Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

sexta-feira, 26 de julho de 2024

JULHO DAS PRETAS 'O candomblé é uma escola', diz Mãe Dora de Oyá

Sexta, 26 de julho de 2024

Para a ialorixá, a religião afro-brasileira e o samba são indissociáveis: "levam uma mensagem de resistência"

Bianca Feifel
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 25 de julho de 2024

Mãe Dora de Oyá tem trajetória de militância e resistência por meio da cultura - Valter Campanato/Agência Brasil.

Fé, samba e ancestralidade – esta é a tríade que sustenta Mãe Dora de Oyá em sua trajetória de resistência no Distrito Federal e Entorno. Mulher negra multifacetada, além de Ialorixá do Ilê Axé T’ojú Labá, terreiro de candomblé localizado em Cidade Ocidental (GO), Dora Barreto é educadora social, fisioterapeuta, militante, cantora e compositora.

Para a sacerdotisa, o candomblé é uma “grande escola” e um espaço de formação de identidade, de caráter e de musicalidade. Os princípios da religião afro-brasileira a acompanham desde pequenina, quando também teve os primeiros contatos com o samba, dons transmitidos pelos bisavós.

“Meu bisavô sempre disse que eu ia cuidar de muita gente. É óbvio que eu nunca imaginei que seria como ialorixá”, relatou em entrevista ao Brasil de Fato DF. Foram os bisavós benzedeiros que apresentaram à pequena Dora as rezas e o poder das folhas.

Em 21 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa / Tony Winston/Agência Brasília

Nascida em Riachão das Neves, interior do oeste baiano, Mãe Dora chegou à Brasília na década de 70, após perder a mãe quando ainda tinha apenas 6 anos. Foi nesse momento que teve seu primeiro contato com o racismo.

“Eu devia ter oito para nove anos. Eu entendi que aquilo ali nos diferenciava do resto das crianças. Eu não entendia o que significava, mas eu sabia que era uma coisa ruim”, conta.

Apesar de ter sido um dos nomes mais apontados quando a reportagem perguntou a mulheres negras do DF quem elas gostariam de ouvir no Julho das Pretas, Mãe Dora não se considera uma referência.

“Todas as vezes que eu tô fazendo isso, eu nunca estou pensando em me transformar numa referência. Eu tô pensando que eu sou só mais um braço dessa luta, que precisa ser de todas nós”, afirma.

Confira, abaixo, a entrevista completa com Mãe Dora de Oyá para o Brasil de Fato DF:

Brasil de Fato DF – Nos conte um pouco sobre a sua origem e trajetória. Tendo em vista que a senhora é uma mulher negra multifacetada – ialorixá, sambista, militante, fisioterapeuta, educadora – como todas essas versões nasceram e coexistem?

Mãe Dora de Oyá – Eu acho que isso vem desde muito pequena, por conta dos meus bisavós. Eu perdi minha mãe muito cedo, com 6 anos, e fui criada pelos meus bisavós maternos. O meu bisavô, um moçambicano, e a minha bisavó, uma [indígena] pataxó. E aí que desde muito pequena, meu bisavô foi colocando essa coisa da música, e a música muito como esse lugar de resistência. E depois veio a luta mesmo.

Quando eu fui descobrir o racismo, que a gente não falava de racismo, eu já estava em Brasília. Eu vim para cuidar dos meus irmãos pequenos. As pessoas da vizinhança não queriam que os filhos brincassem conosco, porque nós não tínhamos mãe, meu pai trabalhava muito, então a gente ficava a criançada sozinha em casa. Diziam que não queriam que os filhos brincassem e usavam, inclusive, termos bem pejorativos, no sentido de que essas meninas vão tudo, desculpa a expressão, virar puta e esse menino vai virar marginal. Eu devia ter oito para nove anos. Eu entendi que aquilo ali nos diferenciava do resto das crianças. Eu não entendia o que significava, mas eu sabia que era uma coisa ruim.

E aí a gente começou a fazer brinquedos lúdicos dentro do quintal, para não ir pra rua. Então a gente brincava entre a gente. Fazia pipa para o meu irmão, brincava de bolinha de gude, de jogar dominó essas coisas que você vai desenvolvendo para não ter que conviver com esse tipo de coisa. Eu não sabia que era racismo, mas sabia que era uma coisa ruim.

Tudo isso foi me formatando para a mulher que eu sou hoje, de entender e de lutar contra aquilo [racismo]. Depois, eu fui crescendo e fui fazer militância política. E aí eu fui entendendo que isso era racismo. Desde sempre, então, a minha trajetória passa muito por isso, por essa coisa da infância mesmo, de saber que nós éramos diferentes no sentido de que os pais não queriam que nós brincássemos porque a gente não teria futuro. Que coisa, né? Como se as pessoas definissem o nosso caráter e o futuro.

E a sua relação com o samba também veio desse núcleo familiar?

