Sexta, 31 de agosto de 2012
Por Ivan de Carvalho

Desgaste
grande do governo, para que se seja exato, significa queda muito expressiva da
avaliação do desempenho do Executivo estadual, o que a rigor não significa –
ainda que possa guardar um paralelismo – com a popularidade pessoal do
governador Jaques Wagner.
Outra
ressalva cabível é a de que avaliação do governo não se confunde com situação
eleitoral dos partidos governistas ou mesmo do principal partido governista, o
PT. Mais uma vez, no entanto, há que registrar uma tendência de paralelismo
entre uma coisa e outra, de uma maneira geral, naturalmente sempre respeitadas
as especificidades de cada município.
O
forte desgaste do governo registrado nesse estrato das quarenta maiores cidades
da Bahia tem causas bem conhecidas, algumas de longo prazo, outras mais
recentes. No longo prazo há que registrar a questão da insegurança pública –
crítica em todo o estado, mas pior na região metropolitana de Salvador e em
muitas das cidades maiores do interior – e as brutais insuficiências do sistema
público de saúde. A insegurança pública é uma responsabilidade básica do Estado
federado, tendo os municípios uma função residual e a União responsabilidade
essencial que não assume. O sistema público de saúde é responsabilidade das
três esferas – federal, estadual e municipal.
Os
fatores mais recentes de desgaste foram a greve na Polícia Militar, a greve dos
professores estaduais e, no interior, também o despreparo do poder público para
o enfrentamento do fenômeno da seca, que vem se manifestando de maneira
radical. A isto devem-se acrescentar dificuldades orçamentárias do Estado da
Bahia.
A
proximidade das eleições de outubro está levando o governo a reagir,
intensificando notoriamente a propaganda institucional, enquanto faz aprovar,
na Assembléia Legislativa, autorizações para grandes empréstimos, anunciando
projetos e obras. Os projetos não serão executados até outubro, as obras na
maioria, nem serão iniciados e não dará tempo para receber o dinheiro dos
empréstimos, muito menos para gastá-lo. Mas o conjunto dessa reação tende a
reduzir parte do desgaste sofrido pelo governo.
Na
questão eleitoral, além do que foi dito nas linhas precedentes, há ainda que
considerar que a campanha eleitoral pode alterar de modo importante situações
hoje existentes nas cidades maiores, inclusive melhorando a situação do governo.
Ou não. Nas médias e principalmente nas pequenas cidades, para onde parece
estar rapidamente migrando o eleitorado governista, o governo tem os
instrumentos para manter ainda por bastante tempo a predominância.
Em
Salvador as dificuldades do governo são conhecidas, em Feira de Santana,
segundo colégio eleitoral da Bahia, vence o DEM, no terceiro colégio, Vitória
da Conquista, o PT mantém a prefeitura. Em Itabuna, o PT pode vencer, mas está
mais para o DEM. Em Barreiras há uma tendência para o PMDB, em Alagoinhas o PT,
com o deputado Joseildo Ramos, tende a perder para o atual prefeito, Paulo
César. Em Irecê, o prefeito petista Zé das Virgens dificilmente se reelege
contra o deputado Luizinho Sobral, do PTN. Em Candeias, está complicado para
todo mundo. Em Lauro de Freitas, tendência favorável ao PT, mas eleição dura
contra o PP. Em Camaçari, o PT tem máquina azeitada e favoritismo, mas não
certeza. Teixeira de Freitas e Itapetinga, mais dois problemas. Claro, o espaço
não dá para ir até à quadragésima cidade.
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Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia desta sexta.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.