Quarta, 11 de maio de 2014
Alex Rodrigues - Repórter Agência Brasil
Um dia após integrantes do Comitê
Popular da Copa no Distrito Federal (CPC-DF) denunciarem que um homem se
fazendo passar por servidor da Justiça Eleitoral estaria perseguindo-os, a
organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional Brasil decidiu
acionar as autoridades do DF e do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), cobrando
explicações sobre o caso.
“A Anistia Internacional tomou conhecimento do episódio
ocorrido em Brasília e solicitará, por ofício, informações e esclarecimentos ao
governo do DF [GDF] e ao TRE sobre as denúncias feitas pelos membros do comitê
no DF”, diz a organização em nota enviada hoje (11) à Agência Brasil.
Também em nota, divulgada ontem (10), o GDF garantiu que nem
a Secretaria de Segurança Pública nem a Polícia Civil tem qualquer relação com
a denúncia. “Não estamos realizando nenhum tipo de levantamento ou visitas
domiciliares a membros ou ativistas de protestos”, acrescentou, rechaçando
“qualquer proibição ao direito democrático e constitucional de organização e
manifestação”.
Conforme a Agência Brasil noticiou ontem, ao menos seis integrantes do
comitê afirmam que um homem que se identificava ora como servidor do TRE, ora
como servidor do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), esteve em suas casas nessa
terça-feira. O desconhecido alegava conferir informações pessoais de alguns
eleitores do DF. O aparente nervosismo do homem quando sua identificação
profissional era solicitada, sua insistência em saber os horários em que os
militantes se encontram em casa e o fato de ele dirigir uma caminhonete sem
qualquer identificação levaram os integrantes do comitê e seus parentes a
desconfiarem que se tratava de um policial.
Os três integrantes do movimento ouvidos pela reportagem -
Thiago Ávila, Vinícius Lobão e Rafa Madeira - acreditam que o objetivo das
visitas era intimidá-los. O motivo seria o fato de o grupo estar organizando
para amanhã (12), dia da abertura da Copa do Mundo, mais um ato contrário aos
gastos públicos no evento. Temendo que suas prisões preventivas fossem
decretadas como forma de desmobilizar o ato desta quinta-feira à tarde, os
militantes procuraram, na tarde de hoje, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). O receio de
serem detidos aumentou depois que a Polícia Civil do Rio de Janeiro conduziu à delegacia, hoje cedo, dez pessoas
suspeitas de participar de atos violentos nos protestos de junho de 2013 para
depoimentos.
O desconhecido chegou a informar um número de telefone no
qual um integrante do comitê conseguiu contactá-lo. Durante a conversa, o homem
insistiu ser servidor do TRE, mas disse fazer um serviço informal, sobre o qual
o tribunal, se procurado, não daria nenhum detalhe. Hoje, nossa reportagem
ligou várias vezes para o mesmo número, mas não foi atendida.