve o impeachment de Dilma e a entronização de Michel Temer. Dentro do contexto, vemos um projeto de lei de 2004, o dito Escola Sem Partido, ganhar força na pauta educacional, enquanto em outras frentes pautam-se flexibilização dos direitos sociais e trabalhistas, além de uma reforma previdenciária regressiva. É sobre essa conjuntura que conversamos com Lisete Arelaro, professora de pedagogia da USP, que participou do Partido dos Trabalhadores desde o seu início até 2003.

Lisete não poupou o “ex-governismo” das críticas que lhe cabem, ao mesmo tempo em que é contrária ao impeachment. “Vejo um grande debate que tem dividido a esquerda brasileira e muitas vezes interditado o diálogo. Sobre o impeachment não ter sido um golpe, mas um ‘bem feito’ para os erros das gestões petistas – que são muitos. Estão confundindo duas coisas diferentes. Eu diria que golpe é golpe; fazer ‘média’ e esquecer que existe luta de classes é outra coisa. Estamos em um golpe: há regras no país e essas regras, sem que tenha havido um processo revolucionário e de contestação, foram quebradas. A direita resolveu que o poder é dela. Isso é golpe. Outra coisa é o que o PT vem fazendo”, analisou

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

O enigma de Mônica

Sexta, 19 de agosto de 2016
Do Correio da Cidadania
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Circula nas redes sociais um filmete com a professora e filósofa Marilena Chauí, intelectual orgânica do Partido dos Trabalhadores. Nas imagens, ela afirma que a operação Lava Jato foi concebida para tirar o pré-sal da Petrobras e que “o juiz Sérgio Moro foi treinado nos Estados Unidos pelo FBI para realizar essa operação”. Não citou provas, evidências ou, ao menos, indícios dessas gravíssimas acusações, nem tentou analisar as consequências nefastas, inclusive para a Petrobras, de todos os esquemas criminosos que estão sendo revelados pelas investigações em curso. Mais parece um destempero (ou seria leviandade?) da ilustre intelectual, que simplifica um panorama complexo e não redutível às velhas teorias da conspiração.

Conspirações existem, claro, não somos ingênuos. Entretanto, não são uma chave interpretativa universal. As causas do colapso do petismo vêm de mais longe, as principais são políticas e merecem um olhar menos primário.

sábado, 13 de agosto de 2016

Desmobilização e apatia política disfarçam legado de repressão estatal já em andamento

Sábado, 13 de agosto de 2016
Do Correio da Cidadania
www.correiocidadania.com.br
por Raphael Sanz
O Rio de Janeiro estava “pronto” para receber os Jogos Olímpicos quando entrou o mês de agosto. A Lei Geral das Olimpíadas estava assinada desde 10 de maio pela presidente Dilma Rousseff (dias antes de seu afastamento), a fim de garantir interesses de patrocinadores e evitar manifestações políticas como as que aconteceram em 2014 até o dia de abertura da Copa do Mundo. Até o famigerado “Fora Temer”, contrário à puxada de tapete que a presidente recebeu no Congresso, ficou proibido nos primeiros dias de jogos.

sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Escolas sem política, tribunais com crucifixos

Sexta, 5 de agosto de 2016
Do Correio da Cidadania
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por Henrique Júdice
A falência moral do Estado brasileiro, tanto mais por arrastar a ala esquerda de seu sistema de poder, tem como efeito colateral o aferramento de parte hoje expressiva das classes médias a bandeiras ultraconservadoras. Positiva como qualquer tomada de consciência, a constatação de que a política institucional se resume hoje a uma disputa de máfias tem levado muita gente ao erro de buscar nas igrejas – partícipes destacadas desse jogo – uma referência moral.

Dois acontecimentos recentes ilustram a desorientação. Um é a torpe tentativa de banir da escola (espaço de socialização e debate público por excelência) a discussão político-ideológica. O outro é a recolocação de crucifixos (símbolos de crença religiosa, algo íntimo e pessoal por definição) em salas de julgamentos e audiências por ordem do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Nessa perspectiva, a política deve ser banida dos espaços de sociabilidade e a religião deve presidir os recintos de exercício do poder estatal.