Sim, porque o meu bisavô tocava rabeca. Todo final do dia ele chamava os netos, fazia uma grande roda e botava a gente para versar. Olha que coisa engraçada, né? Para a gente era só uma brincadeira. Ele puxava uma cantiga e botava a gente para completar essa música. Eu era pequenininha, tipo 3 anos. Samba de roda, também com 3 anos, ele tentou botar a gente pra dançar, pra sambar em volta de uma fogueira.

Mas eu nunca pensei que isso fosse alguma coisa que tivesse tanta relevância que tem hoje. Mas há muito tempo, eu entendo que isso era uma forma de resistência e e de nos mantermos unidos.

Agenda Cultural do Gama desta sexta (26/7) até domingo (28/7)

Sexta, 26 de julho de 2024

🎭AGENDA CULTURAL GAMA - 2024🎶

🗓️26/07 (Sexta)

🎼ESPECIAL DE BOSSA NOVA🎶

Juan Ricthelly - 23h - Coreto


🪘Samba da Diretoria - 19h - Skull

🎸Junior Johns – 20h – Supremo

🎼 Cássio Eduardo - 20h - Quintal BDS

🎶Joice Manssoto - 20h30 - Armazém 21 

🎵Edu Souzza - 20h30 - Cangaia

🎶Ray Silva – 21h – Dubai

🎸No Surrender – 21h – Trend’s

🎵 Matheus Barreto - 21h - Churrasquinho do Dudu

🎶 Diego Costa - 21h - Espaço Gourmet 


🌻TERREIRO CULTURAL

Negro Negro - 22h

AKasaD’ Ghêzo - Lago Azul


🗓️27/07 (Sábado)

📝MUTIRÃO DE CREDENCIAMENTO CEAC

13h/16h - Biblioteca Pública do Gama


🌻TERREIRO CULTURAL

Jairo Mendonça - 18h

Frances Correia - 20h

Cleyson Batah - 22h

AKasaD’ Ghêzo - Lago Azul


🌵Dygo Moreno – 12h – Cactos Restaurante

🎸Bartô Blues Band – 14h – Supremo

🎶Jorge Melo e Lucas Vaz - 15h - Armazém 21

🎶Léo Mineiro e Cuiabano - 15h - Armazém 21 

🎵Swing Forró Pegada - 19h - Bar dos Cornos

🎸Bartô Blues Band – 20h – Supremo

🎵 Lorena Carvalho - 20h - Quintal BDS

🎶Edu e Dablio - 20h30 - Armazém 21 

🌹Noite Delas – 21h – Dubai

🎶Black Wolves – 21h – Trend’s

🎸Cláucio Silva - 23h - Coreto


🗓️28/07 (Domingo)

📽️CIRCUITO DE CINEMA BRASÍLIA ENTORNO

Vila Roriz - 19h


🎸Wolf Menezes - 13h30 - Armazém 21 

🎸Roberval e-Banda7 - 14 - Nonato’s Rock Bar

🪘Samba da Diretoria - 14h - Skull

🪘Pagodinho do Curió - 15h - Curió

🎸Junior Johns - 17h - Supremo

🎶 Júnior Silva - 18h - Armazém 21 

🎵Alessandro Carvalho - 20h - Trend’s


*🎙️KARAOKÊ (AO VIVO) *

Frances Correira - 20h - Coreto


🔄Atualização: 25/07/2024


Juan Ricthelly 

AS ESQUERDAS DOMESTICADAS PELO SISTEMA

Sexta, 26 de julho de 2024


AS ESQUERDAS DOMESTICADAS PELO SISTEMA

Aldemario Araujo Castro
Advogado
Mestre em Direito
Procurador da Fazenda Nacional
Brasília, 26 de julho de 2024

"Com a desistência do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de concorrer à reeleição, sua vice, Kamala Harris, está praticamente ungida como candidata./Mas Kamala, além de ser a candidata natural, como vice, já desponta nas pesquisas eleitorais empatada com o candidato do Partido Republicano, Donald Trump./Trump agora muito provavelmente vai enfrentar uma mulher preta com ideias moderadas. Nem tanto à esquerda para que possa seduzir os de centro, nem tanto à direita para que possa ser confundida com o trumpismo./E isso era dado como praticamente certo num embate contra Joe Biden. Agora, contra Kamala Harris, o futuro para a trumpismo se torna mais incerto" (fonte: noticias.uol.com.br)

"Uma multidão de milhares, formada principalmente por jovens, voltou a se reunir, neste mesmo 18/7, na Praça da República, em Paris. Agora, ao invés de protestar contra a ultradireita, dirigiam-se à Nova Frente Popular (NFP). A mensagem era clara, mostra uma reportagem do jornal Médiapart: Não vacilem. Formem logo um governo. Executem o programa que os elegeu" (fonte: outraspalavras.net).

