Terça, 24 de junho de 2014
Helio Fernandes
Em
maio do ano passado, estava no auge. As pesquisas mostravam: 81 por cento de
ÓTIMO e BOM, apenas 31 por cento de PÉSSIMO ou RUIM. Surgiram as manifestações,
desabaram em cima dela e lógico, do seu governo, as piores expectativas e as
mais negativas realidades.
Errou mais do que o possível
Quando
os manifestantes olhavam para o Congresso e retumbavam, “vocês não nos
representam”, olhavam também para o Planalto, sem gritos mais num silêncio
altamente expressivo. Deixaram Dona Dilma sozinha, ela exagerou nas tolices.
Constituinte exclusiva
Não
acertou uma. Fez a proposta da “Constituinte exclusiva”, até Lula entrou em
campo para ajudá-la, a rasgar tudo. Quase sem intervalo, apresentou o REFERENDO
como solução.
Outro
vexame, retirou, governava do Planalto, mas mentalmente estava em pleno deserto
do Saara.
Como
eu disse há algum tempo: “Se Dona Dilma e FHC administrassem esse deserto do
Saara, em pouco tempo iria faltar areia”. Não havia nem existe a menor dúvida.
Em 1 ano, degringolou tudo. Dilma: autocrítica
Na
convenção, fez a proposta de uma campanha sem hostilidade, sem xingamento,
apenas com propostas para o desenvolvimento do país. Coisa que ela não fez,
levando o país a uma posição de estagnação, sem a menor visão de progresso.
Mas
bravateira como é, mudou logo de tom, passou à arrogância em seco, no vazio,
que é o seu habitual: “Não farei campanha com rancor, mas também não dobro o
joelho”.
E
terminando, sem perceber o ridículo e a contradição: “O tom da minha campanha,
será contra o pessimismo, a mediocridade e o baixo astral”.
Quer
dizer, quem estava com 80 por cento de BOM e ÓTIMO, caiu para 31 nesse mesmo
item, deve ficar em silêncio.
Falcão sem memória
Na
convenção do PT, o presidente do partido pediu a “volta da paixão e do
entusiasmo que marcou a campanha de 1989”. Estranho, esquisito, ingênuo ou
desmemoriado. 1989 marca a primeira candidatura de Lula e a primeira derrota.
Tinha
o apoio de Brizola no segundo turno, enfrentava um candidato jovem e quase
desconhecido, (Collor) e um partido único e sem História, o PRN.
Assim
mesmo conseguiu perder, o que aconteceria também em 94 e 98. Só conseguiu
vencer depois das “privatarias” de FHC. Queria até botar um X na Petrobras que
ficaria Petrobrax.
Morar longe do trabalho
Já
escrevi muito sobre isso. As favelas surgiram por falta de transporte e de
moradia. O único que conseguiu fugir de Canudos escapando do massacre do
Exército, que não deixou ninguém vivo, veio bater no Rio.
Chegou,
viu aqueles morros vazios, construiu um barracão, deu o nome de “Favela”, onde
o Exército montou os canhões para dizimar os que acreditavam em Antonio
Conselheiro. Depois, todos descobriram esses espaços, moraram nele.
O centro desabitado
Em
Paris, Londres, Nova Iorque, Roma e outras capitais, o centro perto do trabalho
ou por prazer, é local de moradia. No Rio, urbanistas hipócritas e
incompetentes, deixam o centro depois das 7 da noite, vazio.
O Porto Maravilha
Um
dos pontos positivos de Eduardo Paes, foi descobrir a região do Porto, e fazer
ali, não só um bairro bonito, mas também habitável. Bonito está ficando, mas
ninguém vai morar ali.
(Conheço esse bairro abandonado, comecei a
trabalhar ali com 12 anos. A revista O Cruzeiro ficava na Rua do Livramento,
“colada” ao Túnel João Ricardo, sujo, escuro, mínimo, aberto para ligar a
Central do Brasil à Praça Mauá e o resto da cidade).
