Quinta, 25 de fevereiro de 2016
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
As ações truculentas de agentes da Guarda
Municipal do Rio contra foliões que participaram de blocos independentes
durante o carnaval levou um grupo de pessoas a denunciar o fato ao
Ministério Público. Eles foram recebidos pelo procurador-geral de
Justiça do estado, Marfran Vieira, que se comprometeu a investigar as
denúncias.
O caso mais grave aconteceu na manhã do dia 13 de fevereiro, sábado de carnaval, quando foliões do bloco Technobloco foram agredidos por guardas municipais
com uso de cassetetes e bombas. Os agentes agiram com o objetivo de
dispersar o grupo, que brincava na Praça Mauá. Alguns integrantes foram
espancados e chegaram a ter fraturas expostas. A prefeitura do Rio
afastou 15 guardas que participaram da ação e exonerou do cargo o agente que comandou a operação.
“As
agressões relatadas são gravíssimas, há uma evidente desproporção entre
o que se pretendeu reprimir e a forma como se desenvolveu a repressão e
isso caracteriza ilícitos penais que serão apurados devidamente”, disse
Marfan.
A investigação será conduzida pelo promotor de Justiça
Homero Freitas, da 1ª Central de Inquéritos. “Vou tomar conhecimento do
que existe na 4ª DP [Delegacia de Polícia] e na 5ª DP para ver se têm
outros casos como esse e apurar eventuais excessos cometidos pela Guarda
Municipal. É muito desproporcional a atitude da Guarda com o que as
pessoas estavam fazendo”, destacou.
Um dos agredidos, o
jornalista Bernardo Tabak, teve vários hematomas no corpo, provocados
por golpes de cassetete. “Queremos que isso não se repita nunca. Foi uma
truculência desmedida, a troco de nada. A gente apanhou por estar
desfilando em um bloco de carnaval. Queremos saber se houve repressão
aos blocos não oficiais por conta de uma mercantilização do carnaval
autorizado. Queremos entender o que está havendo com a banalização do
uso de armas não letais”, disse o jornalista, referindo-se ao fato de
que os blocos oficiais foram todos patrocinados por uma única marca de
cerveja.
Procurada, a Secretaria Municipal de Ordem Pública
(Seop), responsável pela Guarda Municipal, não se manifestou sobre a
investigação do Ministério Público até a publicação desta matéria.