Sábado, 25 de agosto de 2012
Por
Ivan de Carvalho

No
PT da Bahia, neste momento, as coisas estão ruins, ou pelo menos parecem ruins.
E até pioram.
Ruim
é, por exemplo, o estacionamento da campanha eleitoral do candidato do partido
a prefeito de Salvador, deputado Nelson Pelegrino. Não consegue descolar da
faixa entre 16 e 13 por cento, fazendo sua mais recente aparição em 14,9 por
cento, tudo dentro da mais rigorosa margem de erro entre as diversas pesquisas
eleitorais.
Isto
poderia não ser tão ruim se o único candidato à sua frente, o democrata ACM
Neto, não estivesse atraindo intenções de voto em índices que variam de 40 a
42,9 por cento. Se as eleições fossem agora, ele venceria em turno único,
eliminando a necessidade do segundo turno.
Mas
como as eleições serão em 7 de outubro, em primeiro turno, muita água ainda
poderá passar por cima da ponte Salvador-Itaparica. Pelegrino tem praticamente
metade do tempo de toda a propaganda eleitoral gratuita no rádio e televisão. E
uma grande tropa de guerrilheiros virtuais na Internet.
Qual será afinal
o desempenho do radialista e ex-prefeito Mário Kertész? Se crescer junto ao
eleitorado, poderá conquistar mais votos na faixa dos eleitorado de ACM Neto
que na de Nelson Pelegrino. E poderá também atrair votos de eleitores
atualmente indecisos ou dispostos a anularem o voto ou a votarem em branco. Há
também uma outra incógnita, o apoio do deputado e ex-prefeito Antonio
Imbassahy, inclinado a apoiar Kertész, mas com uma discrição exemplar que lhe
permite optar pelo candidato do seu partido, o PSDB, que está coligado com o
Democratas de ACM Neto.
E ainda há que
levar em conta fatores como o apoio ostensivo de Lula a Pelegrino e, a
conferir, o apoio de Dilma – que pode ser efetivo, mas talvez não tão
ostensivo, declarado, estando na disputa Kertész, por ser candidato do PMDB, o
segundo mais importante partido da base do governo federal. A não ser que a
presidente, com a sua reconhecida sutileza, passe por cima de tudo como um
trator, como fez nas eleições para governador e senador de 2010 na Bahia,
atingindo, na ocasião, a coligação PMDB-PR.
Bem, excluídas
essas hipóteses e possibilidades, ainda a se materializarem ou não, as coisas
estão ruins para o PT. Em Salvador, a militância do PSB não demonstra
entusiasmo e uma parte importante do PC do B – essencial para atrair setores
intelectuais e universitários para a candidatura petista – torce solenemente o
nariz para a campanha majoritária. Consequência do expurgo da candidatura de
Alice Portugal, brutalmente praticado pelo comando estadual do partido.
Outros fatores
são conhecidos. Um deles, o desgaste popular do governo estadual, na capital em
consequência das greves da Polícia Militar e dos professores estaduais, além da
contínua e cada vez mais acentuada sensação de insegurança pública e da
deficiência dos serviços públicos de saúde. É o que têm mostrado as sondagens
de opinião realizadas de quando em vez. No interior, a estes fatores se soma a
deficiência da máquina pública para atender à gravíssima situação criada pela
seca.
As coisas estão
ruins no PT e, como podem melhorar, também podem piorar. O senador João Durval,
do PDT, convocado para enfeitar um “conselho político” da candidatura do petista
Pelegrino em Salvador, acaba – sem deixar essa função ornamental na qual não
pediu para ser investido – de anunciar seu apoio ao candidato democrata a
prefeito de Feira de Santana, José Ronaldo. Para completar, está em curso o
julgamento do Mensalão e há quem esteja notando que a sigla PT aparece muito
mais discreta nesta campanha que nas anteriores. “O que é bom a gente mostra, o
que é ruim a gente esconde”, ensinou Rubens Ricúpero, quando era ministro da
Fazenda de Itamar Franco.
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Este artigo foi publicado
originalmente na Tribuna da Bahia deste sábado.
Ivan de Carvalho é jornalista
baiano.