Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

A catapulta

Janeiro
30

A catapulta

Em 1933, Adolf Hitler foi nomeado primeiro-ministro da Alemanha. Pouco depois, celebrou um ato imenso, como correspondia ao novo dono e senhor da nação.
Modestamente, gritou:
—Eu estou fundando a Era da Verdade! Desperta, Alemanha! Desperta!, e os rojões, os fogos de artifício, os sinos das igrejas, os cânticos e as ovações multiplicaram os ecos.
Cinco anos antes, o partido nazista havia conseguido menos de três por cento dos votos.
O salto olímpico de Hitler rumo ao topo foi tão espetacular como a simultânea queda, rumo aos abismos, dos salários, dos empregos, da moeda e de todo o resto.
A Alemanha, enlouquecida pelo desmoronamento geral, desatou a caça aos culpados: os judeus, os comunistas, os homossexuais, os ciganos, os débeis mentais e os que tinham a mania de pensar além da conta.
Eduardo Galeano, no livro 'Os filhos dos dias',
2ª edição, ano 2012, página 44, L&PM Editores.
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Imagem Wikipédia

sábado, 28 de janeiro de 2023

Para que você leia o mundo

 Janeiro

28
Para que você leia o mundo
Quando a letra impressa ainda não existia, o imperador Carlos Magno formou ampla equipe de copistas, que criaram em Aachen a melhor biblioteca da Europa.
Carlos Magno, que tanto ajudou a ler, não sabia ler. E morreu analfabeto, no começo de 814.

Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’, 2ª edição, 2012, página 42, L&PM Editores.
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sexta-feira, 27 de janeiro de 2023

Para que você escute o mundo

 Janeiro

27
Para que você escute o mundo
Hoje nasceu, em 1756, Wolfgang Amadeus Mozart.
Séculos depois, até os bebês amam a música que ele nos deixou.
Está comprovado, muitas vezes e em muitos lugares, que o recém-nascido chora menos e dorme mais quando escuta a música de Mozart.
É a melhor maneira de dizer bem-vindo ao mundo, a melhor forma de dizer:
— Esta é a sua casa nova. Ela soa assim.
        
Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’, 2ª edição,
2012, página 41, LPM Editores.
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https://youtu.be/df-eLzao63I
Wolfgang Amadeus Mozart — Piano Concerto No. 21 —Andante

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

8 de janeiro: PGR denuncia mais cinco pessoas por depredação registrada na Câmara dos Deputados

Quinta, 26 de janeiro de3 2023
Arte: Secom/MPF

MPF pede ainda medidas cautelares, como a prisão preventiva desses denunciados, entre outras

A Procuradoria-Geral da República (PGR) enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais cinco denúncias contra pessoas envolvidas em atos de depredação e vandalismo registrados no prédio da Câmara dos Deputados em 8 de janeiro. Os denunciados vão responder pela tentativa de abolir, com grave ameaça ou violência, o Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal); golpe de Estado (art. 359-M do CP); dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima (art.163, parágrafo único, incisos I, II, III e IV); e associação criminosa armada (art. 288, parágrafo único, do CP).

Além disso, se a denúncia for aceita nos termos propostos pelo MPF, eles podem ser punidos por deterioração de patrimônio tombado (artigo 62, inciso I, da Lei 9.605/1998), observadas as regras do artigo 29, caput (concurso de pessoas) e do artigo 69, caput (concurso material) ambos do Código Penal. As cinco pessoas se enquadram no núcleo dos executores materiais dos atos antidemocráticos. O MPF conduz ainda outras frentes de investigação e apuração, com o objetivo de identificar instigadores ou autores intelectuais dos ataques; autoridades envolvidas; e financiadores.

