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(Millôr Fernandes)

quinta-feira, 16 de maio de 2019

Bolsonaro e Moro supostaemten correligionários, na realidade se comportam como adversários

Quinta, 16 de maio de 2019
Por
Helio Fernandes*

Só um personagem como o capitão seria capaz de debater publicamente, o  preenchimento de uma vaga no Supremo que só será aberta dentro de um ano e nove meses. Não existe a menor dúvida de que o seu objetivo é prejudicar Sergio Moro.

O debate que se estabeleceu prejudica duplamente o ex-juiz da Lava-Jato. Em relação ao Senado que precisa sabatinar o candidato e principalmente do próprio STF que precisa ter uma vaga. Todo o mundo
político e jurídico percebeu a intenção do capitão: prejudicar o seu suposto candidato.

Sergio Moro constatou imediatamente que o capitão estava contra ele e tentou se defender. Afirmou então: "Não vim para Brasília para ser ministro do STF". Isso é rigorosamente verdadeiro.
Em plena campanha presidencial o capitão precisava que o ex-presidente Lula não fosse candidato. Fizeram então um acordo pejorativo, depreciativo mas definitivo.

Moro transformou Lula em inelegível, o que garantiu a vitória do capitão. Com isso aumentou a recompensa do juiz Moro. Ele foi pra Brasília nomeado para dois ministérios, e tido e havido como a segunda personalidade da hierarquia do poder. Mas se desgastou tanto em quatro meses, que é um risco completo colocá-lo na sucessão de 2022 como candidato suposto ou pressuposto.

Só que o fato estranhíssimo do Presidente da República vir a público lançar a candidatura de Sérgio Moro para uma vaga que não existe teve a evidente intenção de desgasta - lo. Moro percebeu que precisava se defender, mas está tão desgastado, mergulhou tão fundamente no ostracismo que rompeu ele mesmo os compromissos e promessas do futuro.

O suposto futuro de Sérgio Moro só pode se concretizar dentro de um ano e nove meses, quando haverá a primeira vaga para o STF. E num país dominado por crises cada vez maiores e diárias, em um ano e nove meses pode acontecer tudo.

Ou seja, para Moro qualquer que ele imagine que sejam as suas possibilidades, estará completamente errado, equivocado e ultrapassado.

FLAVIO BOLSONARO TEVE O SIGILO QUEBRADO

Não como senador que é agora, e sim como deputado estadual que era antes. Seu gabinete era a capital mundial da irregularidade, comando total e absoluto de Fabrício Queiroz. Aposentado da PM, motorista do deputado e controlador e aplicador de todo dinheiro que os funcionários eram obrigados a devolver dos salários.

As famosas "rachadinhas".  Bolsonaro dizia que não sabia de nada, todo o seu tempo era dedicado a defender e condecorar os bandidos criminosos milicianos. Agora Bolsonaro teve o sigilo quebrado. Ao mesmo tempo que Fabrício sofria a mesma sanção para dezenas de familiares.

Fabricio está preocupadíssimo, principalmente com o comportamento e declarações do ex-chefe. Assim que teve o sigilo quebrado, o senador declarou em entrevista: "Não cometi nenhuma irregularidade, talvez EU TENHA CONFIADO DEMAIS em Fabrício Queirós".

Não precisa ser muito inteligente, para ENTREVER mudança de solidariedade do senador.

TEMER NOVAMENTE EM LIBERDADE

Ninguém consegue estabelecer a repetida supremacia de Temer sobre a justiça, (com maiúscula ou minúscula?), nas mais diversas oportunidades. Vice que passou a corrupto e usurpador, devia ter sido cassado, foi protegido e salvo durante quase 3 anos, por 2 presidentes do TSE, Toffoli e Gilmar Mendes.

Investigado e acusado pelo STF, devia prestar depoimento no mais alto tribunal do país. Leram ou interpretaram a Constituição de cabeça pra baixo, ficou sendo chamado de presidente até mesmo numa madrugada, recebeu no palácio, um dos dois irmãos Batistas, bandidos e criminosos provados e comprovados. Não lhe aconteceu nada.

