Domingo, 22 de junho de 2014
Convenção do PSOL homologa candidatura de Luciana Genro à Presidência
Mariana Branco - Repórter da Agência Brasil
O
PSOL homologou hoje (22) a candidatura da ex-deputada federal Luciana
Genro (RS) à presidência da República. A oficialização ocorreu em
convenção nacional do partido, iniciada ontem (21) em Brasília. Os
delegados do partido aprovaram o nome de Luciana por unanimidade e
também o do ex-candidato a prefeito de Mogi das Cruzes (SP) Jorge Paz
para vice-presidente. Luciana Genro anunciou que uma das plataformas da
campanha será a tentativa de resposta às demandas das manifestações de
junho do ano passado.
“Queremos
dar voz a essas demandas que vieram das ruas e que não foram atendidas
pelos governos. O transporte público continua uma porcaria, a educação e
a saúde continuam precárias”, disse a candidata do PSOL. Ela informou
ainda que o partido pretende rediscutir a maneira como a apuração de
tributos está estruturada no Brasil, promovendo “uma verdadeira
revolução tributária”.
“A tributação sobre consumo e renda
representa mais de 50% da arrecadação. Em linhas gerais, queremos
inverter a lógica atual. O trabalhador assalariado tem alta tributação
do Imposto de Renda e, como gasta parte do salário consumindo, também
paga tributos sobre o consumo. Os tributos sobre riqueza e propriedade
são muito menores, sem contar [que há] um conjunto de isenções para
bancos, investidores estrangeiros, grandes empresas”, disse. Segundo
ela, uma das formas de viabilizar a mudança seria a tributação de
grandes fortunas, cuja regulamentação está prevista em projeto de lei de
sua autoria. Luciana também se disse favorável à correção da tabela do
Imposto de Renda.
A candidata defendeu uma auditoria na dívida
pública do país, a exemplo da realizada pelo Equador. Ela disse que um
dos pontos de sua campanha será “a recusa a aceitar que o Brasil
continue pagando mais de 40% do seu orçamento em juros e amortização da
dívida”. “Vamos seguir o exemplo do Equador, que mostrou que é possível
e, após a auditoria, reduziu em 75% sua dívida”, destacou. De acordo
com Luciana, a chapa pautará ainda outras discussões, como
descriminalização do aborto e da maconha e direitos da comunidade
homossexual.
Candidato a vice, Jorge Paz afirmou que a campanha
do PSOL tem grande responsabilidade e que o momento é propício para
dialogar com diversos setores. “A conjuntura mundial e a de nosso país
apresentam um espaço muito grande para conquistar corações e mentes”,
afirmou. Presente ao anúncio das candidaturas, o deputado estadual
Marcelo Freixo, do Rio de Janeiro, afirmou que o PSOL tem condições de
apresentar um projeto “que dialogue com os insatisfeitos”.
Questionada,
em entrevista coletiva, sobre um possível racha no partido devido à
ausência na convenção do senador Ranfolfe Rodrigues (AP), que desistiu
da candidatura à Presidência pelo PSOL, Luciana negou. “De forma
alguma. Randolfe se manifestou favorável à candidatura pelas redes
sociais. Ele achou por bem cuidar dos interesses do Amapá”, respondeu,
referindo-se ao estado que o parlamentar representa. Na carta em que
anunciou a desistência, no último dia 13, Randolfe explicou que deixava a
pré-campanha presidencial “para retomar em plenitude as tarefas como
senador e a importante função de representante do Amapá”.