Cautelares – Nas denúncias, o MPF pede que o STF decrete medidas cautelares para garantir a manutenção da ordem pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal ou, “em outras palavras, à eficácia e à efetividade do sistema de justiça criminal”. Para o órgão ministerial, há risco efetivo de reiteração dos atos antidemocráticos, considerando o registro de novas convocações e mobilizações nacionais. Ao mesmo tempo, os denunciados podem encobrir “ilícitos e alterar a verdade sobre os fatos, sobretudo, mediante coação a testemunhas e outros agentes envolvidos e ocultação de dados e documentos que revelem a sua ligação com terceiros”. Entre as medidas cautelares solicitadas está o bloqueio de bens e preservação de dados digitais e postagens.

Somos de vento

Janeiro
31

Somos de vento

Hoje nasceu, em 1908, Atahualpa Yupanqui.

Na vida, foram três: o violão, o cavalo e ele. Ou quatro, contando o vento.

Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’,
2ª edição,2012, página 45, L&PM Editores.
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quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Educação, paz e desenvolvimento: os modos de usar

Quarta, 25 de janeiro de 2023

Do site da AEPET
Publicado em 25/01/202
Escrito por Pedro Pinho
O que significa educar? A que universo social se insere? Quem deve ser responsável pela sua efetividade?

Questões como estas, e outras mais, deveriam ser iniciais ao se discutir o que, como e quando educar.

O mundo dito global trouxe uma série de aporias, os ser ou não ser na educação. Educa-se para homogeneizar o ser humano ou individualiza-lo? Estaria o neoliberalismo construindo o “Admirável Mundo Novo”, com “Gamas”, “Deltas” e mesmo “Ipsilones” (Aldous Huxley, “Brave New World”, 1932)? Ou promovendo a consciência da sociedade? A efetiva humanidade?

A educação no Brasil ocorreu contra o interesse do patronato, daquela minoria que sempre buscou impedir a formação do saber e, consequentemente, da consciência do ser. É até irônico constatar que muitos filhos do patronato foram alfabetizados por escravos islâmicos, pois a educação dos jesuítas não atingia todo, nem a maior parte do território nacional.

Foi com Getúlio Vargas, vencedor da Revolução Soberana de 1930, que, apenas 11 dias de sua investidura como Presidente do Governo Provisório, emite o Decreto nº 19.402, em 14 de novembro de 1930, criando o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública.

Segunda fundação da Bolívia

Janeiro
26

Segunda fundação da Bolívia

No dia de hoje do ano de 2009, um plebiscito popular disse sim à nova Constituição proposta pelo presidente Evo Morales.

Até este dia, os índios não eram filhos da Bolívia: eram sua mão de obra, e só.

Em 1825, a primeira Constituição outorgou a cidadania a três ou quatro por cento da população. Os demais — índios, mulheres, pobres, analfabetos — não foram convidados para a festa.

Para muitos jornalistas estrangeiros, a Bolívia é um país ingovernável, incompreensível, intratável, inviável. São os que se enganaram de in: deveriam confessar que a Bolívia, para eles, é um país invisível. E não há nada de estranho nisso, porque até o dia de hoje também a Bolívia foi um país cego de si.

Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’, 2ª edição,
2012, página 40, L&PM Editores.

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terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Carnaval 2023: MPDFT recomenda medidas para organização dos eventos

Terça, 24 de janeiro de 2023

Órgãos deverão informar os responsáveis pelas equipes de plantão e o Centro de Atendimento ao Carnavalesco terá que encaminhar cópias das licenças expedidas para realização dos eventos e a apresentação dos blocos carnavalescos

Do MPDF

A Procuradoria Distrital dos Direitos do Cidadão (PDDC) expediu recomendação nesta terça-feira, 24 de janeiro, ao Governo do DF (GDF) e às Secretarias de Cultura, Turismo, Transporte e Mobilidade, Meio Ambiente, Segurança Pública; e aos Administradores Regionais, para que adotem as medidas necessárias à manutenção da ordem pública e da segurança da população, à preservação do meio ambiente, proteção do patrimônio público, social e cultural durante as festividades do Carnaval.

