Sábado, 30 de
novembro de 2013
Por Ivan de Carvalho
Piada pronta. Houve unanimidade, mas
não houve consenso no PT, na escolha do deputado e secretário Rui Costa para
candidato do partido a governador [da Bahia].
O
Diretório Estadual do partido, reunido a partir das 14 horas de ontem até quase
o fim da tarde, aprovou, por unanimidade, documento apresentado por seu
presidente, Jonas Paulo (que passa o cargo hoje para o sucessor eleito).
Antes da votação, havia três
candidatos. No entanto, o secretário do Planejamento, José Sérgio Gabrielli,
que na véspera, após saber que o governador Jaques Wagner indicara Rui Costa ao
diretório para candidato ao governo pelo PT, afirmara que “minha candidatura
está mantida”, retirou-a ontem e alegou que a candidatura de Costa “agrega
mais”.
Muito diferente foi a posição do
senador Walter Pinheiro, líder do PT no Senado Federal e um dos que postulavam
a candidatura ao governo do Estado. Na véspera, após a impactante declaração do
governador Wagner indicando Rui Costa, feita em entrevista a uma emissora de
rádio, Pinheiro manteve a candidatura, em entrevista a outra emissora e em
discurso no Senado. E ontem não recuou.
Apesar
da unanimidade dos membros do diretório aprovarem a proposta de resolução que
indica Rui Costa para candidato a governador, Pinheiro disse, logo em seguida,
que “não houve consenso”, pois não retirou a candidatura, “mas o PT optou por
outra”. Essas coisas, ele não disse sorridente.
Na
quinta-feira, o senador já havia sido muito duro. “Eu saí da lista do
governador, mas continuo na lista do partido. E aí, PT? Está na mão de vocês. O
nosso nome está lá à disposição e o PT vai dizer se efetivamente me quer como
provável candidato ou se o PT também resolve me dar bilhete azul.” E, após mais
algumas considerações, completou: “Esse é o momento em que não é possível fazer
retiradas (de candidaturas), mas se avaliarem que podem nos retirar, nós não
nos sentiremos diminutos”.
Avaliaram
que podiam. E aí, senador Walter Pinheiro?
Bem,
mas isso não é comigo, é lá entre o senador e o PT.
A
resolução aprovada pela unanimidade dos 52 votantes da reunião do diretório – à
qual também compareceram Rui Costa, Walter Pinheiro, José Sérgio Gabrielli e
Luiz Caetano, que há algum tempo já não era candidato, mas não havia
oficializado a retirada da pretensão, deixando para fazer isto ontem – recorda
que o PT instalou em fevereiro o processo de discussão petista para a chapa
governista às eleições majoritárias do ano que vem. Havia quatro nomes em
consideração e foi pactuada a busca do consenso, além de realizados encontros
regionais e reuniões outras. Como resultado disso decidiu o diretório indicar o
nome de Rui.
Nos
setores políticos que buscam entender e explicar a opção persistente e firme do
governador em fazer candidato à sua sucessão o deputado e secretário-chefe de sua
Casa Civil e, em seu primeiro mandato no governo, secretário de Articulações
Institucionais, além da amizade de três décadas e da confiança tão longamente
construída, desde os tempos de sindicalismo de petroquímicos e petroleiros, há
mais duas alegações fundamentais e insistentes:
1.
O governador está convicto de que o governismo baiano vencerá as eleições com
qualquer nome para governador. Então, põe candidato o postulante de sua
preferência, mesmo que contra este se argumente que é um candidato de difícil
assimilação pelo eleitorado.
2.
Ainda que tal convicção dele no futuro se revele enganosa, o candidato Rui
Costa vai, no mínimo, defender, na campanha, com unhas e dentes, o governo
Wagner, do qual terá participado, em posições de grande influência e destaque,
por quase oito anos. E se, como tanto agora se afirma, é um “estudioso” dos
problemas baianos, conhecerá profundamente os problemas, obras e planos do
governo, estando apto a abordá-los na campanha melhor que qualquer outro
petista.
Hoje
o PT empossa seu novo diretório e, claro, o sentido do evento é, em verdade, o
lançamento festivo da candidatura de Rui Costa.
- - - - - - - - - -
- - - - - -
Fonte: Tribuna da Bahia
Ivan de Carvalho é
jornalista baiano.