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(Millôr Fernandes)

domingo, 24 de maio de 2020

Opas diz que Brasil deve intensificar isolamento social para conter pandemia

Domingo, 24 de maio de 2020
Foto: Diogo Moreira / Governo de São Paulo
Estado de São Paulo, no Brasil, tem o maior número de casos de coronavírus no país.
Foto: Diogo Moreira/Governo de São Paulo
Por
ONU News
Em entrevista à ONU News, vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde, e especialista em epidemiologia, Jarbas Barbosa, acredita que intensidade da contaminação com a Covid-19 deve durar até início de junho, no Brasil, com base em modelos e cálculos realizados pela agência da ONU.
O aumento no número de casos de contaminação com o novo coronavírus, no Brasil, pode ser contido com mais isolamento social. 
A recomendação é do vice-diretor-geral da Organização Pan-Americana da Saúde, o médico brasileiro Jarbas Barbosa.

Ao todo, a Opas já enviou mais de 500 mil kits de teste para as Américas. Foto: Opas Barbados/Brenda Lashley


Análise criteriosa

Nessa entrevista à ONU News, por videoconferência, Barbosa alertou sobre o risco da quantidade de novos casos superarem a capacidade do sistema de saúde de responder à demanda. 
Segundo ele, a forte onda de contaminação deve seguir até a primeira semana de junho, com base nos modelos e cálculos da Opas.
“Nessa situação, a única medida capaz de frear e reduzir a velocidade de transmissão é o distanciamento social. Seguramente, que em cada estado do Brasil, essa realidade pode ser um pouco diferente.  Por isso é importante uma análise criteriosa do número de casos novos, que estão acontecendo todos os dias, monitorar também a ocupação dos leitos da UTI, uso de respiradores mecânicos, porque se se deixa a transmissão ocorrer de maneira natural, sem nenhum tipo de redução da velocidade, o número de casos que é produzido vai superar a capacidade dos leitos de UIT, de respiradores e pessoas vão morrer.”

Estados

O vice-diretor da Opas contou que além do Brasil, outros países latino-americanos estão enfrentando um aumento “muito rápido” no número de casos como Equador, Chile, Peru e México.
Jarbas Barbosa, que tem mais de 40 anos de experiência em medicina e políticas de saúde pública, afirma que a situação do Brasil é diferente nos vários estados, mas que a prioridade agora é conter o avanço da contaminação com as medidas acertadas.
“Particularmente, nós da Organização Pan-Americana da Saúde, estamos prestando apoio técnico ao Ministério da Saúde do Brasil exatamente para que essas medidas sejam mais efetivas, que a gente consiga reduzir a velocidade de transmissão e sair o mais rápido possível desse momento intenso de transmissão que alguns estados do Brasil passam.”

ONU Guyana
A Opas oferece treinamento em testes de covid-19 para especialistas de laboratório na Guiana.

Estados Unidos e Índia

O especialista da Organização Pan-Americana da Saúde afirma que qualquer cálculo e projeção do avanço da doença depende do sucesso do distanciamento social e que deve haver um monitoramento para avaliar como a população está aderindo às medidas.
Nesta quinta-feira, o número de casos de contaminação com o novo coronavírus, no mundo, ultrapassou a marca de 5 milhões. 
Estados Unidos, Brasil e Índia estão entre as nações com o maior número de notificações da Covid-19.



Leia a íntegra de um trecho da entrevista: 

Que medidas específicas que o Brasil deve tomar para reduzir o número de casos?

O Brasil, assim como vários outros países na América Latina, nesse momento, como Peru, Equador, Chile, México estão experimentando um crescimento muito rápido no número de casos. Nessa situação, a única medida capaz de frear e reduzir a velocidade de transmissão é o distanciamento social. Seguramente, que em cada estado do Brasil, essa realidade pode ser um pouco diferente.  Por isso é importante uma análise criteriosa do número de casos novos, que estão acontecendo todos os dias, monitorar também a ocupação dos leitos da UTI, uso de respiradores mecânicos, porque se se deixa a transmissão ocorrer de maneira natural, sem nenhum tipo de redução da velocidade, o número de casos que é produzido vai superar a capacidade dos leitos de UIT, de respiradores e pessoas vão morrer. Isso é muito importante, este monitoramento. Tomar as medidas adequadas. Se o distanciamento social não está funcionando, verificar como se pode aumentar a adesão da população para que se consiga diminuir esta velocidade o mais rápido possível.

Tendo em conta, a evolução da pandemia no Brasil, quando acredita que a curva deve começar a baixar?

Nós trabalhamos com modelos matemáticos, mas esses modelos têm a finalidade apenas de servir para o planejamento do número de leitos necessários, da quantidade dos profissionais de saúde e o número de respiradores mecânicos. Com base nesses modelos, se estima que essa transmissão mais forte vai continuar até a primeira semana de junho. Mas isso depende, claro, do sucesso das medidas de distanciamento social. Particularmente, nós da Organização Pan-Americana da Saúde, estamos prestando apoio técnico ao Ministério da Saúde do Brasil exatamente para que essas medidas sejam mais efetivas, que a gente consiga reduzir a velocidade de transmissão e sair o mais rápido possível desse momento intenso de transmissão que alguns estados do Brasil passam.