"O governo federal irá anunciar nesta segunda-feira (22/7) detalhes do bloqueio e contingenciamento no Orçamento de 2024. Os números serão apresentados no Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias (RARDP) do 3º bimestre. Na última quinta-feira (18/7), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adiantou que serão congelados R$ 15 bilhões./O número foi definido após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com ministros da equipe econômica, no âmbito da Junta de Execução Orçamentária (JEO). A informação foi adiantada para conter ruídos no mercado financeiro" (fonte: metropoles.com).

Esses três registros recentes, no amplíssimo campo das esquerdas (no plural), possuem um denominador comum. Esses setores políticos mais progressistas não pretendem implementar um programa socioeconômico de natureza verdadeiramente popular. Todos se preparam para administrar as estruturas fundamentais do sistema capitalista-rentista, com algum verniz de preocupação com a justiça social e como alternativas às vertentes de ultradireita que flertam com a barbárie.

O caso dos bloqueios e contingenciamentos brasileiros não poderia ser mais elucidativo. A velha e surrada fórmula da austeridade extrema, agora sob a roupagem do arcabouço fiscal, poupa os juros da dívida pública, mas recai sobre despesas sociais relevantíssimas. Não é de se estranhar, portanto, o explícito apoio do mercado financeiro ao Ministro da Fazenda. “Haddad conta com ‘apoio institucional’ do setor bancário, diz presidente da Febraban./’Nós saímos convencidos desse encontro de que o ministro Fernando Haddad está determinado a buscar o equilíbrio das contas públicas’, afirmou Isaac Sidney após reunião em São Paulo (SP)” (fonte: infomoney.com.br).

Chuva de gatos


Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos   dias”.
L&PM Editores, 2ª edição, pág. 238.

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Leia também:

quinta-feira, 25 de julho de 2024

PPCUB: Fórum de entidades nacionais condena projeto do GDF

Quinta, 25 de julho de 2024
Foto de Marcello Casal JR. -Agencia Brasil

Quinze entidades científicas e de representação profissional, de âmbito nacional, lançam nota oficial pública para condenar o PPCUB e reivindicam a elaboração de um novo projeto. Consideram “falsas” as afirmações de que o texto já aprovado na CLDF vá proteger o Conjunto Urbanístico de Brasília. Críticas também sobraram para a atuação do Iphan nesse processo. Foto de Marcello Casal Jr/Agência Brasil.

Por Chico Sant’Anna

A polêmica em torno do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília extrapola os limites do Distrito Federal e ganha contornos nacionais. Quinze entidades, organizadas por meio do Fórum de Entidades em Defesa do Patrimônio Cultural Brasileiro, lançaram nota onde se manifestam contrárias Projeto de Lei Complementar (PLC) 41/2024, que institui o PPCUB. Especialistas antecipam que no ano que vem, quando a Unesco vai avaliar as condições de preservação do Plano Pioto dr Lucio Costa, há sérios riscos de Brasília perder a sua condição de Patrimônio Cultural da Humanidade.

Dentre as organizações signatárias estão a Federação Nacional dos Arquitetos (FNA), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), o Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA) e a Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS) – confira a íntegra dos signatários aqui.

A nota oficial salienta que o projeto original, na versão elaborada pelo GDF, traz “graves problemas” que foram agravadas pela centena de emendas parlamentares de última hora que alteraram substancialmente diversos pontos de seu conteúdo. “Este Fórum propugna pela suspensão dos efeitos do PPCUB e por sua inteira revisão” – diz o texto.

Leia a íntegra

Ministério Público: PMDF deve investigar invasão de policiais a terreiro em Planaltina

Quinta, 25 de julho de 2024


Do MPDF

Promotoria Militar requisitou à Corregedoria da Polícia Militar a instauração de procedimento de investigação no prazo de dez dias

A 3ª Promotoria de Justica̧ Militar requisitou, nesta quinta-feira, 25 de julho, que a Corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) instaure procedimento de investigação preliminar para apurar a invasão de um terreiro religioso, por policiais militares, em Planaltina, durante a captura de um suposto traficante de drogas. A Polícia Militar tem o prazo de dez dias para instaurar a investigação.

A Casa Ilê Asé Omin Yeminjá Ogunté teria sido invadida pela PMDF na noite de 23 de julho, por volta das 18h30, durante a captura de um homem que, supostamente, traficava drogas em via pública. Em uma das filmagens divulgadas, o homem já entra no terreiro ferido na cabeça e algemado. Em outro vídeo, agentes da corporação proferem palavrões contra as pessoas que estavam no local.

A requisição do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) foi motivada a partir de notícias publicadas na imprensa.

