Segunda,
29 de junho de 2015
Da
CLDF
Diretores, professores e pais da comunidade escolar de
ensino especial exigiram hoje (29) mais respeito e atenção aos centros de
ensino especial do DF. "É vergonhoso mendigar um direito
constitucional", resumiu a professora Gicileide Ferreira de Olivera, do
Centro de Ensino Especial do Guará. A declaração indignada da professora se
somou a outras cobranças e exigências apresentadas em audiência pública
realizada na Câmara Legislativa, por iniciativa dos deputados Wasny de Roure
(PT) e Joe Valle (PDT).
Luciana Custódio de Castro, diretora do Sindicato dos
Professores do DF (Sinpro-DF), reconheceu os avanços do DF na educação
especial, mas apontou metas que ainda precisam ser cumpridas. "Hoje o DF
matricula 71% dos alunos de ensino especial de todo o Brasil, mas ainda temos
muito que avançar, como por exemplo a implementação do braile nos concursos
públicos e da Libras como primeira língua nas escolas especiais. A aprovação do
Plano Distrital de Educação foi também um avanço, pois agora temos um plano de
10 anos construído coletivamente e que é lei, não uma política de
governo", afirmou.
Itamar Assenço, professor do Centro de Ensino Especial de
Ceilândia, reclamou da falta de repasses para as escolas especiais. "Neste
ano recebemos uma verba emergencial que nem deu para pagar as dívidas do ano
passado. Estamos sem materiais básicos, falta até papel higiênico. É lastimável
ter que vir aqui novamente para estender o pires", lamentou.
O diretor do Centro de Ensino Especial de Taguatinga, José
Antônio, pediu a liberação de recursos de emendas ao orçamento do GDF.
"Temos várias emendas aprovadas garantindo recursos para a educação
especial, mas o governo não empenha. Vivemos uma situação singular, em que a
escola é pública, mas a responsabilidade de tudo é do diretor. Sem a atuação do
Estado, não podemos avançar", ressaltou.
A promotora de justiça Cátia Martins Vergara trouxe à tona
razões históricas para o descaso com a educação especial. "Há dois séculos
começou a política de higienização no nosso país, que excluía as pessoas com
deficiência mental do convívio social. Infelizmente isso foi enraizado
culturalmente e hoje as políticas esbarram nesse preconceito. Por isso é tão
difícil implantarmos a acessibilidade em nossas cidades", explicou.
Depois de ouvir todas as falas, o secretário de Educação do
DF, Júlio Gregório, limitou-se a dizer que a secretaria está à disposição da
comunidade para encontrar soluções, mas fez questão de ressaltar que "não
é possível prometer o que não se tem condições de cumprir". O secretário
disse ainda que o Plano Distrital de Educação é um "passo sólido em
direção a uma educação especial mais inclusiva e humana". Também
participaram da audiência os deputados Reginaldo Veras (PDT), Júlio César (PRB)
e Agaciel Maia (PTC).
Éder Wen - Coordenadoria de Comunicação Social