Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

quarta-feira, 30 de junho de 2021

As novas batalhas em Canudos 125 anos depois do massacre incitado por fake news

 Quarta, 30 de junho de 2021

À espera da inclusão digital, população sertaneja conta como tenta se defender de outras violências como exclusão e desinformação


A Pública

Luiz Claudio Ferreira
29 de junho de 2021

À espera da inclusão digital, população sertaneja conta como tenta se defender de outras violências como exclusão e desinformação

Na paisagem sertaneja de Canudos (BA), a 400 quilômetros de Salvador, a história de dor, exclusão e resistência atravessa uma estrada de solavancos que liga o passado ao presente. Hoje, há outros espinhos nas cercas sertanejas de Canudos, como é a pandemia, a falta de informação, a internet rara e falha e as mentiras que chegam pelo celular. “Existem outras guerras que a cidade enfrenta. Dos 5.565 municípios brasileiros, Canudos está no 5.502º lugar no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)”, diz o professor e pesquisador Luiz Paulo Neiva, diretor do campus avançado na Universidade Estadual da Bahia (Uneb). 

O  pôr do sol que brilha no alto dos “belos montes” da cidade de 16,7 mil habitantes inspirou o nome do arraial do líder religioso Antônio Conselheiro. O verde caatingueiro funde-se na vista que é formada na paisagem do açude de Cocorobó, que abastece o perímetro irrigado. Mas aquela água também ajuda a esconder cenários de um massacre. Mais de 20 mil morreram ali, segundo historiadores, em uma chacina organizada e autorizada pelo Estado, iniciada pela polícia da Bahia e que ganhou cenário de filme de terror com a participação do Exército Brasileiro. 


Foto: Luiz Cláudio Ferreira/Agência Pública
“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Em Canudos, o verde caatingueiro funde-se na paisagem do açude de Cocorobó

O movimento, que atraía agricultores e fiéis da igreja, incomodou latifundiários e padres e atraiu a atenção nacional àqueles homens, mulheres e crianças que foram chamados de vândalos fanáticos, conforme explica o historiador canudense João Batista Lima.

Nasceu uma incomodadora

 Junho

30

Nasceu uma incomodadora
    Hoje foi batizada, em 1819, em Buenos Aires, Juana Manso.
    As águas sagradas a iniciaram no caminho da mansidão, mas Juana Manso nunca foi mansa.
     Contra ventos e marés, ela fundou, na Argentina e no Uruguai, escolas laicas e mistas, onde se misturavam meninas e meninos, e o ensino da religião não era obrigatório, e o castigo físico era proibido.
    Escreveu o primeiro texto escolar da história argentina e várias obras mais. Entre elas, um romance que batia duro na hipocrisia conjugal. 
    Fundou a primeira biblioteca popular do interior do país.
    E se divorciou quando o divórcio não existia.
  Os jornais de Buenos Aires se deleitavam insultando-a.
   Quando morreu, a Igreja negou-lhe sepultura.

           Eduardo Galeano, no livro 'Os filhos dos dias'. 2ª edição, 2012, pág. 210. L&PM Editores.

Juana Manso

terça-feira, 29 de junho de 2021

A farsa da crise hídrica no setor elétrico

Terça, 29 de junho de 2021

Discurso de seca na região sudeste camufla a realidade e serve para justificar aumentos abusivos na conta de luz do povo brasileiro, permitindo aos agentes empresariais do setor elétrico lucrar alto na pandemia

O governo Bolsonaro e os agentes empresariais que controlam o setor elétrico nacional afirmam que há uma crise de escassez hídrica que levou ao esvaziamento dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Segundo seus argumentos, a região sudeste passa pela pior seca dos últimos 91 anos.

Para lidar com essa realidade, o governo Bolsonaro publicou a Medida Provisória nº 1.055, de 28 de junho de 2021, que prevê ações emergenciais e regras excepcionais para o uso dos recursos hidroenergéticos. Na mesma lei, autorizou que os custos serão ressarcidos por meio de encargos na conta de luz da população. Ou seja, o povo vai pagar a conta.

