Sexta, 27 de maio de 2011
Da Agência Brasil
Luana Lourenço - Repórter
Três dias depois da morte de um casal de extrativistas no
Pará, mais uma liderança comunitária da Amazônia foi executada. O
agricultor e líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos,
conhecido com Dinho, foi morto hoje (27), por volta de 10h, no distrito
de Vista Alegre do Abunã, em Porto Velho (RO). De acordo com a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), Dinho estava vendendo verduras que produzia no
acampamento onde vive quando foi assassinado a tiros por um
motociclista.
O agricultor vinha sendo ameaçado de morte por denunciar a ação de
madeireiros na divisa entre os estados do Acre, Amazonas e Rondônia.
Junto com outros trabalhadores sem terra, Dinho reivindicava a criação
de um assentamento da reforma agrária na região. Segundo a CPT, a
situação ficou tensa na região nos últimos dias, depois de uma ação do
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama), que apreendeu madeira e gado criados em áreas irregulares.
Em julho do ano passado, Dinho chegou a avisar ao ouvidor agrário
nacional, Gercino Silva, que estava sendo ameaçado, de acordo com a CPT.
O Movimento Camponês Corumbiara foi criado após o confronto entre um
grupo de trabalhadores sem terra e policiais militares em agosto de
1995, na Fazenda Santa Elina. Doze agricultores foram mortos no
episódio.
Na manhã de terça-feira (24), os líderes extrativistas José Claudio
Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram executados em
Nova Ipixuna, no Pará. Segundo a polícia, eles foram atingidos por
vários tiros quando passavam por uma ponte no caminho da comunidade
rural onde moravam. A exemplo de Dinho, o casal também vinha sendo
ameaçado de morte.