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Leia sobre a invasão no terreiro Casa Ilê Asé Omin Yeminjá Ogunté, localizada em Planaltina: 

“MACUMBÃO”

Em Planaltina, PMDF invade terreiro e chama espaço de 'inferno'

Caso aconteceu na noite desta terça-feira (23) e Pai de Santo relata momentos de violência

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
 
PMDF teria chamado terreiro de 'desgraça' e 'inferno' - Foto: Reprodução

A Casa Ilê Asé Omin Yeminjá Ogunté, localizada em Planaltina, teve o espaço invadido na noite desta terça-feira (23) pela Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF). Na ocasião, a polícia estava em busca de um homem que, supostamente, realizava tráfico de drogas em via pública. 

De acordo com vídeos divulgados e relatos, o homem, já algemado, entrou no terreiro perseguido pelos policiais. Nas imagens, é possível ver quando um agente da Polícia segura o homem pelo braço, que estava com ferimentos na cabeça. Em outro momento, outros policiais pulam o muro do terreiro em busca do suposto traficante.

Leia a íntegra

HONESTINO, PRESENTE! Artigo - Memória, Verdade e Justiça para os nossos mortos

Quinta, 25 de julho de 2024

Cerimônia de entrega de diploma póstumo a Honestino Guimarães acontece nesta sexta (26), às 15h30, na UnB - Foto: Reprodução

"Agora a UnB decidiu conceder o diploma a Honestino e reverter sua expulsão injusta"

Betty Almeida*
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 25 de julho de 2024

Em 1968, o movimento estudantil estava em ascensão no Brasil, como em todo o mundo. Era movido pela luta de classes, pelo desejo dos estudantes de transformar a sociedade, de reorganizar o modo de produção da sociedade, para que os trabalhadores, que produziam os bens, pudessem usufruir do produto do seu trabalho. E era preciso tomar o poder para criar essa nova sociedade. Mas esse poder estava nas mãos daqueles que se beneficiavam do trabalho para enriquecer, e não abriam mão de seus privilégios, não abandonavam o poder pacificamente.

Os jovens trabalhadores e os estudantes eram a nova geração progressista, em conflito direto com os detentores do poder, encarniçados em suas posições de dominação e habituados a explorar para lucrar. Havia ainda a luta entre gerações amalgamada com a luta de classes. Novos conceitos, nova moral, nova consciência, emergiam. Mulheres e minorias étnicas e sexuais reivindicavam direitos e lutavam por eles.

Os trabalhadores queriam fazer valer seus direitos e para isso era necessário construir uma nova sociedade. Muitas organizações políticas surgiram, reunindo os que pretendiam empreender a transformação da sociedade. E muitos se lançaram de corpo e alma nessa luta. Um desses militantes era Honestino Monteiro Guimarães, que, como tantos, renunciou ao convívio familiar e às perspectivas de sucesso pessoal para viver como clandestino, perseguido pela repressão política que tinha como objetivo exterminar aqueles que ameaçavam organizar os oprimidos para que tomassem o poder e construíssem uma nova e justa organização social.


Honestino era estudante de geologia na Universidade de Brasília. Sua consciência dos problemas que afligiam o povo brasileiro, as classes trabalhadoras e os estudantes o fez participar do movimento estudantil e da luta contra a ditadura. Foi eleito presidente da Federação dos Estudantes da Universidade de Brasília e organizava os estudantes para a luta política em defesa do ensino universitário público, gratuito, democratizado, aberto aos jovens de todas as classes sociais.

Nesse contexto, participou da expulsão do quadro docente da UnB de um falso professor, que forjara documentos para aproveitar-se da situação de instabilidade depois dos ataques da ditadura à UnB por ocasião do golpe militar de 1964 e introduzir-se na UnB.

No dia 26 de setembro de 1968 o Conselho Diretor da UnB, formado por Adroaldo Dias de Mesquita, Amadeu Cury, Antonio Moreira Couceiro, Ivan Luz, Plínio Cantanhede e presidido pelo então reitor Caio Benjamin Dias, excluiu Honestino Monteiro Guimarães, (que apesar das perseguições já havia completado a maior parte dos créditos necessários para se formar) do quadro discente da UnB. No mesmo dia, excluiu também o falso professor, Ricardo Román Blanco. E na mesma data, o reitor Caio Benjamin Dias nomeou vice-reitor o professor José Carlos Almeida Azevedo, que era também capitão-de-fragata da Marinha. Azevedo, em todos os longos anos em que foi vice-reitor e depois reitor, dedicou-se a vigiar e punir os estudantes, professores e demais trabalhadores da UnB. Aplicou punições de expulsão e suspensão a dezenas deles.

A Honestino, expulso da UnB, já condenado em alguns processos e perseguido por mandados de prisão, sem direito a habeas corpus pelo AI-5, restou a clandestinidade, até ser localizado e capturado pelos carrascos da ditadura. Não foi preso formalmente, mas sequestrado, sem testemunhas, e nunca mais foi visto.

Receita para disseminar a peste

Receita para disseminar a peste


No Século XIV, os fanáticos guardiães da fé católica declararam guerra contra os gatos nas cidades europeias.

