Sexta, 26 de fevereiro de 2016
André Richter - Repórter da Agência Brasil
O juiz federal Sergio Moro decidiu hoje (26) prorrogar por
cinco dias a prisão do publicitário João Santana e da mulher dele,
Mônica Moura, além da funcionária da Odebrecht Maria Lúcia Tavares. Moro
atendeu ao pedido da Polícia Federal e do Ministério Público Federal.
Os
três foram presos na 23ª fase da Operação Lava Jato, conhecida como
Operação Acarajé. Na mesma decisão, Moro decidiu soltar Vinícius Veiga
Borin, empresário ligado a uma empresa offshore investigada na Lava Jato, e Benedicto Barbosa da Silva, executivo da Odebrecht.
Segundo
a PF, há indícios de que o publicitário João Santana recebeu R$ 4
milhões da empreiteira Odebrecht no Brasil e os documentos apreendidos divergem
da versão apresentada pelo casal nos depoimentos prestados nesta
semana. A suspeita é que o dinheiro tenha origem no esquema de desvios
na Petrobras.
Na decisão, Moro disse que João Santana e
Mônica Moura não explicaram, nos depoimentos à Polícia Federal, os
motivos pelos quais a Odebrecht teria feito pagamentos pelas campanhas
na Venezuela e em Angola.
Segundo o juiz, os indícios apontam que
os pagamentos feitos pela Odebrecht no exterior para Santana tiveram
origem na mesma conta usada pela empreiteira para “pagar propina” a
ex-diretores da Petrobras.
Sergio Moro reforçou as suspeitas da
Polícia Federal de que Santana e a mulher tenham recebido recursos da
Odebrecht no Brasil. Ele citou uma planilha anexada pela PF no pedido de
manutenção da prisão do casal. O documento mostra que o publicitário
pode ter recebido da empreiteira R$ 24,2 milhões, em 2014, no país.
“O
fato é que os elementos probatórios anteriores e os ora revelados no
exame sumário das provas apreendidas, indicam que o relacionamento de
João Santana e Mônica Moura com a Odebrecht é muito maior que o admitido
e que eles teriam recebido quantias bem mais expressivas do que aquelas
já rastreadas até a conta Shellbill [conta offshore que seria ligada à empreiteira]”, disse Moro.
Moro
também criticou o fato de a defesa do casal ter admitido que o único
crime que eles cometeram foi não declarar as contas nas quais receberam
recursos da Odebrecht no exterior.
"Não vislumbro ainda como
banalizar a prática de fraudes, com utilização de recursos escusos ou
pelo menos não-contabilizados, em campanhas eleitorais, quer no Brasil
ou no exterior, considerando a consequente afetação da integridade do
processo político democrático. Nada há, portanto, de banal nessas
condutas".
Em nota à Agência Brasil, a
Odebrecht afirmou que “não tem conhecimento da planilha apresentada pela
autoridade policial e não tem como comentar a sua veracidade ou
significado”.