O documento, também assinado pelas promotorias de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb), do Meio Ambiente (Prodema) e dos Direitos Difusos (Proreg), recomenda que o GDF exija dos organizadores dos eventos relacionados ao Carnaval as garantias estabelecidas pela legislação, sobretudo ao que dispõe a Lei de Licenciamento (Lei nº 5.281/2013), no que concerne ao cumprimento dos horários e trajetos definidos pelo Poder Público. Os patrocinadores devem também cumprir os limites sonoros previstos em lei, realizar o tratamento de resíduos sólidos, incumbindo-se da coleta e destinação às cooperativas de catadores do DF, da disponibilização de banheiros químicos, seguranças privados e de socorristas, em número compatível com a estimativa de participantes de cada evento.

Além disso, o MPDFT alerta que terão que ser observados, na definição dos locais de aglomeração e dos trajetos a serem percorridos pelos blocos carnavalescos, as limitações impostas pela legislação em vigor, em relação aos horários dos eventos e aos níveis de ruído, sobretudo em áreas residenciais, próximas a hospitais e a unidades de conservação de proteção integral.

FAKE NEWS —Itamaraty contratou assinatura do Terça Livre mesmo após operação da PF contra Allan dos Santos

Terça, 24 de janeiro de 2023

Allan dos Santos e outros seguidores de Olavo de Carvalho tiveram veículos supostamente jornalísticos contratados pelo Itamaraty - Roque de Sá/Agência Senado

Blogueiro já era investigado pelo STF por fake news quando teve canal incluído em pacote de assinaturas do governo

Paulo Motoryn
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 24 de Janeiro de 2023

O Ministério das Relações Exteriores contratou a assinatura do Terça Livre, do blogueiro Allan dos Santos, mesmo após o dono do canal ter sido alvo de uma operação da Polícia Federal (PF) contra fake news. A compra foi efetivada em novembro de 2020, durante a gestão do ex-chanceler Ernesto Araújo no Itamaraty, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em novembro de 2019, mais de um ano antes do pagamento do governo pela assinatura do Terça Livre, Allan dos Santos já havia sido alvo de convocação na CPI das Fake News no Senado. Em janeiro de 2020, foi intimado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a depor sobre notícias falsas. Em junho daquele ano, foi alvo de operação de busca e apreensão da PF.

Atualmente nos Estados Unidos, o blogueiro bolsonarista é considerado foragido desde que foi ordenada sua prisão preventiva no inquérito das fake news, em 2021.


Contratação por dispensa de licitação

Para contratar o canal de Allan dos Santos, o Itamaraty pagou R$ 15.309,00 a uma empresa que atua agenciando a assinatura de jornais e revistas para órgãos públicos. Como o valor é inferior ao limite que impõe a necessidade de uma concorrência entre diferentes empresas, as assinaturas foram contratadas por "dispensa de licitação".

Mesmo diante das investigações contra o blogueiro bolsonarista, a inclusão do Terça Livre e de outros 15 jornais e revistas foi solicitada pelo Departamento de Comunicação do Ministério das Relações Exteriores, de acordo com informações localizadas pelo Brasil de Fato no Portal da Transparência. Clique aqui para acessar.

Entre os veículos contratados, também estão o canal Brasil Sem Medo e a Revista Estudos Nacionais, chefiados por seguidores de Olavo de Carvalho. Ernesto Araújo, que comandava o Itamaraty à época da contratação, também é um discípulo do guru, que morreu no ano passado.


A Revista Oeste, publicação de extrema direita conhecida por artigos e reportagens críticas à vacinação contra a covid-19, é outra que foi contratada pelo governo federal durante a gestão bolsonarista. Além disso, veículos de grande circulação, como Folha de S.Paulo e Revista Veja, também foram solicitados pelo Itamaraty.

Registro da dispensa de licitação para compra de pacote de assinaturas de jornais e revistas pelo Itamaraty / Reprodução/Portal da Transparência

Governo Lula quer extradição

Logo nos primeiros dias de gestão, o Ministério da Justiça do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) buscou o governo dos Estados Unidos e a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) para acelerar o processo de extradição de Allan dos Santos, que está no país desde 2020.

