Segunda, 29 de fevereiro de 2016
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Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revisou a
altitude dos sete maiores pontos culminantes do país. Os dois pontos
mais altos, os picos da Neblina e o 31 de Março, ficaram oficialmente
1,52 metro mais elevados. Segundo as medições feitas no final de 2015, o
Pico da Neblina passou a ter 2.995,30 metros.
De acordo com a
medição anterior, feita em 2004 e 2005, o principal ponto culminante do
Brasil, localizado na Serra do Imeri, no Amazonas, tinha 2.993,78
metros.
O segundo mais alto pico brasileiro, o 31 de Março,
situado na mesma serra, a menos de um quilômetro de distância do Pico da
Neblina, passou de 2.972,66 na medição de 2004/2005 para 2.974,18
metros na medição atual.
Essa revisão da altitude não significa
que o pico ficou mais alto, mas sim que as tecnologias e os modelos de
medição estão mais avançados. Medir a altitude de um pico não é tarefa
simples. O primeiro passo é instalar um equipamento de GPS (sistema de
posicionamento global).
O GPS informa aos pesquisadores
determinada altitude em relação a uma superfície imaginária regular
chamada elipsóide, estabelecida com base em cálculos matemáticos para
representar a forma da Terra.
No entanto, o nível do mar depende
também da aceleração da gravidade, que muda de lugar para lugar. A
aceleração da gravidade em Brasília, por exemplo, é diferente da
observada em Florianópolis. Isso significa que, se o mar chegasse até
Brasília, ele teria uma altitude diferente daquela que tem em
Florianópolis.
Essa superfície de nível do mar, que leva em
consideração a aceleração da gravidade na Terra, é chamada de geoide. E a
altitude real precisa ser medida levando-se em consideração esse
geoide. O desafio dos pesquisadores é justamente saber a posição dessa
superfície imaginária.
“O geoide é o nível médio do mar
prolongado para dentro do continente. Para calcular o geoide, a gente
precisa saber o valor da aceleração da gravidade em todos os pontos do
território brasileiro. Para isso, o IBGE vem sistematicamente, desde a
década de 90, mandando equipes a campo para medir o valor da gravidade. A
gente usa um equipamento chamado gravímetro”, explica Luiz Paulo
Fortes, coordenador de Geodésia do IBGE.
O que melhorou nesses
últimos dez anos foi justamente o conhecimento do geoide no território
brasileiro. Além dos dois maiores picos, o IBGE revisou as altitudes dos
outros cinco principais pontos culminantes. Em todos eles, as altitudes
foram revistas para baixo: Pico da Bandeira (passou de 2.891,98 para
2.891,32 metros), Pedra da Mina (de 2.798,39 para 2.798,06), Agulhas
Negras (de 2.791,55 para 2.790,94), Cristal (de 2.769,76 para 2.769,05) e
Monte Roraima (de 2.734,06 para 2.734,05).