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(Millôr Fernandes)

domingo, 26 de maio de 2019

Saúde e bem-estar: Hipertensão

Domingo, 26 de maio de 2019
Por
Aldemário Araújo



SAÚDE E BEM-ESTAR
Registros de uma caminhada em busca de saúde e bem-estar consistentes e duradouros. Veja todos os escritos em: http://www.aldemario.adv.br/saude.htm


SAÚDE E BEM-ESTAR. 52 HIPERTENSÃO
A pressão alta, também conhecida como hipertensão arterial, é considerada uma doença crônica. Caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias, impõe ao coração um esforço adicional (acima do normal) para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente pelo corpo. Trata-se de um dos principais fatores de risco para a ocorrências de: a) acidente vascular cerebral; b) enfarte; c) aneurisma arterial e d) insuficiência renal e cardíaca.

Durante muito tempo a hipertensão foi caracterizada quando a medição mostrasse números acima de 140 por 90 milímetros de mercúrio (mmHg). Popularmente chamada de 14 por 9. Depois, esses níveis foram alterados para 130 por 80. Atualmente, os valores acima 120 por 80 já são considerados anormais. 

A evolução desses números ou níveis de medição para a caracterização de pressão arterial normal levanta uma intensa discussão. Inúmeros médicos e especialistas destacam os efeitos positivos em termos de ações preventivas para problemas cardiovasculares. Por outro lado, inúmeras vozes apontam: a) que a motivação básica para a alteração dos valores seria o aumento na venda de medicamentos voltados para o controle da pressão arterial e b) praticamente todos os médicos, por influência da indústria farmacêutica, “esquecem” de propor mudanças no estilo de vida e prescrevem direta e imediatamente o uso de remédios. 

Veja as considerações presentes no seguinte endereço eletrônico na internet: http://www.sbh.org.br/informacoes.html. Trata-se de uma das páginas integrantes do site da Sociedade Brasileira de Hipertensão. 

“A menos que haja uma necessidade evidente para uso de medicamentos imediato, como no caso de pacientes com níveis de pressão arterial acima de 180/110 mmHg, a maioria dos pacientes deve ter a oportunidade de reduzir sua pressão arterial através de tratamento não farmacológico, por meio de medidas gerais de reeducação, também conhecidas como modificações no estilo de vida”. 

Essas modificações no estilo de vida envolvem, segundo recomendações de vários especialistas: a) beber pelo menos dois litros de água por dia (a desidratação produz um rápido aumento da pressão sanguínea); b) ingerir alimentos naturais de cor verde (couve, brócolis e couve de Bruxelas, por exemplo), por conta da alta concentração de magnésio que diminui a pressão arterial; c) reduzir drasticamente ou eliminar (preferencialmente) o consumo de açúcar refinado; d) ingerir frutas ricas em potássio (banana, por exemplo); e) não fumar; f) limitar severamente ou eliminar (preferencialmente) o consumo de bebidas alcoólicas; g) reduzir o peso excessivo (ou manter o peso ideal); h) realizar exercícios físicos regularmente (uma caminhada diária já ajuda bastante); i) administrar os níveis de estresse (ajudam nesse objetivo: meditação, massagem e música) e j) moderar o uso de sal na alimentação (nessa linha é crucial substituir o sal branco refinado por sal marinho, flor de sal, sal integral ou sal rosa do Himalaia). 

O doutor Alberto Peribanez Gonzalez, no seu livro “Cirurgia Verde”, destaca aspectos normalmente esquecidos no debate sobre o relevante tema da hipertensão. A sua “prescrição médica” de caráter geral e preventivo para o problema não privilegia a administração de medicamentos. Confira: 

“A maior parte das pessoas – e isso inclui a maioria dos estudantes de medicina – aprende a fisiologia circulatória através de leis que regem o coração e os grandes vasos, e mesmo até um nível muito estreito, o das arteríolas, cujo diâmetro chega a 100 mícrons. Mas, se o momento crítico da circulação – o momento em que a circulação se torna ‘respiração’ - é regido pelos vasos mais microscópicos, os capilares, convém aprender um pouco mais sobre esse vasto território. 

Remédios vasodilatadores, por exemplo, são dilatadores do diâmetro dos vasos. Eles atuam sobre os vasos da macrocirculação que são revestidos por músculos lisos, e estes músculos são enervados pelo sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático. Na bacia Amazônica, isso seria equivalente a aumentar as margens de 8.400 rios afluentes com máquinas, para alterar o fluxo de suas águas. Como resultado, veríamos uma redução da força das águas sobre as margens dos grandes rios dragados. No corpo humano, ela equivaleria à redução da pressão arterial medida com o manguito insuflável ao redor do braço. Aqui a artéria braquial, onde a pressão é medida, equivale a um rio afluente. 

Mas as drogas vasodilatadoras não agem nos ‘igarapés’ de nossos sistemas vasculares, ou seja, não agem nos capilares, pois estes não dispõem de musculatura lisa ao seu redor, que é onde a maioria dos remédios dilatadores atua. Para os vasodilatadores agirem, precisam relaxar a parece muscular dos vasos – o fazem, mas apenas nos ‘rios maiores’. O problema persistirá no território mais vasto, o território capilar. Se a Amazônia tem 8.400 rios, quantos igarapés terá? Esse número ao quadrado? E quantos córregos e nascentes? Dezenas de milhares? A medicina busca uma substância que atue nos igarapés, córregos e nascentes de nosso corpo, isto é, na nossa microcirculação. É nela que o ‘elo perdido’ da origem da hipertensão acontece. Esse medicamento seria o Eldorado da farmacologia. Mas ele, assim como o Eldorado, só existe para os olhos de quem sabe ver. 

Dentro dos capilares circulam cerca de 70 por cento de todo o volume sanguíneo. Considerando que temos mais ou menos 5 litros de sangue no corpo, apenas 1,5 litro de sangue se encontra nos grandes vasos pulsáteis e de volume, que podemos ver e sentir, enquanto 3,5 litros estão contidos dentro de microvasos – os capilares – invisíveis para nós, com paredes de células tênues, sem músculos e regidos pelas leis de fluxo capilar. 

Não é preciso ser médico ou cientista para entender essa importante chave. Quem manda em nosso território de resistência e, por consequência, em nossa pressão arterial? O ‘pequeno’ território de vasos arteriais de grande porte ou o ‘gigantesco’ território de vasos capilares de ínfimo calibre? 

Um dos meus mestres na Alemanha, o dr. Michael Menger, menciona em um de seus artigos publicados no American Journal of Physiology que é no nível da microcirculação que praticamente todas as doenças começam e depois se agravam. 

Aí repousa uma espécie de ‘Santo Graal’ da medicina: aquele que ‘descobrir’ a substância que atue sobre a microcirculação e reduza a resistência do tecido ao fluxo sanguíneo ocupará um lugar entre os mais respeitados pesquisadores. 

Mas aqui compartilho com o leitor um segredo. A única substância que pode agir no nível da microcirculação, evitando não apenas as manifestações da hipertensão, mas de todas as doenças crônicas e degenerativas desse território, não é ‘uma’ substância, mas um fractal delas. É a alimentação baseada em vegetais, orgânica, viva e saudável, composta de bilhões de moléculas que agem como nanocirurgias operando os capilares em sua intimidade”.