Para evitar desgastes políticos, aterrorizam a população brasileira com campanhas publicitárias cuja mensagem é que estamos sendo castigados pela falta de chuva. Portanto, diante dessa situação, se não formos “educados” o bastante para um suposto “consumo racional”, seremos castigados com racionamentos de energia elétrica e aumentos na conta de luz. Esse foi o tom do pronunciamento feito em rede nacional pelo Ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, na noite desta segunda-feira (28).

COVID-19: variante ameaça mesmo países com altas taxa de vacinação, alerta OMS

Terça, 29 de junho de 2021

Da ONU Brasil

Nova variante Delta do coronavírus já foi identificada em pelo menos 85 países. Ela se provou extremamente contagiosa em qualquer país que atingiu e está se espalhando rapidamente entre os não vacinados, mesmo em países com altas taxas de imunização.

“É muito simples: mais transmissão, mais variantes. Menos transmissão, menos variantes”, afirmou a líder técnica da OMS para a COVID-19, Maria Van Kerkhove.

A OMS voltou a pedir cautela aos países em fase de abertura e equidade na vacinação para conter o espalhamento do vírus e a criação de novas variantes. “A situação mundial é muito frágil”, alertou a agência de saúde.

Após denúncia do MPF, neonazista torna-se réu por publicações na internet

Terça, 29 de junho de 2021

Foto: Pixabay

Postagens foram feitas em rede social russa, mas investigadores identificaram o autor a partir dos dados de acesso no Brasil

Do MPF

Alvo de denúncia do Ministério Público Federal (MPF), um simpatizante de ideologias de extrema-direita tornou-se réu por incitação ao nazismo na internet. Ao final do processo, ele poderá ser condenado a até cinco anos de prisão, além do pagamento de multa. O homem já presta serviços comunitários para cumprir penas relativas a outras ações judiciais, uma delas por integrar um grupo neonazista que agrediu moradores de rua em São Paulo, em 2011.

O crime praticado na internet ocorreu em 2015, por meio de uma página criada na rede social russa vk.com. As postagens foram feitas de um equipamento situado em Itapecerica da Serra (SP). Nelas, há imagens que remetem a ideologias nacionalistas e uma foto na qual nove pessoas aparecem com os rostos cobertos por emojis em referência a Adolf Hitler.

Transparência: MPDFT quer acesso a documentos contábeis do Iges-DF; a opacidade, caixa preta, do "excremento do diabo" (como alguém chamou —e não foi qualquer um)

Terça, 29 de junho de 2021

"E a omissão, propositada ou não, em dar transparência de todas essas importantes informações viola preceitos fundamentais da Constituição Federal”, afirmam os promotores.

Do MPDF

Instituto recebeu mais de R$ 1 bilhão em recursos públicos, mas destino final das verbas não está disponível de forma transparente

A Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde (Prosus) solicitou judicialmente, na última terça-feira, 22 de junho, que o Instituto de Gestão Estratégica do Distrito Federal (Iges-DF) apresente os balanços patrimoniais, as demonstrações de resultados, as notas explicativas, os balancetes de verificação e os livros-razão de 2019 e 2020, além dos balancetes de verificação mensais do exercício de 2021, de janeiro a junho. O objetivo é obter acesso a todas as informações contábeis do instituto, pois os dados não estão disponíveis no Sistema Integral de Gestão Governamental (Siggo). 

A Prosus, responsável por acompanhar a gestão dos recursos recebidos pelo Iges-DF, não consegue obter informações sobre o destino final dos valores. O Siggo mostra as transferências efetuadas pela Secretaria de Saúde (SES), mas, após a entrada nas contas do instituto, o sistema não possibilita o acompanhamento dos gastos. Embora o Iges-DF tenha criado planilhas com a relação de contratos e disponibilizado as informações na internet, elas são unilaterais e não permitem um acompanhamento sistêmico e, especialmente, o cruzamento de dados com os registros contábeis.

Os promotores de Justiça explicam que “a única maneira hábil para se acompanhar com eficiência essa execução de recursos públicos e confirmar se as informações disponibilizadas no site são, de fato, transparentes e fidedignas, é o acesso aos registros contábeis por meio de documentos, como livros-razão e balancetes de verificação, possibilitando a correlação de todas as informações sobre atividades públicas, custeadas integralmente com recursos públicos”.

