Quarta, 25 de maio de 2011
Da Radioagência NP
Em ofício emitido nesta terça-feira (24), o
Ministério Público Federal (MPF) pediu a participação da Polícia Federal
na investigação dos assassinatos de José Cláudio Ribeiro da Silva e
Maria do Espírito Santo. O casal de extrativistas foi executado em Nova
Ipixuna, no Pará. Eles haviam denunciado para procuradores da República
de Marabá os nomes de madeireiros que faziam pressão sobre os assentados
e que invadiam terras para retirar madeira ilegalmente.
Depois das denuncias, a Polícia Federal e o Ibama abriram um
inquérito para investigar madeireiras da região. A ação resultou no
fechamento de serrarias ilegais.
Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam que em um período
de dez anos, 58 pessoas foram assassinadas no Pará decorrentes do
conflito pela terra. Outras 62 mortes estão sob investigação. O
integrante da coordenação nacional da entidade, Dirceu Fumagali, afirma
que a ação de pistoleiros ainda é recorrente no estado.
“A pistolagem ainda hoje é um instrumento, uma forma não só de
intimidar, mas de eles acharem que resolvem seu problema ou impõem seu
poder. Há uma sintonia entre os interesses dos madeireiros e do avanço
do capital sobre a floresta e o comportamento do Estado brasileiro, que
favorece esse avanço.”
As vítimas viviam no assentamento Praia Alta Piranheira, uma reserva
ambiental de 22 mil hectares, na Amazônia. Aproximadamente 500 famílias
estão assentadas no local. Lá é permitida a exploração sustentável da
floresta. Em um vídeo gravado no último ano, José Cláudio demonstrava
ter consciência dos riscos que corria.
“Sou castanheiro desde os sete anos de idade. Vivo da floresta,
protejo ela de todo jeito. Por isso, eu vivo com a bala na cabeça a
qualquer hora. Porque eu vou para cima, eu denuncio.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
25/05/11