O governo brasileiro aguarda a inclusão do nome do blogueiro na lista de procurados da Interpol. O pedido foi feito pelo STF no ano passado, mas ainda não foi efetivado. O Brasil também buscou ajuda do governo estadunidense por meio do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional.

Edição: Vivian Virissimo

Fonte: Brasil de Fato Brasília (DF)

SETE MESES DEPOIS —Bruno e Dom: PF identifica mandante do crime e confirma nome apontado por indígenas

Terça, 24 de janeiro de 2023

Segundo a PF, Colômbia (foto) teria fornecido munição e custeado advogado de um dos executores do crime - Foto: Divulgação

Investigação aponta Colômbia, empresário da pesca ilegal, como autor intelectual dos crimes e indicia mais um suspeito

Murilo Pajolla
Brasil de Fato | Lábrea (AM)

A Polícia Federal (PF) afirmou que as mortes do indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, ocorridas em junho de 2022 no Vale do Javari, foram encomendadas por um conhecido empresário da pesca ilegal na região. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (23) durante entrevista coletiva em Manaus (AM).

O homem apontado como mentor intelectual do duplo homicídio é Ruben Dario da Silva Villar, chamado de Colômbia. Ele seria o líder de uma organização criminosa especializada em saquear recursos naturais da Terra Indígena Vale do Javari, além de ter envolvimento com o narcotráfico.

Pai Civilizador

 Janeiro

24

Pai Civilizador

Em 1965, morreu Winston Churchill.

Em 1919, quando presidia o British Air Council, havia oferecido uma de suas frequentes lições da arte da guerra:

Não consigo entender tantos melindres sobre o uso do gás. Estou muito a favor do uso de gás venenoso contra as tribos incivilizadas. Isso seria um bom efeito moral e difundiria um terror perdurável.

E em 1937, falando diante da Palestine Royal Comission, havia oferecido uma de suas frequentes lições de história da humanidade:

Eu não admito que se tenha feito mal algum aos peles-vermelhas da América, nem aos negros da Austrália, quando uma nova raça mais forte, uma raça de melhor qualidade, chegou e ocupou seu lugar.

Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’, 2ª edição, 2012, página 38, L&PM Editores.
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Obs.: Winston Churchill morreu no dia 22 de janeiro de 1965

Leia também: Mãe Civilizadora

segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Hackers invadem PGR e coletam dados no sistema de protocolo eletrônico

Segunda, 23 de janeiro de 2023

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anan

Ironicamente, a invasão ocorreu pouco dias após o Ministério Público Federal lançar com pompa a sua Política de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais, em 16/8. O documento estabelece as diretrizes para divulgação de dados pessoais na Instituição, define quem são os agentes de tratamento, as regras para contratos que envolvem tratamento de dados e as obrigações para os colaboradores, além de prever planos permanentes de comunicação e capacitação.

Por Chico Sant’Anna

Hackers atacaram o sistema de informática da Procuradoria Geral da República, órgão comandado por Augusto Aras. Segundo um informe da Unidade de Proteção de Dados Pessoais do Ministério Público Federal (UPDP-MPF), a invasão ocorreu no período de 5 a 13 de setembro do ano passado, atingindo os dados pessoais coletados pelo sistema de protocolo, utilizado por pessoas jurídicas para o envio de correspondências ao Ministério Público Federal. A informação vem a público quatro meses depois do ocorrido. Não foi esclarecido quando a invasão foi descoberta.

Empresas que se valeram do sistema de protocolo estão sendo alertadas pela UPDP-MPF, “em atenção ao compromisso com a transparência e em cumprimento da Política de Privacidade e Proteção de Dados Pessoais. Elas teriam sido o alvo preferencial dos hackers.