O Iges-DF é obrigado, por lei, a realizar os registros contábeis de suas operações e publicar anualmente seu  balanço patrimonial. A Prosus solicitou essa documentação quatro vezes, mas não obteve resposta. “Saber com precisão e tempestividade os dados é fundamental para efetivar o controle dos atos praticados pelo Iges-DF. E a omissão, propositada ou não, em dar transparência de todas essas importantes informações viola preceitos fundamentais da Constituição Federal”, afirmam os promotores.

Clique aqui para ler a íntegra do pedido. 

Leia mais

Prosus recomenda à SES melhorias no monitoramento do contrato de gestão com o Iges-DF

Prosus recomenda que Iges-DF fortaleça controle interno para impedir fraudes

MPDFT impetra mandado de segurança para acessar dados bancários do Iges-DF


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Comentário do Gama Livre: Não foi por falta de aviso que o governo do DF gerou esse ovo de serpente que deveria atender pela sigla, e nome, Igeiiis-DF. 
Igeiiis-DF, Intruso de Gestão Estapafúrdia e Ineficiente, Ineficaz, Inefetiva da Saúde do Distrito Federal.

Lembrando que o atual ovo da serpente é resultado da serpente antecessora. Aquela serpente bizarra que no governo anterior ao de Ibaneis Rocha denominaram de Instituto Hospital de Base. O que começa errado, mais errado ainda se torna depois. E se tornou.

Lembrando que, ainda durante a campanha para o Buriti, em 2018, o hoje governador, naquela época candidato, fez cabeludas declarações sobre o que era o tal do Instituto Hospital de Base. Veja um dos vídeos aqui.

Leia também sobre o Excremento do Demônio:
Áudio de Jofran Frejat, ex-secretário de Saúde e ex-deputado federal do DF. Atenção especial para o que Frejat fala entre os 2 minutos e 30 segundo até os 3 minutos.

Jofran Frejat comenta o PL da Extinção, o PL de Ibaneis que extingue cargos na rede pública de saúde do DF e privatiza serviços da rede. Áudio do dia 23/01/2019

Preserva Brazlândia: decisões judiciais proíbem parcelamentos irregulares em área rural

Terça, 29 de junho de 2021


MPDFT obteve dez liminares que impedem ocupações ilegais na região

Do MPDF

A Promotoria de Justiça de Defesa da Ordem Urbanística (Prourb) obteve dez liminares em ações civis públicas que questionam ocupações ilegais no Incra 7. A última decisão é desta segunda-feira, 28 de junho. As ações foram ajuizadas com base no trabalho da Comissão Preserva Brazlândia, que atua para preservar a ordem urbanística e o meio ambiente na região, especialmente os recursos hídricos.

Nas decisões, a Vara de Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário proíbe o parcelamento sem autorização dos terrenos em lotes com menos de cinco hectares. Também impede a venda, a cessão, o aluguel ou a doação da propriedade sem anuência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), além de qualquer outra forma de exploração da área em desconformidade com a legislação.

Hoje (29/6) é Dia de São Pedro. Nem Pedro e nem João tem nada a ver com matrimônio. 'Isso é lá com Santo Antônio'

Terça, 29 de junho de 2021

Carmen Miranda e Mário Reis — 'Isto é lá com Santo Antonio'

Isto É Lá Com Santo Antonio

Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
São João disse que não
São João disse que não
Isto é lá com Santo Antônio
Eu pedi numa oração
Ao querido São João
Que me desse um matrimônio
Matrimônio, matrimônio
Isso é lá com Santo Antônio
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava à Santo Antônio
São João ficou zangado
São João só dá cartão
Com direito a batizado
Implorei a São João
Desse ao menos um cartão
Que eu levava a Santo Antônio
Matrimônio, matrimônio
Isto é lá com Santo Antônio
São João não me atendendo
A São Pedro

segunda-feira, 28 de junho de 2021

Direitos indígenas: STF deve analisar tese do marco temporal nesta semana

Segunda, 28 de junho de 2021
Arte: Secom/MPF

MPF é contra entendimento, pois Constituição reconhece direitos dos indígenas à posse das terras de ocupação tradicional, sem marco de tempo

O Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar nesta quarta-feira-feira (30) o Recurso Extraordinário 1.017.365, que analisa a tese do marco temporal para demarcação de terras indígenas. Pelo entendimento, um território somente poderia ser demarcado se os indígenas provarem que o ocupavam no momento da promulgação da Constituição de 1988 ou em caso de comprovado conflito pela posse da terra. Para o MPF, no entanto, a tese viola o art. 231 da Constituição Federal, que reconhece o direito originário dos povos indígenas à posse das terras tradicionalmente ocupadas sem estabelecer nenhuma data ou marco no tempo.