Almirantes, generais, brigadeiros, mentem, enganam,
mistificam o país
A
Comissão da Verdade pediu informações ao Ministério da Defesa, “sobre a
participação de oficiais generais militares na tortura e morte em quartéis”.
O
Ministério da defesa é uma ficção, controlada por uma quimera. Levaram meses
para responder. Agora vieram com essa fraude-farsa: “Os quartéis só foram
utilizados para suas finalidades próprias”.
Tentaram ser enigmáticos, foram demasiadamente omissos
Podiam
ter respondido de forma altiva, altaneira e “pedimos perdão ao povo brasileiro,
houve exagero e ocupação das organizações militares para FINALIDADES
IMPRÓPRIAS”.
Nenhum
desses Almirantes, Generais e Brigadeiros que estão no poder hoje, estavam nem
nas forças armadas em 1964. Saem das Academias Militares com 21 anos, é a idade
habitual. Estariam portanto, hoje, com 71 anos, há muito tempo reformados.
Eles,
pela idade. Milhares, por que eram contra o golpe. Não precisavam mentir como
mentiram. E agora, além do desprezo do cidadão, incorreram na condenação do
Papa Francisco: “Tortura é pecado mortal”. Mas quem morre são os torturados.
PS – O principal jornal da Costa Rica colocou na Primeira: “Os
heróis choraram”. Concordaram inteiramente com este repórter. Choram na
vitória, festejam o triunfo às lágrimas, pela superação. Chorar com o hino, não
é civismo é ceticismo.
PS2 – A sorte protegeu os mais fortes na última rodada. O Irã,
vejam só, encurralou a Argentina. Messi não viu a bola, ou desperdiçou-a, nos
primeiros 45 minutos, nos segundos também. No minuto inicial dos acréscimos,
recebeu uma bola de longe, acertou para o pé esquerdo, fez um golaço.
Classificou a Argentina, chamado de “messiânico”. E foi mesmo.
PS3 – A Alemanha não conseguiu se livrar de Gana, quase no fim
do primeiro tempo fez 1 a 0. Mas logo, logo no segundo, Gana fez 2 a 1, a
Alemanha foi empatar quase no final. Vai se classificar, lógico, mas ainda
falta.
PS4 – Enquanto Bélgica e Rússia, entravam em campo, Felipão e
Carreira, perdão, Parreira, insistiam em preleção. Os jogadores não entendiam
nada, insatisfeitos, preocupados com o fato da Comissão Técnica “chamar a
atenção para Camarões”.
PS5 – A Bélgica, surpresa na Europa, ganhou de todos, não
precisou de repescagem. No Brasil, jogou duas vezes ganhou as duas, classificadíssima.
Faltando 5 minutos para acabar o jogo, bateu uma bola na trave. Aos 43 fez o
gol da vitória.
PS6 – Putin reclamou que a Bélgica jogasse de camisa vermelha.
Ex-KGB, Presidente-Primeiro Ministro-Presidente, acredita que ainda está na
União Soviética. Vejam o que faz com a Ucrânia.
PS7 – O medo, perdão, pânico, de enfrentar o Brasil fez Van Gaal
cometer bobagem colossal e insultar o Brasil. Ora, os jogos são marcados antes,
e se o Brasil pudesse ou quisesse escolher adversário, lógico, gostaria de
jogar com a Holanda que sofreu para ganhar da Austrália.
PS8 – O Brasil sempre cumpre o seu dever. E está jogando tão
mal, que seu objetivo fundamental é empatar com Camarões. E é dificílimo
manipular um empate. Jogando 10 por cento do que sabe, a seleção brasileira
venceria logo mais, por 10 a zero. Mas estamos péssimos, tanto que empatamos
com o México, e sem fazer gol.
PS9 – Aos 25 minutos de um jogo monótono, com os holandeses,
“batendo” por ordem de Van Gaal, quem recebe o primeiro cartão é o jogador do
Chile. Injusto, os holandeses fizeram duas faltas duríssimas, o árbitro “não
viu”.