Segundo o informe, “as informações pessoais constantes do banco de dados do referido sistema que podem ter sido acessadas são apenas o nome do usuário, telefone, e-mail e IP”

Leia a íntegra

GOLPISMO —Veja a distribuição de vagas na CPI dos atos antidemocráticos

Segunda, 23 de janeiro de 2023

CPI para apurar responsabilidades em atos golpistas deve elevar temperatura política na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) pelos próximos meses — Carlos Gandra/CLDF

Câmara Legislativa publicou proporcionalidade de blocos partidários

Redação
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 23 de Janeiro de 2023

A Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) estabeleceu a proporcionalidade e números de lugares que cada bloco parlamentar tem direito de indicar na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que irá investigar os atos antidemocráticos ocorridos em Brasília. A publicação conta no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) desta segunda-feira (23).

O Bloco A força da Família, composto por Jaqueline Silva (Agir), Doutora Jane (Agir), Pastor Daniel de Castro (PP), Pepa (PP), João Cardoso (Avante), Paula Belmonte (Cidadania) e Rogério Morro da Cruz (PMN), terá direito a duas cadeiras. O Bloco União Democrática, que terá uma vaga, conta em sua composição com os seguintes deputados: Robério Negreiros (PSD), Jorge Vianna (PSD), Eduardo Pedrosa (União) e Martins Machado (Republicanos).

O PL, com os parlamentares Joaquim Roriz Neto, Roosevelt Vilela, Thiago Manzoni e Daniel Donizet tem direito a 1 vaga; O bloco do PT, com Chico Vigilante Lula da Silva, Ricardo Vale e Gabriel Magno, também conta com uma vaga, que será ocupada por Vigilante. O MDB, partido que conta com Hermeto, Iolando e Wellington Luiz , e a Federação PSOL-PSB, com Fabio Felix (PSOL), Max Maciel (PSOL) e Dayse Amarilio (PSB), terão uma vaga cada, totalizando os 7 membros na CPI.

Agora, os líderes de bloco, federação e partido devem encaminhar à presidência da CLDF os nomes dos membros das respectivas bancadas, entre titulares e suplentes, que irão compor a comissão. O prazo é de cinco dias úteis. Robério Negreiros (PSD) é primeiro subescritor do requerimento, lido na quarta-feira (18), que deu início ao pedido de instalação da CPI, desta maneira, o parlamentar tem assento garantido conforme regimento da CLDF.

A sessão para a instalação da CPI, quando são definidos o presidente e o relator, ainda não tem data marcada. A investigação terá duração de 180 dias, podendo se estender por mais 180 dias.


Edição: Flávia Quirino

PGR denuncia mais 54 pessoas por participação nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro

Segunda, 23 de janeiro de 2023
Arte: Secom/MPF

Denunciados devem responder por associação criminosa e incitação à animosidade das Forças Armadas contra os três Poderes

A Procuradoria-Geral da República (PGR) protocolou nesta segunda-feira (23) denúncias contra mais 54 pessoas por crimes relacionados aos atos de 8 de janeiro, por ocasião das invasões ao Palácio do Planalto, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os denunciados foram detidos no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília, e deverão responder por incitação ao crime equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais (artigo 286, parágrafo único) e associação criminosa (artigo 288, caput), ambos previstos no Código Penal. Há ainda o pedido para que as condenações considerem o chamado concurso material previsto no artigo 69 do mesmo Código, ou seja, os crimes devem ser considerados de forma autônoma e as penas somadas.

Essa é a terceira leva de denúncias apresentadas pela PGR contra participantes dos atos registrados há 15 dias. Ao todo, já foram apresentadas ações penais contra 98 pessoas. No caso desta segunda-feira, os 54 já passaram por audiência de custódia, quando tiveram as prisões preventivas decretadas, estando atualmente em unidades do sistema prisional do Distrito Federal.