Na trilha do descaminho

Segunda, 28 de junho de 2021 

Tenente Brigadeiro do Ar Sergio Xavier Ferolla 
28/6/2021

Com a população vivenciando um dramático período de incertezas políticas e econômicas, agravado pelo desemprego em massa e a cifra assustadora dos meio milhão de óbitos causados pela pandemia, persiste a desatenção governamental e a passividade dos congressistas. Nessa trágica conjuntura, com total desprezo pelos humanos sentimentos de perda e solidariedade, seguidores radicais se agrupam numa corrente satânica e ideológica, insuflada por agentes da desunião e do ódio, para enaltecer as irresponsáveis ações do Presidente da República.

Como verdadeira associação criminosa e tendo por estratégia degradar o sentimento coletivo, suas lideranças se valem de cortejos satânicos para promover a desagregação nas classes sociais e no ambiente familiar. Valendo-se do despreparo de uma turba com mentes vazias, cujos horizontes se limitam às futilidades novelescas e à admiração por figuras que externam símbolos da luxuria, promovem carreatas ruidosas e desfiles de motocicletas vistosas.

Nesse midiático artifício para tentar demonstrar apoio popular, tumultuam as vias públicas, em flagrante desrespeito às leis de trânsito e às determinações de distanciamento social.

Essa sequência de eventos, orquestrados por profissionais do submundo da política, não só representam verdadeiro deboche, como ofendem famílias enlutadas pela perda dos entes queridos vitimados pela deficiente condução do setor de saúde pública. Para decepção dos cidadãos de bem, uma galera amestrada e insensível à realidade de pobreza e ao degradante desnível social, demonstra verdadeiro “complexo de vira latas”, ao se deleitarem com manifestações dos mais abastados. Mobilizados pela subversão nas redes sociais, o grupelho acaba ignorando alertas e recomendações dos exaustos profissionais da saúde, engajados no atendimento aos trabalhadores e residentes da periferia, onde inexiste assistência e saudável alimentação.

Nesse caminhar para o desastre social e institucional, aos arroubos do líder maior, como num retrospecto dos tempos em que sua carreira militar foi interrompida por transgressões disciplinares, também se somam artimanhas maliciosas para solapar a instituição que o repudiou.

Nos seus costumeiros delírios psicóticos, citando como “meu exército” o honrado Exército de Caxias, tenta ludibriar civis e militares sobre irreal apoio na caserna. Para configurar tamanha falsidade, logrou envolver alguns contemporâneos da Academia Militar, convocando-os para postos na burocracia palaciana. Por desprezar suas ponderadas orientações e oportunos aconselhamentos, acabou os comprometendo em ações que macularam seus reconhecidos méritos profissionais. Mais decepcionante foi se posicionarem coniventes com um aventureiro insaciável e testemunharem, impassíveis, suas manobras contra as Instituições democráticas, na ânsia por poder totalitário.

Persistindo na trilha desastrosa em direção ao abismo, o cacique palaciano repete atos inaceitáveis, como os do tempo de oficial combatente, ao afrontar os Regimentos militares e os rígidos alicerces da Hierarquia e da Disciplina. Valendo-se de um submisso e inexpressivo General de Divisão, ainda na atividade militar, postou-o no cargo de Ministro da Saúde, para a missão de assegurar que suas determinações fossem obedecidas nos serviços de saúde pública.

Com tal manobra simulava uma posição oficial para se contrapor às orientações de cientistas e da própria Organização Mundial da Saúde. As consequências, de conhecimento da sociedade, acabaram na demissão do caricato Ministro e numa Comissão Parlamentar de Inquérito que busca responsáveis por possíveis crimes contra a vida.

Tais desacertos eclodiram em meados de junho, quando numa aglomeração em Copacabana, onde um carro de som enaltecia o maligno “capetão” (espero que o diabo não se sinta ofendido), nela se incorporou o indigno marionete.

