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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Caso Cachoeira: dos sete réus previstos para serem interrogados hoje, apenas um resolveu falar

Quarta, 29 de agosto de 2012
Do TJDF
Do universo de sete acusados previstos para serem interrogados na tarde desta quarta-feira, 29/8, apenas o réu Heraldo Puccini aceitou falar para o juiz da 5ª Vara Criminal de Brasília, que apura as denúncias da Operação Saint Michel, deflagrada pela Polícia Civil do DF. Todos os demais: Carlos Augusto de Almeida Ramos (Carlinhos Cachoeira), Claudio Dias de Abreu, Valdir dos Reis, Dagmar Alves Duarte e Wesley Clayton da Silva, utilizaram o direito constitucional de permanecerem calados. O réu Geovani Pereira da Silva está foragido. A audiência teve como representantes do Ministério Público do DF os promotores Clayton Germano e Márcio Vieira de Freitas. A audiência teve início às 14h e terminou por volta das 16h40.

O réu Gleyb Ferreira da Cruz já havia sido ouvido na audiência realizada no dia 1º de agosto do corrente ano. A audiência desta quarta começou tensa em torno da polêmica sobre o uso de algemas em Carlinhos Cachoeira. O chefe da escolta afirmou que o uso de algemas é procedimento padrão, mas o advogado de Cachoeira solicitou que o artefato não fosse utilizado em seu cliente, durante o trajeto do presídio até o fórum. Ao apreciar o pedido do não uso de algemas, o juiz negou e o advogado de defesa, inconformado, sustentou que é uma violência o uso do acessório durante o trânsito de seu cliente. O Ministério Público do DF assegurou que a algema só foi mantida no traslado do réu, porque ele desacatou um agente penitenciário e porque Cachoeira relatou que há um plano de tentativa de homicídio contra ele.

Ao começar o interrogatório, Cachoeira disse que preferia exercer o direito constitucional de permanecer calado, pois está questionando a inépcia da acusação em instância superior e não quer falar antes do resultado desse julgamento. A defesa pediu contato breve de Cachoeira com os familiares Julio Cezar de Almeida Ramos e Lana Cristina de Almeida Ramos, ambos irmãos, e o juiz deferiu o pedido, solicitando à escolta que viabilizasse o encontro, sem contato físico. Na sequência, Cachoeira deixou a sala de audiência.

O segundo réu a ser ouvido foi Cláudio Abreu, cujo advogado é Fabrício Correia de Aquino, que também pediu para exercer o direito de permanecer calado, assinando o termo de audiência. Na sequência, entrou o réu Heraldo Puccini, cujo advogado é Eduardo Medalion Zinger, que aceitou responder ao interrogatório. Ele disse não conhecer Carlos Cachoeira, e que teve apenas alguns contatos com Gleyb, que foi apresentado pela diretoria da Delta. Disse que não conhece os demais réus do processo e que só teve conhecimento da denúncia após os fatos e que não participou do que está relatado nos autos. Disse que está sendo acusado de dois crimes que nunca praticou e que seus valores são diferentes dos relatados no processo, e que não sabe por que seu nome foi ligado ao de Cachoeira.

Quando o MP ia interrogá-lo, a defesa o orientou a não responder às perguntas da acusação. Na sequência, Puccini falou de seu passado profissional, afirmando ter poucos recursos poupados e que os seus bens financeiros estão todos bloqueados. Emocionou-se ao narrar como soube da denúncia e de como foi cumprido o mandado de busca e apreensão. Ao final, disse que está "acabado". Na sequência, foram interrogados Valdir dos Reis, Dagmar Alves e Wesley Clayton da Silva. Todos utilizaram o direito constitucional de permanecerem calados.

A audiência terminou por volta das 16h40 e não foi marcada nova data. A imprensa não teve acesso à sala de audiências por questões de espaço e de segurança. A Assessoria de Comunicação Social do TJDFT – ACS repassou as informações via Twitter.

O caso

Os réus do processo são acusados de tentar controlar o sistema de bilhetagem do transporte público do Distrito Federal, de forma fraudulenta, o que renderia aos envolvidos cerca de R$ 60 milhões. Os réus respondem por tráfico de influência e formação de quadrilha. Cachoeira já teve dois pedidos de habeas-corpus negados pelo TJDFT.
Assista aqui à chegada de Carlinhos Cachoeira ao TJDFT.
Processo: 2012.01.1.051163-4