As denúncias são assinadas pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, Carlos Frederico Santos. Nas petições, o subprocurador-geral da República apresenta resumo da sequência de acontecimentos até a formação do acampamento onde, conforme pontuou, “havia uma evidente estrutura a garantir perenidade, estabilidade e permanência” dos manifestantes que defendiam a tomada do poder.

Mãe civilizadora

Janeiro
23

Mãe civilizadora

Em 1901, no dia seguinte ao último suspiro da rainha Vitória, começaram em Londres suas solenes pompas fúnebres.
A organização não foi fácil. Merecia uma grande morte essa rainha que havia dado nome a toda uma época e tinha deixado exemplo de abnegação feminina vestindo luto, durante quarenta anos, em memória de seu falecido marido.
Vitória, símbolo do império britânico, dona e senhora do século XIX, havia imposto o ópio na China e a vida virtuosa em sua nação.
No centro de seu império, eram leitura obrigatória as obras que ensinavam a respeitar as boas maneiras. O Livro de etiqueta, de Lady Gough, publicado em 1863, desenvolvia alguns mandamentos sociais da época: era preciso evitar, por exemplo, a intolerável proximidade dos livros de autores com os livros de autoras nas prateleiras das bibliotecas.
Os livros só podiam se juntar se o autor e a autora estivessem unidos em matrimônio, como era o caso de Robert e Elizabeth Barrett Browning.

Eduardo Galeano, no livro “Os filhos dos dias”,
2ª edição, folha 37, L&PM Editores.

domingo, 22 de janeiro de 2023

DENÚNCIA —PT aciona MPF contra Bolsonaro e Damares por suspeita de genocídio contra povo Yanomami

Domingo, 22 de janeiro de 2023

Documento acusa govenro Bolsonaro de promover uma "política de extermínio dos povos Yanomami e de outras comunidades indígenas" - Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kuana/Divulgação

Para parlamentares, houve "ação" ou "omissão dolosa" das autoridades diante da destruição a partir de garimpo ilegal

Caroline Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 22 de Janeiro de 2023

Neste domingo (22), deputados federais do PT protocolaram uma representação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e a senadora eleita Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, na Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de crime de genocídio contra os povos Yanomami.

Para os parlamentares, houve "ação" ou "omissão dolosa" do ex-presidente, da ex-ministra e dos ex-presidentes da Fundação Nacional do Índio (Funai) —aos quais a representação também se estendeu— diante da destruição das áreas dos indígenas a partir de garimpo ilegal (leia aqui a íntegra do documento).


"Essa política de extermínio dos povos Yanomami e de outras comunidades indígenas, conduzida com galhardia e prazer pelo ex-presidente da República, já vinha sendo denunciada no país e no exterior, tendo sido inclusive, recentemente, objeto de documentário produzido por pesquisadores estrangeiros", diz um trecho da representação.

O Ministério da Saúde fala em aproximadamente 570 crianças mortas por contaminação de mercúrio, um dos rejeitos produzidos pelo garimpo, desnutrição e fome.

Na sexta-feira (20), o Ministério da Saúde decretou estado de emergência para "planejar, organizar, coordenar e controlar as medidas a serem empregadas" a fim de reverter o quadro de desassistência instalado na TI Yanomami.

Também foi instalado o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami "para dar conta do problema de desnutrição, fome, saúde, muito grave nessa região", segundo o ministro Wellington Dias. O comitê terá duração de 90 dias e suporte das Forças Armadas e da Funai.



Edição: Nicolau Soares

GOLPISMO —Barbosa condena fala de Mourão sobre demissão de comandante: "Poupe-nos da sua hipocrisia"

Domingo, 22 de janeiro de 2023

"Mais respeito a todos os brasileiros!”, afirmou Joaquim Barbosa a Hamilton Mourão - Nelson Jr./SCO/STF

Ex-ministro do STF utilizou as redes sociais para repreender senador que criticou decisão de Lula

Caroline Oliveira
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 22 de Janeiro de 2023

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa criticou, em suas redes sociais, o posicionamento do ex-vice-presidente e agora senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos-RS) sobre a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de demitir o comandante do Exército, o general Júlio César de Arruda.

