Sexta, 31 de agosto de 2012
O novo eldorado da família do senador
Na tarde do dia 17 de maio, uma quinta-feira de trabalho no Congresso, o
senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima, subiu à tribuna para, como de
hábito, defender os mais caros interesses do país. Desta vez, exortaria
os parlamentares a legalizar a mineração em terras indígenas, prevista
num projeto de lei patrocinado por ele. Jucá se ajeitou na tribuna,
empertigando-se diante do microfone, e se pôs a falar: “Quero aqui
registrar a importância deste debate. Para o Brasil, é muito importante (a aprovação da lei)”.
Passou, então, a explicar os benefícios da proposta: “Haverá pagamento
de royalties ao Poder Público e também à população indígena. Ganhará o
direito à mineração aquele que pagar mais à comunidade indígena. Haverá
uma licitação. Haverá todo o cuidado ambiental, todo o cuidado
antropológico da Funai”. Jucá – talvez convencido de que comovera os
colegas por ter, pela primeira vez na carreira, empregado no mesmo
discurso os termos “licitação”, “cuidado ambiental” e “cuidado
antropológico” – encerrou com um apelo para que o projeto seja aprovado
logo, ainda neste ano. Por que Jucá tem pressa?
Em 2 de abril – portanto, um mês antes do discurso de Jucá –, a empresa
Boa Vista Mineração pedira autorização ao governo para explorar ouro em
nove terras que contêm áreas indígenas. O pedido fora feito ao
Departamento Nacional de Produção Mineral, o DNPM, instância burocrática
que cuida do assunto. A quem pertence a Boa Vista Mineração, uma
empresa com capital de R$ 2 milhões? A sócia majoritária chama-se Marina
Jucá, de 29 anos, filha do senador Romero Jucá. Outros dois sócios dela
no negócio também são ligados ao senador. O tino empresarial de Marina
Jucá é recente. Não faz muito tempo, era empregada no gabinete do pai e
fazia faculdade em Brasília.
Leia a íntegra de "Por que Romero Jucá defende a exploração de ouro em áreas indígenas"