Quinta, 19 de maio de 2011
Por Ivan de Carvalho

Como
se recorda, na ocasião soube-se (sem que isso impedisse os desmentidos e as
desconversas de sempre) que a presidente da República, Dilma Rousseff, foi
avisada do desastre e telefonou para o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão
– que a sono solto dormia, naturalmente sonhando com cordeirinhos pulando a
cerca para dentro do seu quintal – para saber melhor do que se tratava e
determinar que fizesse alguma coisa, já que até ali, fala-se, roncava.
A
partir daí começaram a surgir hipóteses sobre as causas do incidente,
predominando as hipóteses negativas, nenhuma, entretanto, mais negativa do que
o próprio incidente. Negou-se inicialmente a hipótese de queda na geração de
energia. Nem pensar. Toda a energia que devia ser gerada continuou sendo gerada
normalmente.
Negou-se em
seguida e sem demora que não ocorreu qualquer acidente com a rede de
transmissão. Isso é uma coisa importante, pois esses apagões repentinos quase
sempre são explicados com uma acusação às linhas de transmissão, ou melhor, aos
raios que as partem. Um raio cai numa linha de transmissão, sempre o alvo
prioritário (ou numa subestação, alvo alternativo) e pronto. Também foi
descartada, como se fosse ou como sendo uma espécie de bobagem, a hipótese de
que o apagão poderia ter sido provocado por um ataque cibernético, algum vírus
da escuridão infiltrado nos computadores da Chesf.
Também vale
registrar que no Brasil ainda não surgiu, como nos Estados Unidos, a hipótese
não oficial, mas sobre a qual pesquisadores especializados – os ufólogos –
insistem de que apagões podem ser provocados por naves alienígenas. Há o famoso
caso do apagão que, há anos, atingiu praticamente toda a costa leste dos
Estados Unidos durante duas horas e deixou o país estupefato.
Até hoje o
incidente não foi satisfatoriamente explicado pelo governo, mas os testemunhos
de que luzes estranhas ou naves iluminadas foram vistas sobrevoando as
cataratas do Niágara (um das fontes cruciais de energia elétrica,
principalmente na época em que o fato ocorreu) foram muito convincentes. As
autoridades americanas, no entanto, negam, mas isto seria mesmo previsível,
pois elas (como a de quase todos os países) negam tudo que se refira à presença
de ETs na Terra.
Bem, o
governo, por intermédio do diretor de Operações da Chesf, Mozart Bandeira
Arnaud, deu como causa do apagão no Nordeste uma falha no sistema de controle e
proteção do circuito eletrônico da subestação Luiz Gonzaga, em Jatobá, um
município pernambucano. Note-se: uma coisa bem miudinha. Aliás, duas: a
autoridade que fornece a explicação e a causa do apagão.
Creio que
existe excelente justificação para o deputado Imbassahy, ex-presidente da
Eletrobrás, pedir a investigação e para o Ministério Público Federal iniciá-la,
em um esforço que talvez ajude os cidadãos a saírem das trevas a respeito das
causas, imediatas e mediatas, desse apagão.
Mas, ah, se
foi disco voador (ou se acontecer algum apagão em que seja algum UFO a causa)
nem o MPF vai revelar. Arquiva-se o inquérito, por “absoluta falta de provas”.
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Este artigo
foi publicado originalmente na Tribuna da Bahia desta quinta.