Mourão afirmou que Lula quer alimentar uma crise com as Forças Armadas ao demitir militares após o 8 de janeiro, quando forças de segurança foram coniventes com o ato criminoso de bolsonaristas que invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes.

"Se o motivo foi tentativa de pedir a cabeça de algum militar, sem que houvesse investigação, mostra que o governo realmente quer alimentar uma crise com as Forças e em particular com o Exército. Isso aí é péssimo para o país", disse Mourão em entrevista à Folha de S. Paulo neste sábado (21).


Logo em seguida, Joaquim Barbosa afirmou que há uma insubordinação tolerada pelos militares. "Ora, ora, senhor Hamilton Mourão. Poupe-nos da sua hipocrisia, do seu reacionarismo, da sua cegueira deliberada e do seu facciosismo político! Fatos são fatos! Mais respeito a todos os brasileiros!", afirmou o ex-ministro.

"'Péssimo para o país' seria a continuação da baderna, da 'chienlit' [transtorno, em francês] e da insubordinação claramente inspirada e tolerada por vocês, militares. Senhor Mourão, assuma o mandato e aproveite a oportunidade para aprender pela primeira vez na vida alguns rudimentos de democracia! Não subestime a inteligência dos brasileiros!", concluiu.

Demissão do comandante

A demissão de Júlio César de Arruda ocorre depois que o general não demonstrou esforços para buscar e responsabilizar militares que participaram direta ou indiretamente de ataques às instituições e de atos de contestação do resultado eleitoral que empossou Lula ou que são suspeitos de atos ilegais.

O estopim teria sido a resistência em exonerar o tenente-coronel Mauro Cid do comando de um batalhão do Exército em Goiânia (GO) a pedido do ministro da Defesa, José Múcio. Cid foi apontado como responsável de transações financeiras suspeitas dentro do gabinete do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como revelou reportagem do Metrópoles. Hoje, Cid está nos Estados Unidos com o ex-presidente.


Antes disso, Arruda foi contra a remoção de bolsonaristas do acampamento que foi instalado em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília, e que serviu como ponto encontro para os criminosos que atacaram as sedes dos Três Poderes.

"Evidentemente que depois desses últimos episódios, a questão dos acampamentos e a questão do dia 8 de janeiro, as relações, principalmente no Comando do Exército, sofreram uma fratura no nível de confiança e nós achávamos que nós precisávamos estancar isso logo de início até pra que nós pudéssemos superar esse episódio", disse Múcio, neste sábado, logo após anunciar a exoneração de Arruda.

Edição: Nicolau Soares

A mudança de um reino

Janeiro
22

A mudança de um reino

Neste dia de janeiro de 1808, chegaram à costa do Brasil, sem pão e sem água, os extenuados navios que dois meses antes haviam partido de Lisboa.

Napoleão pisoteava o mapa da Europa, e já estava atravessando a fronteira de Portugal quando se desatou a correria: a corte portuguesa, obrigada a mudar de domicílio, marchava rumo ao trópico.

A rainha Maria encabeçou a mudança. E atrás dela foram o príncipe e os duques, condes, viscondes, marqueses e barões, com as perucas e as roupas faustosas que mais tarde foram herdadas pelo carnaval do Rio de Janeiro. E atrás, amontoados no desespero, vinham sacerdotes e chefes militares, cortesãs, costureiras, médicos, juízes, tabeliães, barbeiros, escrivães, sapateiros, jardineiros...

A rainha Maria não andava lá muito boa da cabeça, para não dizer que estava louca de pedra, mas foi ela que pronunciou a única frase lúcida que se ouviu no meio daquele manicômio:

— Não corram tanto, que vai parecer que estamos fugindo!

Eduardo Galeano, no livro ‘Os filhos dos dias’.
L&PM Editores, 2ª edição, pág. 36.

