Segunda,
30 de junho de 2014
Do
Jornal do Brasil
Davison
Coutinho*
A menina dos olhos do Governo do Rio
de Janeiro já não é mais a arma a ser usada para eleição na cidade. O fato é
que a maioria dos moradores das comunidades dita "pacificadas" estão
insatisfeitas com a política de pacificação implantada nas favelas. O que era
pra ser uma grande transformação na vida dos milhares de moradores se tornou em
uma grande decepção, onde a paz não chegou.
Os moradores
não são contra a entrada do poder do Estado na comunidade, mas são contra a
forma que o projeto da UPP atua na favela, onde somente a policia é vista como
prioridade para os diversos problemas sociais que ali se encontram. A
pacificação deixou a desejar quando os serviços
e projetos que antes não subiam para comunidade, por causa da presença do
tráfico, continuam sem subir as favelas. O lixo continua a fazer parte do
cenário de todas as favelas, as moradias continuam problemáticas, a falta de
água é constante, o saneamento básico foi deixado de lado e a violência tem
aumentado.
A paz e felicidade ficam só nos comerciais do atual Governo. Os problemas
não se resumem apenas ao governo do Estado, mas também a gestão da atual
prefeitura, que não cumpriu as promessas aos moradores das favelas e diversos
serviços continuam sem ser realizados.
A favela não precisa ser militarizada e sim integrada à cidade.
Os mesmos direitos e serviços que toda a cidade tem deveria ser aplicado de
igual maneira dentro das periferias. Vamos continuar na luta pela inclusão e
respeito aos moradores de comunidades. Não podemos continuar escolhendo para
nos representar pessoas que só nos enxergam em épocas de eleição e que não
priorizam as nossas necessidades.
*Davison Coutinho, 24 anos, morador da Rocinha desde o nascimento.
Bacharel emdesenho industrial pela PUC-Rio, Mestrando em Design pela
PUC-Rio, membro da comissão de moradores da Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu,
professor, escritor, designer e liderança comunitária na Comunidade,
funcionário da PUC-Rio.