Segunda, 30 de maio de 2011
Por Heloísa Helena*
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Infelizmente
além dessa metodologia de promiscuidade política dirigida pela
irresponsabilidade e omissão criminosa na Administração Pública e do
caos nos serviços públicos e do aumento na circulação das drogas
ilícitas que formam imensos exércitos de mão-de-obra escrava com os
pobres para o mundo maldito do narcotráfico... existe mais um problema
de dimensão inimaginável na vida de crianças e jovens e da sociedade em
geral. Neste artigo tratarei de uma droga psicotrópica – o álcool -
socialmente aceita e irresponsavelmente estimulada pela intensa
publicidade diária nos meios de comunicação como retrato da covardia
vergonhosa do Governo Federal e do Congresso Nacional.
Primeiro
gostaria de alertar - especialmente aos que gostam de se apresentar
como cretinos contumazes – que a breve análise que farei sobre o tema
não está fundamentada em nenhuma concepção religiosa e muito menos no
velho moralismo farisaico que desprezo. Quem quiser construir seus
“paraísos artificiais” ou “férias químicas de si mesmo e do mundo
medíocre” que o faça... mas sem hipocrisia ou discurso cínico e
pretensamente avançado, e de preferência tirando as patas das crianças e
jovens! Devo registrar ainda que conheço muitas pessoas que usam
bebidas alcoólicas com moderação, mas conheço também muitas mais que
destruíram suas vidas e suas famílias ou embriagadas mutilaram ou
assassinaram outras pessoas. As frias estatísticas oficiais e todos os
Estudos Científicos mostram o impacto dessa droga psicotrópica.
O
álcool é a droga preferida de 70% dos brasileiros; é a droga de maior
prevalência de uso na vida (53,2%); já é utilizada por 52% de crianças
de 9 a 12 anos (32% destes já usaram em doses elevadas até a completa
embriaguez); é responsável por mais de 95% das internações hospitalares
provocadas por drogas; é identificada como porta de entrada para outras
drogas em 68% dos adolescentes; está diretamente relacionada a 76% dos
acidentes de trânsito com vítimas fatais; está inserida em mais de 60%
dos homicídios e em 80% dos casos de violência sexual contra crianças e
agressão e mutilação a mulheres nos seus lares; entre outros!
É
uma droga que gera torpor, tonturas, vômito, comprometimento das
funções mentais e reflexos retardados, fala incompreensível, redução do
controle cerebral, superestimação das possibilidades e, entre outros,
danos graves ao fígado, aparelho digestivo, cardiovascular, polineurite
alcoólica, Síndrome Fetal pelo Álcool, coma alcoólico. Além do
desenvolvimento dos limites de tolerância (têm que beber cada vez mais
para produzir os mesmos efeitos) e a síndrome de abstinência (que vai do
tremor de mãos até os gravíssimos delírios tremens).
A
iniciação no consumo, conforme demonstra vários estudos, está
relacionada a várias condições, entre elas: a droga ser rotineiramente
utilizada nas famílias (inclusive oferecendo às crianças), como
facilitadora em situações difíceis (tomar para relaxar), curiosidade,
busca de coragem, pressão dos amigos... e (claro!) às belíssimas peças
publicitárias onde uma droga é apresentada como permanentemente
consumida por pessoas lindas, ricas e símbolos do sucesso. Na
publicidade enganosa são gastos mais de 1 bilhão/ano para promover
estímulos diversos e belos que possibilitem o consumo e termina numa
vozinha ridícula “se beber não dirija” ou “beba com moderação”... tipo
assim “só uma pedrinha de crack” ou “cheire socialmente”. Os cínicos
produtores das bebidas alcoólicas justificam dizendo que há ”um
vazamento do sinal além do público-alvo” quando há uma ilegalidade ao
induzir condutas enganosas e atribuir finalidades diferentes das que
verdadeiramente a droga possui. Aliás, eu como Senadora e alguns outros
lutamos muito para proibir a publicidade (da mesma forma que foi feito
com cigarros) ou ao menos colocar rótulos... nada!
Respeitamos
muito o A.A e outros grupos de auto-ajuda, reconhecemos a importância
dos CAPS AD e Centros de Recuperação de Usuários de Drogas Psicotrópicas
(coloquei no Orçamento de Maceió quase 2 milhões para a Construção de
um)... mas sem políticas sociais globais para o enfrentamento do
problema é causa digna de ser lutada por mim e outros mais... mas quase
perdida! Continuemos a nossa Luta... afinal, como diz o lema, “o difícil
a gente faz, o impossível a gente tenta!”
*Heloísa Helena é vereadora do PSOL em Maceió e ex-candidata à Presidência da República pelo partido.
Twitter: @_heloisa_helena