Por
Vicente Vecci*
Os dois longas metragens clássicos Ben Hur,
produzidos pelo arte cinematográfica norte-americana tem versões diferentes, sendo a última com a
melhor mensagem.
Na primeira produzida em 1959, dirigida por William Willer, o foco inicial da
aparição de Jesus (Yeshua em aramaico) é quando o ator Charton Heston que interpreta Ben Hur,
ao ser conduzido como escravo para as galés, numa estrada
até Cesaréia nas margens do
mar Mediterrâneo, nas
imediações de Nazareth, aonde trabalhava na sua oficina o
Carpinteiro. E, ao cair trôpego,
atrelado a outros escravos, cansado e com muita sede, surge o
Nazareno de costas, provavelmente em
respeito à sua santidade, e dá-lhe água
para beber ao lado do soldado romano com
o açoite
na mão que, ao tentar impedir
esse ato de caridade
praticado pelo Carpinteiro, o militar olha na sua face, fica estupefato e inerte, deixando Ben Hur saciar sua sede. Certamente porque os olhos do Cristo
irradiou naquele momento magnífica
luz, causando-lhe medo.
Já na recente versão produzida em 2016, dirigida
por Timur Belmambetov, o ator Jack
Huston neto do famoso Jonh Huston, que interpreta Ben Hur, não
existe essa cena.
E primeira aparição do personagem Jesus,
representado pelo ator Rodrigo
Santoro, é visto numa
feira, num bairro de Jerusalém, trabalhando numa carpintaria: ora,
pelo o que se sabe, Jesus nunca foi carpinteiro em Jerusalém? Nessa cena
Ben Hur e sua irmã estão discutindo
sobre a atuação dos zelotes (guerilheiros) que lutavam contra a ocupação
romana, e, Jesus ouvindo-os, entra na conversa com mensagens de paz e
harmonia.
Voltando na versão de 1959 Ben Hur é embarcado numa
das galés romanas, destinado ao porão do navio junto a outros escravos acorrentados para serem remadores. E de
sorte que, ao iniciar a navegação por um lampejo divino, o capataz manda
deixar solta a trela que o atava aos
outros. Nessa galé é aonde está o comando de toda a frota, cujo
comandante é o cônsul Quintus Arius, interpretado pelo ator Jack Hawkins.
Durante uma batalha, esse navio é naufragado, Ben Hur
sobrevive e salva Quintus Arius que tentou suicídio, sentindo ter sido derrotado. Ben Hur o impede e quando foram
resgatados por uma galé, sabe que fora vitorioso com sua
frota. Daí adota Ben Hur como filho.
Já na versão de 2016, Ben Hur, após
esse naufrágio sobrevive boiando em restos da galé
aonde estava e é depois lançado numa praia, sendo resgatado por um sheik árabe
de nome Ildarim que tem como robe a corrida de bigas com seus cavalos de raça.
Ao ser alojado perto de um desses eqüinos que encontrava prostado e doente,
o escravo de família nobre judaica
que tinha também esse afinidade
por eqüinos e os conheciam bem. Cura essa égua que era de estimação do
sheik, ganha sua simpatia e sabe da sua destreza com cavalos e suas mobilidades nas corridas de bigas. Daí o
apadrinha e leva-o a disputar um embate
público num estádio apropriado, cujo seu maior rival é o seu algoz que antes o havia condenado
injustamente para ser escravo nas galés.
A origem de tudo isso foi a condenação injusta
imposta ao nobre Judeu Ben Hur, devido a acidente interpretado pelos romanos com um
atentado ao procurador da república romana Poncio Pilatos quando na
sua chegada em Jerusalém em desfile
militar.
Na versão antiga, nessa ocasião, uma telha desprende do
telhado ao ser esbarrada por uma irmã do
nobre judeu. Cai perto do cavalo que conduzia Poncio Pilatos e sua tropa,
o animal assusta e causa tumulto, levando aos soldados à sua residência, aonde
são presos e acusados injustamente de atentado ao procurador
Ben Hur assume a culpa e é condenado pelo centurião Messala,
interpretado por Stphen Boyd
que fora colega seu de infância e tivera bons relacionamentos com sua família, até 5 anos antes de ingressar nas legiões romanas.
Regressou nessa comitiva do procurador
já promovido a oficial.
No longa metragem de 2016, esse atentado é consumado por um zelote
abrigado na residência de Ben
Hur.
No final a mãe, a esposa e irmã desse protagonista são
curadas de lepra, ao serem banhadas da
água da chuva vinda do monte Gólgota, após a crucificação de
Jesus, aonde estavam encarceradas.
Na produção anterior essa cura é feita durante a
via sacra, através dos olhos do Cristo que as vê após a libertação do cárcere. E na corrida de bigas Messala é morto num acidente na disputa
final com Ben Hur.
Já na versão de 2016, Messala tem uma perna amputada,
sobrevive, e, os dois voltam a
serem amigos, após o perdão de Ben Hur. Daí a melhor mensagem desse filme.
*Vicente
Vecci é jornalista profissional, edita em Brasília DF há 35 anos o Jornal do
Síndico –www.jornaldosindicobsb.com.br. É titular da Defesa
Ambiental-Ecodefesa e idealizador do parque ecológico da Ponte Alta
do Gama-, que veio proteger uma biodiversidade de 298 hectaresDF. Com a
força de mídia do Jornal do Síndico ajudou a criar e implantar os parques das
Asas Norte e Sul no plano piloto.