Quarta, 28 de maio de 2014

Por Mauro Santayana
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O governo dos EUA acusou, formalmente, há alguns dias, cinco
militares chineses, de uma suposta “Unidade 61398”, com sede em Xangai, de
atividades de espionagem eletrônica. Sua finalidade: o “roubo de informações
industriais” de empresas norte-americanas, para entrega a concorrentes chineses
- principalmente indústrias estatais.
Trinta e uma acusações foram feitas pelo Estado da
Pensilvânia contra Wang Dong, Sun Kailiang y Wen Xinyu, por responsabilidade
material, e contra Huang Zhenyu e Gu Chunhui, pela manutenção da infraestrutura
usada nas operações de infiltração. Eles podem ser condenados à revelia,
de dez a quinze anos de prisão.
Entre as empresas e instituições norte-americanas
supostamente prejudicadas, citam a Westinghouse, a filial da alemã Solarworld,
a U.S. Steel, a Alcoa, a Allegheny Technologies, e a United Steel Workers, que
congrega empregados do setor siderúrgico. Os dados desviados teriam a ver com o
desenho de uma usina nuclear; com disputas comerciais com a China, nas
áreas de produção de aço e células solares. E também com o roubo de credenciais
de acesso de funcionários à empresa Allegheny Technologies.
Em rematado exercício de cinismo - considerando-se a lisura
dos Estados Unidos na matéria - John Carlin, o diretor do FBI encarregado da
Divisão de Segurança Nacional da instituição, afirmou: "que fique claro,
que essa conduta é criminal e que não é a que se espera de uma nação
responsável e nem que seja tolerada pela comunidade econômica global”, e,
também, que os EUA “não exercem atividades de espionagem em benefício de suas
empresas.”
O Sr. Carlin poderia, explicar, então, junto às outras
autoridades norte-americanas, encarregadas do caso, em benefício de quem foi
espionada a Petrobrás, além do próprio governo brasileiro, e cidadãos de
todo o mundo.
Ou responder o que ocorreria, se, em resposta às atividades
de espionagem eletrônica em massa das agências norte-americanas de informações,
o governo chinês, o brasileiro, e tantos outros, decidissem levar aos tribunais
os milhares de funcionários que trabalham espionando para o governo dos Estados
Unidos, todos os dias, apenas na NSA.
Chumbo trocado não dói. Se os EUA estão preocupados com a
espionagem chinesa - embora do ponto de vista moral não tenham nenhuma
condição para isso - os chineses agem, também, da mesma forma, ao
proibir, como fizeram, também ontem, a utilização do Windows 8 como sistema
operacional em computadores de sua administração pública.
Quanto
aos acusados, a China já disse que não vai extraditar os seus soldados. E
declarou que vai romper, a partir de agora, a tênue cooperação que tinha, com
os Estados Unidos, no campo da segurança cibernética.Fonte: Blog do Mauro Santyana