Os gatos, animais diabólicos, instrumentos de Satã, foram crucificados, empalados, desossados vivos ou jogados nas chamas.

Então os ratos, liberados de seus piores inimigos, se fizeram donos das cidades. E a peste negra, transmitida pelos ratos, matou trinta milhões de europeus.


Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”.
Editora L&PM, 2ª edição, página 237.

quarta-feira, 24 de julho de 2024

Ouro argentino enviado por Milei para Europa pode ‘não voltar mais’, alerta economista

Quarta, 24 de julho de 2024

Do Sputnik
23 de julho de 2024
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© Foto / PublicDomainPictures

Sputnik – A decisão do ministro da Economia argentino, Luis Caputo, de enviar reservas de ouro para o exterior torna muito difícil para o país recuperá-las, disse o economista Juan Valerdi à Sputnik.

O especialista garantiu que a Argentina poderá sofrer a apreensão do ouro caso deixe de garantir qualquer pagamento ou não aja “como quer a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte]”.

A saída das reservas de ouro do país havia sido alertada publicamente pelo sindicalista bancário e deputado da oposição Sergio Palazzo, que enviou um pedido de informações ao Banco Central argentino em resposta a relatos sobre supostas “operações de envio de barras de ouro ao exterior” durante o mês de junho.




O parlamentar perguntou se houve dois carregamentos de ouro especificamente nos dias 7 e 28 de junho e se as barras realmente partiram em um voo da British Airways.

Parte das suspeitas de Palazzo foram corroboradas pelo próprio ministro da Economia argentino, Luis Caputo, durante entrevista ao jornal argentino La Nación, na qual, embora não tenha dado informações sobre o destino dos lingotes, garantiu que a transação é “muito positiva” porque guardar as reservas dentro do banco “é como se você tivesse um imóvel lá dentro e não pudesse usar para nada”.

VENENO 'Valemos menos': situação do Brasil frente à União Europeia é sub-humana, diz Larissa Bombardi sobre agrotóxicos

Quarta, 24 de julho de 2024
Pesquisadora fala sobre herança colonialista no uso de
substâncias produzidas por multinacionais europeias

Rádio Brasil de Fato
Bombardi: "o campesinato brasileiro é um campesinato que nasce sem terra. É um campesinado excluído. É uma sociedade que se constrói na exclusão" - Terra de Direitos

A população brasileira é tida como sub-humana frente à União Europeia (UE). A constatação é da pesquisadora Larissa Bombardi, que estuda os impactos e o funcionamento do comércio mundial de agrotóxicos. "Quando eu olho o fato de que no Brasil o resíduo de glifosato autorizado na água potável é cinco mil vezes maior do que aquele autorizado na União Europeia. Quando eu vejo que o resíduo de malationa no Brasil é 400 vezes maior do que o autorizado na União Europeia, sou obrigada a pensar que, no conjunto das relações internacionais, a população brasileira, latino-americana e africana é tida como sub-humana. Nós valemos menos."

Dos dez agrotóxicos mais vendidos no Brasil, cinco são proibidos na UE. Isso significa que são autorizados em território nacional agrotóxicos cancerígenos, que provocam má formação fetal, alterações hormonais, infertilidade e mal de Parkinson, por exemplo.

Por trás disso, empresas como as alemãs Bayer e Basf, as estadunidenses Corteva e FMC, a estatal chinesa Syngenta e a indiana Upl venderam, em 2020, juntas, US$ 43 bilhões dessas substâncias. Mais de 80% desse mercado é controlado pela Bayer, Corteva e Syngenta. 

Novo colonialismo

A autorização de venda de agrotóxicos proibidos na UE para nações do sul global, como o Brasil, coloca o país numa nova espécie de colonialismo, que se une, segundo Bombardi, à concentração de terras, à violência contra povos originários e às nossas origens escravocratas.

"A gente tem uma oligarquia que controla politicamente o país, que representa esse monopólio das terras no Brasil, que se afina com os interesses externos. O campesinato brasileiro é um campesinato que nasce sem terra. É um campesinado excluído. É uma sociedade que se constrói na exclusão."

A análise está posta em Agrotóxicos e Colonialismo Químico, livro lançado em outubro do ano passado e divulgado pela própria autora no Brasil somente neste mês, quando ela finalmente volta - ainda que de passagem - ao país. Bombardi está há três anos exilada na Europa por conta de ataques sofridos após a divulgação do Atlas Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia, publicado em 2017. 

Dentre as ameaças sofridas por ela estiveram um pedido para "fechar a boca, porque está falando demais" em um programa de rádio e um convite para passear em um avião de pulverização de agrotóxicos. "Em um determinado momento, os movimentos sociais disseram: 'Você não pode continuar usando as mesmas rotas, os mesmos horários, tem que evitar rotina'", o que é humanamente impossível para uma mãe solo de dois filhos.

