Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 17 de julho de 2020

O comprometimento das áreas de vegetação nativa do DF

Sexta, 17 de julho de 2020
Por
Salin Siddartha

MÚSICA INCIDENTAL PARA OUVIR, ENQUANTO SE LÊ O TEXTO:
“CHEIRO DE MATO” – FÁTIMA GUEDES https://www.youtube.com/watch?v=lc1CGgeOAJA

Situado na região central do bioma do cerrado, o Distrito Federal tem sofrido constantes impactos em áreas de mananciais, seja pela extinção das matas de galeria ou pela poluição dos recursos hídricos, em especial pela expansão urbana desordenada. (Inclusive, já se precisa ampliar a captação de água, buscando-a em regiões cada vez mais distantes.) 60% da área original ocupada pelas matas de galeria, no DF, já foi substituída por outros usos; as unidades de conservação vêm tornando-se ilhas de vegetação limitadas que se sujeitam à introdução de plantas invasoras e ao aumento da frequência de incêndios.

O atual modelo hegemônico de produção no setor primário e sua forma de ocupação do espaço territorial rural comprometem, cada vez mais, as áreas de vegetação nativa e, consequentemente, toda a biodiversidade do ecossistema. A fronteira agrícola do cerrado teve sua ocupação efetivada dentro dos padrões do complexo agroindustrial, acarretando custos sociais, com poluição ambiental e degradação das áreas rurais.
Uma boa gestão do espaço florestal e agroflorestal pode melhorar a multifuncionalidade da floresta brasiliense, garantindo sua valorização econômica e ambiental, de forma a tornar a floresta mais estável, resiliente aos incêndios e ataques de agentes bióticos nocivos, melhorar o valor ambiental e social dos seus espaços, maximizando suas funções protetoras e de enquadramento paisagístico. A boa gestão do espaço florestal e agroflorestal minimizaria riscos, atenuando os efeitos climáticos e da erosão dos solos, além de aumentar o caráter público das florestas e proteger os recursos hídricos.

O GDF deve cobrar do agronegócio uma gestão de responsabilidade ético-produtiva que utilize as alternativas de rotações de cultivo adequadas a cada terreno, empregue os recursos hídricos de maneira eficiente, racionalize o emprego de agroquímicos, não queime restos florestais e respeite as normas sanitárias.

Cruzeiro-DF, 17 de julho de 2020

SALIN SIDDARTHA


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Este artigo foi publicado originariamente, hoje (17/7), no Jornal InfoCruzeiro.