Considerado "chefe de organização criminosa", participou do assalto à Angra Três, a empresa nuclear foi roubada em 1 bilhão e 800 milhões de reais. Pela atuação nesse roubo, Temer teve 32 milhões bloqueados pela mesma justiça que o absolve repetidamente.

O julgamento que o libertou ontem, vergonhosamente, foi o mais acintoso contra o direito e a comunidade. Descobriram um ministro que se deu por impedido, para que os ministros votantes, fossem 4 e não 5. (O empate favoreceria o ex-presidente corrupto e usurpador. Nem foi preciso, o HC foi vencedor por unanimidade).

Nenhum tribunal, nem mesmo o STF, pode receber recurso para julgar Temer seria um suicídio jurídico anunciado.

MAIS DERROTAS DO CAPITÃO E DE ALGUNS DOS SEUS MINISTROS

O mais visado pela ignorância e a audácia burra, é o da Educação, que nunca ocupou cargo no setor. Convocado por uma Comissão da Câmara foi triturado sem piedade, durante 5 horas. Ontem foi a vez do plenário da Câmara intimá-lo para depor. Apesar do esforço do capitão para salvá-lo, 307 deputados votaram pela convocação.

Como ainda não tem data marcada, esse número de 307 pode ser aumentado. Principalmente porque o Chefe da Casa Civil, cada vez mais impopular, entrou no circuito da articulação. Dois assuntos quase exclusivos. 1- Corte de verbas das Universidades. 2-Fim dos cursos de Filosofia e Sociologia.

O STF também tem pauta com o corte de verbas do Ministério. Mas no plenário, ministros querem examinar o fim dos cursos de filosofia e Sociologia.

O CAPITÃO JÁ ESTÁ NO TEXAS COMO REVELEI NO DIA 3

Tem encontro marcado com o ex-presidente George W. Bush, que nasceu lá e tem fortuna em poços e refinarias de petróleo. Podia se encontrar com os filhos do "japonesinho" Shigeaki ueki, que fez fortuna colossal como presidente da Petrobras, durante a ditadura que Bolsonaro disse que não houve.

Investiu tudo no Texas, mais rico que a família Bush.

Denunciei a roubalheira, o "presidente" Geisel demitiu-o e nomeou-o Ministro de Minas e Energia, que é quem escolhe o presidente da Petrobras.

Antes da denúncia, controlava um cargo importante. Depois, passou a comandar 2, com o título de Ministro. Geisel (em parceria com Golbery)  adorava isso.

MAIA NÃO FICA MAIS EM SILÊNCIO

Ontem à noite: "Aprovaremos a reforma da Previdência, com Bolsonaro AJUDANDO ou PREJUDICANDO". Mesmo com ele em NY?

O MINISTRO DA EDUCAÇÃO, CRITICADO NA CÂMARA, HUMILHADO NAS RUAS DO BRASIL TODO

Foi um fato simultâneo e inédito. Intimado por 307 deputados, massacrado e metralhado impiedosamente. Pouco antes de chegar ao plenário, teve que ouvir e ler as cobranças feitas pelo general
Hamilton Mourão, vice-presidente eleito. Que foi duríssimo na defesa da coletividade.

Tentou mistificar como forma de "justificativa", não lhe deram trégua ou tranquilidade. Não tinha argumentos para rebater os que exigiam explicações para tantos erros e equívocos.

Isso no plenário.

Nos estados as ruas foram acumulando multidões, vibrantes, entusiasmadas, sabendo que "combatiam o bom combate", como ensinava o Apostolo Paulo. (Que deixou de ser o primeiro Papa, preferiram Pedro
que era mais "compreensivo").

Mesmo com chuva em alguns estados, as manifestações não perderam impacto. Foi uma quarta feira gloriosa e inesquecível em matéria de protestos coletivos.

PAULO GUEDES

Com uma pauta enorme para cumprir no Brasil, o ministro abandona tudo, para acompanhar o capitão, numa auto-homenagem ao Texas. Qual é maior a exibição de vaidade? Perguntei a muita gente, todos responderam: "EMPATA".

*Fonte: Blog Oficial do Jornal da Tribuna da Imprensa. Matéria pode ser republicada com citação do autor