PS10 – Aos 39 minutos, a única jogada digna de um almirante
bátavo, (ou batávo), com Robben driblando dois, levando para a esquerda, que é
a boa, da forma como fez dois gols contra a Espanha, mas este foi para longe. O
holandês Fer entrou aos 35 minutos na primeira vez que tocou na bola, fez 1 a
0, garantiu o primeiro lugar.
PS11 - Van Gaal saiu correndo do Itaquerão, foi para o hotel, se
plantou diante da televisão, para torcer desesperadamente pelo Brasil. Quer a
vitória do Brasil, mesmo que seja por 1 a 0, será o primeiro. A Holanda
enfrentará México ou Croácia, que jogarão no mesmo horário do Brasil.
PS12 – Começou. Com Hulk em campo. Depois da entrevista coletiva
a respeito do lancinante 0 a 0 com o México, Felipão afirmou: “O Hulk não tem
nada, não jogou porque eu não quis”. Ontem “jogou porque ele quis”. Não é um
jogador insuperável ou insubstituível, é apenas um ponto fora da curva, da
egolatria do Felipão.
PS13 – O Brasil começou avassalador, mas parou logo. A seleção de
Camarões tomou muitas bolas, dominou o meio de campo. Mas aos 16 minutos, numa
tremenda falha da zaga, Neymar empurrou, 1 a 0. O estádio de ponta a ponta de
verde amarelo, vibrou com as cores da vitória que começava.
PS14 – A seleção recuou visivelmente, dois escanteios seguidos,
uma bola na trave e aos 25 Camarões empata facilmente. O Brasil precisa se articular
e golear. Camarões manda no jogo. Esse empate classifica o Brasil, mas vai
depender de Croácia e México para saber se seremos primeiro ou segundo.
PS15 – Falta muito tempo, mas Camarões domina. A bola vai de pé
em pé, dá a impressão de que inventaram o tic-taka. Por enquanto o Brasil está
permitindo, tem que reagir. Aconteceu aos 34, quem? Neymar novamente. Voltamos
a ser os primeiros, não podemos ceder o campo a Camarões.
PS16 – Terminou, podia ser de 3 a 1, aos 15 Hulk se entortou
inteiramente, desperdiçou um gol certo. Croácia e México acaba quase ao mesmo
tempo, 0 a 0. Voltam para o segundo tempo, surpreendentemente Fernandinho ganha
sua chance sai Paulinho. E aos 4 minutos Fred faz o terceiro gol, é o caminho
da classificação definitiva, e da goleada que tanto pedi. Pelo Brasil não por
Felipão.
PS17 – Felipão fez algumas modificações, muita gente ainda não
entrou, a hora era agora. Mas devia preservar Neymar, o craque do jogo, que tem
cartão. Dois minutos depois, sai Neymar, (era o óbvio) entrou William, outro
óbvio.
PS18 – 30 minutos, permanece o 3 a 1. E agora sem Neymar, acredito
que não haverá mais gol. Só que 4 a 1 é goleada, o que não acontece com esse 3
a 1.
PS19 – Os últimos 15 minutos, chatíssimos, o Brasil se
desinteressou, Camarões não pode fazer mais. Acontece que o México está
ganhando da Croácia por 3 a 0, pode ameaçar o saldo de gols. Pois fica também
com 7 pontos.
PS20 – Fernandinho justifica a entrada, com um belo gol. Garante
a goleada que eu pedia, e afastava a ameaça do México no saldo de gols.
PS21 – No Sábado o Brasil enfrenta o Chile, eu preferia a
Holanda. O Chile nunca nos deu trabalho, nem mesmo em 1962, quando jogava em
casa. Está bem, fizemos o obrigatório, invicto e em primeiro lugar. Mas falta
muito para ser uma verdadeira seleção, que inspire confiança.
PS22 - Van Gaal satisfeitíssimo, fugiu do Brasil. Vai enfrentar o
México, pode perder até tranquilamente. Mas tem que jogar mais do que jogou
contra a Austrália. 64 mil pagantes alegríssimos no estádio, fora milhões pelo
mundo. Pela primeira vez não houve sofrimento.