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(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 25 de maio de 2020

IgesDF quarteiriza serviços de saúde na pandemia

Segunda, 25 de maio de 2020

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Desde sua criação, o IGESDF, pessoa jurídica de direito privado responsável por gerir unidades da SES-DF, amplia irrestritamente suas atividades, suprimindo cada vez mais a própria gestão da SES. Exemplo disso foi sua habilitação para a construção de 7 novas UPAS e o aumento do orçamento para o dobro da verba de 2019, chegando a R$ 1,2 bilhão conforme a LDO de 2020.

Com a pandemia, o IGES ganhou mais corpo. Seu então presidente, Francisco Araújo, foi nomeado secretário de saúde, revelando o interesse do GDF em ampliar a terceirização da saúde pública, justamente em um período de emergência em saúde, quando estão dispensados processos licitatórios e mecanismos mais rigorosos de fiscalização.

Mediante os casos de COVID-19, o GDF apostou na ampliação de leitos de UTI nas unidades geridas pelo IGES. Já foram habilitados mais de 40 leitos na UPA do Núcleo Bandeirante, 71 leitos no HRSM e 62 leitos no Hospital de Base.

O IGES vem terceirizando diversos setores em suas unidades, como a radiologia, que está sob gestão da empresa Diagnose; o transporte, feito pela empresa UTI Vida; a CME, que ficará sob responsabilidade da empresa Bioxxi e, agora, o pronto socorro e a UTI do Hospital de Base, que serão administrados por um grande grupo empresarial da saúde de Brasília.

Como as atividades do IGES já são uma forma de terceirização, essa movimentação no Instituto configura uma quarteirização, prática que piora as formas de contratos de trabalho e a qualidade dos serviços, pois reduz o quadro de funcionários, rebaixa os salários e impõe alta rotatividade devido às péssimas condições de trabalho, tudo para garantir os lucros das empresas.

Desde 2018, o IGES não apresenta relatórios sobre suas atividades e não é transparente em relação aos contratos com empresas que prestam serviços. Isso endossa a percepção de que as organizações sociais são instrumentos de corrupção, tendo em vista as experiências vivenciadas por outras unidades da federação.

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