PROTEÇÃO AMBIENTAL —Conferência distrital de Unidades de Conservação debate sobre desafios na gerência das áreas de preservação do DF

Quarta, 24 de julho de 2024

Atualmente são 82 UCs e uma Reserva do Patrimônio Natural sob gestão do Brasília Ambiental

Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 24 de julho de 2024

Evento também teve como proposta dialogar sobre o futuro das UCs do DF e fortalecer as redes de apoio à proteção ambiental - Foto: Divulgação/Brasília Ambiental

A primeira Conferência Distrital de Unidades de Conservação do Distrito Federal foi realizada, nesta segunda (22), com objetivo de debater sobre os desafios e a gerências das Unidades de Conservação (UCs). O evento foi realizado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), por meio da Superintendência de Unidades de Conservação (Sucon).

As UCs são espaços que garantem a preservação, utilização sustentável, restauração e a recuperação do ambiente natural. As unidades formam um banco genético, pois conservam a amostras de diferentes ecossistemas, segundo o Brasília Ambiental.

"São elas que mantém a preservação do meio ambiente e ajudam, principalmente, a evitar essa utilização indevida do solo. As unidades são consideradas pontos verdes de preservação da fauna e da flora, elas são pontos incrustados da nossa cidade", destaca a Superintendente de Fiscalização Ambiental do Ibram, Simone Moura Rosa.

Malditos sejam os pecadores

Malditos sejam os pecadores


No idioma aramaico, que Jesus e seus apóstolos falavam, uma mesma palavra significa dívida e pecado.

Dois milênios depois, os pobres do mundo sabem que a dívida é um pecado que não tem expiação. Quanto mais você paga, mais você deve; e no Inferno está a sua espera o castigo dos credores.

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos   dias”.
L&PM Editores, 2ª edição, pág. 236

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Leia também: Gêmeos

terça-feira, 23 de julho de 2024

ELEIÇÕES 2024 —Maduro rebate Lula e explica contexto de declaração sobre 'banho de sangue'

Terça, 23 de julho de 2024
Brasileiro pediu 'respeito aos resultado das eleições'; para o venezuelano, extrema direita é responsável por violência

Redação
Brasil de Fato | Caracas (Venezuela) | 23 de julho de 2024

Maduro havia dito que a derrota do governo poderia levar a uma situação de instabilidade e violência provocada "pelos fascistas"

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rebateu nesta terça-feira (23) as críticas sobre sua fala em relação ao “banho de sangue”. Em discurso de campanha, o chefe do Executivo disse que “quem se assustou, que tome um chá de camomila”. "Eu não disse mentiras. Apenas fiz uma reflexão. (...) Na Venezuela vai triunfar a paz, o poder popular, a união cívico-militar-policial perfeita", afirmou.

Ainda no palco, Maduro explicou que o “banho de sangue” a que ele se referiu seria promovido pela própria direita. "Eu disse que se a extrema direita chegasse ao poder na Venezuela haveria um banho de sangue. E não é que eu esteja inventando, é que já vivemos um banho de sangue, em 27 e 28 de fevereiro", afirmou o presidente.

A data usada por Nicolás Maduro faz referência ao Caracazo, movimento realizado em 1989 contra as medidas liberais do então presidente Carlos Andrés Perez. Ao todo, organizações sociais e familiares de vítimas contabilizaram 396 mortes a partir dos confrontos daqueles dias. Maduro disse que a história mostrou que esse tipo de atitudes é “um banho de sangue. Foi isso que alertei esses dias”.

Na última quinta-feira (18), durante um ato de campanha, o presidente venezuelano disse que a derrota do governo poderia levar a uma situação de instabilidade e violência provocada "pelos fascistas", afirmando que o país poderia cair em uma “guerra civil” e ocorrer "um banho de sangue" caso o governo saia derrotado.

“O destino da Venezuela, no século 21, depende da nossa vitória em 28 de julho. Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil fratricida, produto dos fascistas, garantimos o maior sucesso, a maior vitória na história eleitoral do nosso povo”, afirmou em discurso.

No dia seguinte, o presidente do Parlamento venezuelano, Jorge Rodríguez, justificou a fala de Maduro e afirmou que a possibilidade de conflitos se daria porque a parte mais extremista da oposição perseguiria os chavistas caso chegasse ao poder. Ele ainda garantiu que o governo vai reconhecer o resultado das eleições e vai sair às ruas para defender o resultado “nem que seja com a nossa própria vida”.

Cidadania-DF: De volta ao futuro

Terça, 23 de julho de 2024

Partido convoca Cristovam Buarque para revitalizar a legenda e basculá-la à esquerda. Nova Executiva e diretório regional foram eleitos. A ideia é reposicionar o Cidadania para as eleições de 2026. A retomada da denominação Partido Popular Socialista – PPS é, inclusive, cogitada.