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sábado, 21 de janeiro de 2023

Manifestações e destruição em Brasília: estamos diante do terrorismo?

Sábado, 21 de janeiro de 2023



Por André Frota*
21 De Janeiro De 2023


É oportuno analisar as definições para atos terroristas

As manifestações do dia 8 de janeiro, que culminaram na invasão dos três poderes da República, suscitaram para opinião pública o emprego do termo “terrorismo”, um fenômeno que já possui um extenso lastro internacional e uma legislação brasileira sobre o assunto. Sendo assim, é oportuno analisar as definições para o terrorismo.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Crime de Terrorismo de 1999 define o crime de terrorismo como: “Qualquer ato de destruição grave de meios de transporte, instalações públicas, lugares históricos, monumentos, lugares de culto, objetos de interesse cultural, instituições etc.; qualquer ato de assassinato, sequestro ou qualquer outro ato de violência à pessoa, em caráter individual ou coletivo, incluindo contra funcionários públicos; e qualquer ato de violência destinado a causar pânico entre a população.”

O Estatuto de Roma de 2002, que é a lei que estabeleceu o Tribunal Penal Internacional, apresenta o terrorismo como “atos cometidos com o intuito de causar morte ou lesões graves à pessoa, dano grave à propriedade, destruição de objetos de interesse cultural, ou atos prejudiciais à saúde ou à segurança do público, com intuito de intimidar uma população civil, ou de influenciar as autoridades públicas para alcançar metas políticas, ideológicas ou religiosas”. Diz ainda que são “crimes cometidos com a intenção de causar dano as estruturas fundamentais de uma nação ou organização internacional”.

Como se pode notar, as definições internacionais apresentam uma abrangência ampla sobre o assunto e, com um certo grau de adequação, permitem classificar as manifestações de Brasília como terrorismo.

E o que diz a lei brasileira? A Lei de número 13.260 de março de 2016, que reformula o conceito de organização terrorista, assim como disciplina o inciso XLIII do artigo 5º da Constituição, exclui da aplicação de atividade terrorista “à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, viando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei”.

A lei brasileira, assinada pela ex-presidenta do Brasil, Dilma Roussef, tomou cuidado de retirar movimentos sociais e manifestações políticas da categoria de terrorismo, como forma de proteger a legitimidade dessas expressões sociais, presentes na sociedade brasileira. No entanto, a proteção de manifestações políticas não se estende, nem da legitimidade ao emprego da violência ou do terror social para conquista de objetivos políticos. E é precisamente quando se cruza o limite com o uso da violência e do terror, como métodos de ação social, que a proteção estabelecida pela lei de 2016 deixa de se aplicar.

Em vias de finalização, compartilho um conjunto de condições encontrado nos grupos e nas atividades terroristas estabelecidos no mundo, extraídas do estudo feito pelo cientista político Alex P. Schmid, e deixo o leitor tirar suas próprias conclusões, relacionando a pergunta: os atos do dia 8 de janeiro, em Brasília, empregaram:

  • O uso demonstrativo da violência contra seres humanos;
  • A ameaça (condicional) de (mais) violência;
  • Produziram deliberadamente terror/medo em um grupo-alvo;
  • Alvejaram civis, não combatentes e inocentes;
  • Tinham a finalidade de intimidação, coerção e/ou propaganda;
  • Tinham como fato de ser um método, tática ou estratégia de conflito contínua;
  • Comunicaram o(s) ato(s) de violência para audiências maiores;
  • Foram de natureza ilegal, criminosa e imoral do(s) ato(s) de violência;
  • Tinham caráter predominantemente político;
  • Usaram como ferramenta de guerra psicológica para mobilizar ou imobilizar setores do público;
Enfim, o conjunto de itens da lista acima indica o quão próximo ou distante, estivemos ou ainda estamos, de atos terroristas.


*André Frota é professor de Relações Internacionais e Geociências do Centro Universitário Internacional — Uninter.