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(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Direitos do Cidadão: Em audiência pública, MPF defende combate à LGBTfobia

Quarta, 22 de maio de 2019
Do MPF
Encontro destacou projeto de lei que estabelece punição em casos de discriminação motivados por questões de identidade de gênero ou orientação sexual
Foto da audiência pública
Foto: PFDC
A inexistência de uma legislação específica em defesa de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais contra a LGBTfobia levou parlamentares e representantes de organizações da sociedade civil a colocar em debate na terça-feira (21) a urgente necessidade de construção de um marco normativo na área para coibir a violência e penalizar os agentes agressores.

A audiência pública, que também contou com a presença da procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, foi promovida pela Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados e destacou o PL 2.138/2015. A iniciativa, de autoria da deputada federal Erika Kokay, altera a Lei de Combate ao Racismo (nº 7.716/989) para punir a discriminação ou preconceito quanto à identidade de gênero ou orientação sexual.
Para Deborah Duprat, o projeto de lei é importante na medida em que incorpora na Lei de Combate ao Racismo a proteção à população LGBTI, da mesma forma como já teria ocorrido em relação a outros segmentos da sociedade historicamente discriminados. Nesse sentido, a procuradora chamou a atenção, ainda, para o julgamento pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de ações que questionam possível omissão do Legislativo em não deliberar sobre a criminalização da homofobia. A matéria está prevista para a sessão do dia 23 de maio do colegiado. 

"Uma sociedade que busca se reorganizar não pode aceitar atos ou discursos que envolvam algum tipo de violência contra as diversidades", afirmou a procuradora ao contextualizar os movimentos emancipatórios em torno da redemocratização do país que garantiram – a partir da Constituição Federal de 1988 – a reconfiguração da sociedade com amplo investimento na educação como estratégia de superação das desigualdades e a restrição do direito penal que costumava ser usado contra as populações mais vulnerabilizadas. 

Janaína Oliveira, da Rede Afro LGBT, destacou a relação entre os discursos de ódio e o crescimento dos episódios de violência, acarretando em maior fragilização de LGBTI. "O que nós estamos pedindo é o direito de viver com dignidade, sem correr o risco de ser exterminados", defendeu. 

A representante do Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT), Daniela da Silva, falou sobre a LGBTfobia institucional e as dificuldades de atendimento da rede que deveria proteger essa população. De acordo com a vice-presidente do Conselho, é primordial que o país estabeleça um arcabouço de leis que assegure vida digna e segura, de modo a fazer o enfrentamento a todas as formas de violência - física e psicológica - que cotidianamente atinge LGBTI. "É de suma importância que o Estado brasileiro e qualquer uma das suas instâncias diga para todo povo brasileiro que LGBTfobia é crime", finalizou
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