Por Chico Sant’Anna
O Cidadania quer ser uma legenda de densidade no cenário política no Brasil e no DF. Para isso, em setembro de 2023, afastou o ex-deputado Roberto Freire, que presidia a legenda desde 1992. Em Brasília, sobrou para a deputada Paula Belmonte. Ela foi afastada da direção local e uma executiva provisória foi constituída. Nessa semana, um congresso extraordinário elegeu uma nova direção executiva e um novo diretório regional. Para modernizar o partido e reinseri-lo nesse novo cenário político foi convocada uma liderança bem veterana: o ex-governador Cristovam Buarque.

Buarque já foi reitor, governador, senador, ministro da educação; foi do PDT e do PT. Cristovam, como ministro da Educação do governo Lula 1 (de 1º de janeiro de 2003 a 23 de janeiro de 2004), foi demitido por telefone e passou a adotar um posicionamento bastante crítico aos petistas. Migrou pro Cidadania, na expectativa de vir a ser um nome presidenciável nas eleições de 2014. Roberto Freire, contudo, preferiu apoiar o tucano Aécio Neves. Votou a favor do impeachment de Dilma Roussef. Um posicionamento visto por muitos como conservador e rancoroso, que lhe custou a reeleição ao Senado Federal em 2018. Em 2022, contudo, foi uma das primeiras vozes não petistas a se apresentar em apoio a candidatura de Luís Inácio da Silva.

Leia a íntegra

Estudo vê chance de recuperação de meio milhão de hectares de caatinga

Terça, 23 de julho de 2024
© Gabriel Carvalho/Setur-BA

Áreas ficam na Paraíba, Pernambuco e no Rio Grande do Norte

Publicado em 23/07/2024 - Por Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

Um levantamento feito pela fundação holandesa IDH, com apoio do instituto de pesquisa WRI Brasil, mostra que há, pelo menos, meio milhão de hectares de caatinga com potencial de restauração. Segundo o estudo, divulgado nesta terça-feira (23), em São Paulo, as áreas ficam no Cariri Ocidental, na Paraíba; no Sertão do Pajeú, em Pernambuco; e no Sertão do Apodi, no Rio Grande do Norte.

A pesquisa destaca que a vegetação nativa restaurada poderá oferecer oportunidades econômicas sustentáveis, proporcionando renda e empregos para as populações locais. Entre outros benefícios, a restauração da mata local traria regulação hídrica, estabilização do solo e controle da erosão.

“A conservação e a restauração da paisagem na caatinga são cruciais para a resiliência climática, a segurança hídrica e a sobrevivência de suas comunidades”, diz a coordenadora de projetos do WRI Brasil e uma das autoras do trabalho, Luciana Alves.

EXCLUSIVO —Grupo francês vendeu seguro agrícola para soja dentro de terra indígena no Rio Grande do Sul

Terça, 23 de julho de 2024

Investigação do BdF mostra que gigante do setor desafiou legislação e sustentabilidade - e ainda ganhou subsídio federal

Murilo Pajolla
Brasil de Fato | Londrina (PR) | 23 de julho de 2024

Com lucro líquido de R$ 4,7 bilhões, SCOR é uma das maiores do mercado de resseguros - Divulgação/SCOR

A seguradora brasileira Essor, do grupo francês Scor, um gigante mundial do mercado de resseguros, vendeu seguros agrícolas para o plantio irregular de soja no interior da Terra Indígena (TI) Monte Caseros, localizada nos municípios de Ibiraiaras e Muliterno (RS), a cerca de 250 quilômetros de Porto Alegre.

A venda foi subsidiada pelo Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), iniciativa por meio da qual o governo federal subsidia, com dinheiro público, uma parcela da aquisição do seguro. Os recursos do PSR são oriundos do Plano Safra.

Os seguros foram contratados entre 2020 e 2021 por dois homens que se declaram agricultores no Rio Grande do Sul, Pedemar Cirino Rodrigues e Sandro Vazzoler. A área segurada pela Essor dentro da TI Monte Caseros totaliza 110,7 hectares.

No início de 2022, a Essor rompeu o contrato com a dupla de forma unilateral, alegando que se tratava de terra indígena, um bem público da União. Nessa época, secas intensas no Sul do Brasil dobraram o volume de indenizações pagas aos fazendeiros, ameaçando a saúde financeira das companhias do segmento.

Ao tomar conhecimento do caso em setembro de 2023, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) acionou o Ibama e a Polícia Federal (PF) com um pedido de investigação por suspeita de usurpação do patrimônio público e arrendamento de terra indígena.

O chamado arrendamento ocorre quando um proprietário cede os direitos de uso de sua propriedade a outra pessoa ou empresa. Mas, no Brasil, as terras indígenas são bens públicos pertencentes à União e de usufruto exclusivo das populações originárias, logo não podem ser usadas em benefício de não indígenas.

Com essas considerações, um relatório técnico interno da Funai de 2023 afirma que o arrendamento segurado pela Essor tem indícios de ilegalidade. O Estatuto do Índio e a Constituição proíbem a prática de arrendar terras indígenas.

