Sexta, 24 de janeiro de 2014
Cinco trabalhadores sem terra foram assassinados. Imagem da internet
= = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = = =
Alex Rodrigues - Repórter Agência Brasil
A Justiça de Minas
Gerais condenou mais dois réus no processo que julga o chamado Massacre
de Felisburgo, ocorrido em novembro de 2004, e no qual cinco
trabalhadores sem terra foram mortos e outros 12 ficaram feridos.
Francisco de Assis Rodrigues de Oliveira e Milton Francisco de Souza
foram condenados a 102 anos e seis meses de reclusão, cada um, por
tentativa de homicídio, homicídio qualificado e por terem colocado fogo
no acampamento Terra Prometida, montado pelos sem-terra. A pena dos
réus, que vão recorrer em liberdade, foi anunciada aproximadamente às
1h30 de hoje (24).
Durante o julgamento, iniciado na manhã de ontem, foram ouvidas três
testemunhas de defesa. Em seguida, o júri ouviu Oliveira, que afirmou
não ter matado ninguém. Oliveira garantiu que, no dia do crime, estava
em um bar, versão confirmada por uma das três testemunhas de defesa.
Para Oliveira, seu nome foi envolvido no caso por vingança.
A hipótese de vingança também foi mencionada por Souza, ouvido logo
após Oliveira. A vingança, em ambos os casos, poderia, segundo os
condenados, estar associada às denúncias de que, pouco antes da chacina,
os dois teriam participado do roubo de gado da fazenda de Adriano
Chafik Luedy, já condenado como mandante do ataque aos sem-terra. Em
suas defesas, Souza e Oliveira lembraram que os exames a que foram
submetidos não indicaram a presença de resíduos de pólvora.
Durante o julgamento, Souza sentiu-se mal e teve que ser levado para
atendimento médico externo. Com a concordância do advogado de Souza e de
Oliveira, Heleno Batista Vieira, a sessão continuou. Vieira sustentou
que seus clientes foram incriminados na tentativa de encontrar culpados
por um crime de repercussão nacional, mesmo que nada tivesse a ver com o
caso, razão porque, ao contrário de outros suspeitos, não fugiram,
permanecendo em Felisburgo até serem detidos.
Das 15 pessoas denunciadas pelo Ministério Público, dez permanecem
foragidas. O dono da fazenda ocupada pelos sem-terra, Adriano Chafik
Luedi, e Washington Agostinho da Silva foram condenados em outubro de 2013, mas aguardam, em liberdade,
o julgamento da liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que lhes
garantiu o direito de recorrer da decisão em liberdade. Luedi foi
condenado a 115 anos de prisão. Silva, a 97 anos e seis meses. Outro
acusado, Admilson Rodrigues Lima, morreu antes de ser levado à júri.