Quarta, 25 de março de 2015
Da Tribuna da Imprensa
Por LÚCIO FLÁVIO PINTO - Via blog do autor
Quando foi decidida a licitação para a hidrelétrica de Belo Monte, no
rio Xingu, no Pará, em 2010, o custo da obra estava em 19 bilhões de
reais (agora, quatro anos depois, se aproxima de R$ 30 bilhões). Se o
esquema de propina das empreiteiras nas obras da Petrobrás foi seguido,
com margem de 1% a 3% de pagamento “por fora” para garantir o resultado,
a corrupção devia chegar ao mínimo de R$ 180 milhões.
Diretores de uma das empreiteiras da usina, a Camargo Corrêa, que
fizeram delação premiada dentro da Operação Lava-Jato, teriam admitido
que a empresa se comprometeu a pagar uns R$ 20 milhões em propina. A
quantia devia ser a mesma das demais integrantes do consórcio construtor
na usina de Belo Monte.
Segundo o acerto revelado pelos executivos, cada empresa do consórcio
teria que contribuir com a mesma quantia para um fundo, que, assim,
somaria R$ 200 milhões.
No entanto, foram diferentes as participações das 10 empresas do cartel.
A Andrade Gutierrez é a líder, com 18% do capital. Camargo Corrêa e
Odebrecht ficaram com 16%, enquanto coube 11,50% à OAS e Queiroz Galvão.
Contern e Galvão compareceram com 10% cada uma, Serveng com 3% e J.
Malucelli e Cetenco, com 2% cada.
A partir desse ponto, a investigação precisa ser aprofundada para
identificar os recebedores da propina. Uma das pistas pode ser a
comissão que se formou no Congresso Nacional para acompanhar as obras.