Os 4,5 mil hectares da TI Monte Caseros, portanto, só poderiam ser aproveitados economicamente pelos indígenas Kaingang que moram na área.

A Scor, empresa dona da Essor, diz que tem como pilares a sustentabilidade, o combate ao aquecimento global e a preservação da biodiversidade.

Ao segurar lavouras de commodities agrícolas em uma terra indígena, porém, a empresa ajuda a consolidar o desmatamento do pouco de Mata Atlântica que resta na TI Monte Caseros e no Rio Grande do Sul.

As conclusões desta reportagem são baseadas em documentos obtidos com exclusividade pelo Brasil de Fato: a petição inicial de uma ação judicial dos agricultores contra a Essor, além de ofícios enviados pela Funai à PF, ao Ibama e à Justiça de primeira instância, nos quais o órgão indigenista relata o caso.

Procurada, a defesa dos agricultores negou o arrendamento e chamou a prática de "parceria". A alegação completa está no final do texto.

Por meio da assessoria de imprensa, a Essor afirmou, em nota, que "desde junho de 2021, possui um processo e ferramenta para identificação de terras indígenas e sob proteção ambiental, com base nos quais tem identificado tais situações e recusado as respectivas propostas de seguro, incluindo aquelas relacionadas à Terra Indígena Monte Caseros". E reforçou que a empresa "possui uma política de sustentabilidade disponível em seu site, estando em constante aprimoramento das práticas ESG em suas operações".

Consultadas, Funai e Superintendência de Seguros Privados (Susep) não se posicionaram até o fechamento desta reportagem.

Terra Indígena Monte Caseros, onde houve arrendamento, quase não tem cobertura vegetal nativa / Reprodução/Google Earth

Essor rescindiu contrato de arrendamento em terra indígena

Os próprios agricultores, Sandro Vazzoler e Pedemar Cirino, se identificaram à Justiça e admitiram o plantio irregular de soja em terra indígena. A confissão ocorreu em fevereiro de 2022, quando a dupla processou a Essor e pediu para ser indenizada em R$ 465 mil por danos morais e materiais.

Na ação, os supostos arrendatários da TI Monte Caseros reclamam que a seguradora rescindiu o contrato de forma unilateral no final de 2021, devolvendo todo o dinheiro pago até então pelos clientes, mas os deixando sem qualquer cobertura contra o prejuízo provocado pela estiagem que atingiu o Rio Grande do Sul em 2021.

Segundo Vazzoler e Cirino, o motivo apresentado pela Essor para rescindir o contrato sem aviso prévio foi de que as lavouras particulares estavam dentro da TI Monte Caseros. A justificativa da empresa é contestada pelos agricultores, que dizem ter informado à seguradora sobre a localização do plantio no momento da contratação.

"(...) Antes de contratar tanto o seguro objeto dos autos, quanto os demais que foram perfectibilizados, sempre foi enviado de forma prévia para a seguradora as coordenadas geográficas das lavouras, ou seja, sempre soube onde seria a lavora [sic] plantada e segurada", escreveu na petição inicial o advogado Fernando dos Santos.

Com a intenção de comprovar que a seguradora tinha conhecimento prévio, os agricultores apresentaram à Justiça duas apólices de seguros contratadas anteriormente por Vazzoller, para lavouras de trigo e milho. Os documentos, acessados pelo Brasil de Fato, trazem coordenadas geográficas e imagens de satélite que colocam as áreas seguradas dentro da TI Monte Caseros.

"A parte autora [Vazzoler e Pedemar Cirino] já havia firmado outros contratos de seguro agrícola, das mesmas áreas de terras, com a seguradora ré. Não devendo prosperar a alegação apresentada pela mesma para rescindir os contratos em comento. Pois, a mesma no ato da formalização dos referidos contratos tinha pleno conhecimento de que aquela área segurada tratava-se de Área Indígena, inclusive juntou aos contratos os mapas das referidas áreas segurada", prossegue o pedido do advogado Fernando dos Santos.

Funai alertou para agrotóxicos e sugeriu apreensão dos grãos

Gêmeos

  Julho

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Gêmeos


Em 1944, no paraíso turístico de Bretton Woods, foi confirmado que estavam em gestação os irmãos gêmeos que a humanidade andava precisando.
Um ia se chamar Fundo Monetário Internacional e outro, Banco Mundial.
Como Rômulo e Remo, os gêmeos foram amamentados por uma loba, e na cidade de Washington, pertinho da Casa Branca, acharam onde morar.
Desde então, os dois governam os governos do mundo. Em países onde não foram eleitos por ninguém, os gêmeos impõem o dever de obediência como fatalidade do destino: vigiam, ameaçam, castigam, examinam:
— Você está se comportando bem? Fez a lição de casa?

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”. L&PM Editores, 2ª edição, pág. 235.