Como militar da Ativa, tal ato que infligia a disciplina militar de forma injustificável, motivou amplo destaque na mídia doméstica e internacional. Por participar num planejado evento midiático, à flagrante transgressão se impunha exemplar punição, demonstrando não ser tolerada intromissão política no ambiente castrense pois, “se permitida sua entrada nos quartéis, a hierarquia e a disciplina sairão pela porta dos fundos”.

Mas o Comandante do Exército, para surpresa geral, não resistindo às pressões do palácio e dos conselheiros de alta patente, acatou as desculpas que permanecerão em sigilo por longo período. No entanto, aquele péssimo exemplo logo se proliferou pois, no dia seguinte, um Sargento classificado em Goiás, já participava da “live” de um Deputado, tratado como “major”, para apresentar baboseiras e solicitações salariais. Se punido ou não, a questão restará pendente, bem como outras que poderão surgir. Frente a tantos fatos lamentáveis, tornou-se dever, perante os mais jovens, manifestar preocupação com a evolução das impunes violações e das muitas manifestações de desapreço para com a ordem democrática.

Ao relembrar fatos relevantes do passado, os mesmos poderão servir de alerta e aprendizado, como ocorreu na “intentona comunista” de 1935. Deflagrada por seguidores de Carlos Prestes, numa madrugada e traiçoeiramente, Oficiais e sargentos foram assassinados por colegas. O Comandante da Unidade do Campo dos Afonsos, Major Eduardo Gomes, logrou sufocar a subversão, também identificada no Nordeste. A esquerda defendeu o levante por longo período, sob falsos e levianos direitos de opinião, que culminaram no governo Dilma, com a proibição de homenagens às vítimas do massacre.

Esses fatos inaceitáveis precisam constar nas precauções dos Chefes Militares, especialmente em relação aos dias tormentosos que poderão anteceder às eleições majoritárias de 2022.

Tal preocupação se avulta, pela existência de radicais no falado “gabinete do ódio” que se homizia nas hostes palacianas. Agindo nos quartéis e nas Polícias, em especial, tão ameaçadora conjuntura nos leva a considerar ensinamentos contidos na obra do filósofo espanhol Ortega y Gasset, que no livro “Rebelião das Massas”, do ano de 1922, analisa o período da ascensão nazista e fascista na Europa. Seus alertas se tornam mais oportunos, ao destacar o impacto causado pelos meios de comunicação na sociedade e ao enfatizar que: “o passado não nos dirá o que devemos fazer e sim o que deveríamos evitar”.

Pelas semelhanças com o cenário brasileiro, onde fermenta uma atmosfera extremista de direita e forte presença nas “fake news”, consideramos viável ser considerada a possibilidade para algo tipo intentona, visando transtornar o pleito eleitoral, se surgirem possíveis resultados adversos aos inimigos da democracia.

Frente tal hipótese, que ouso apresentar com ponderada convicção, cresce a importância dos bons ensinamentos nas tropas e a supervisão do MP militar junto aos Comandantes, enaltecendo o respeito à Hierarquia e à Disciplina. Também será essencial realçar que delitos mais graves podem resultar em Processo na Justiça Militar, onde personagens com citações delituosas constam nos registros históricos.

Como manifestação derradeira, devido os acontecimentos que se repetem em nosso país, tornou-se dever e modesta cooperação alertar, do Soldado mais humilde ao General mais graduado, para o profundo significado da mensagem deixada pelo Dr. Aldo Fagundes, ex-Deputado Constitucionalista e Ministro do STM, recém falecido, de que, “a farda é leve para quem a veste por vocação, mas é fardo insuportável para aquele que não compreendeu a missão para a qual prestou Juramento solene”.

(*) Tenente Brigadeiro do Ar Sergio Xavier Ferolla

Ministro Aposentado do Superior Tribunal Militar

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OBS.: Por ser um texto de opinião, não necessariamente o colocado pelo autor coincide com a opinião deste Blog Gama Livre.

MPDFT obtém liminar que proíbe parcelamento do solo na Serrinha do Paranoá

Segunda, 28 de junho de 2021


Prourb e Prodema ajuizaram ação nesta quinta-feira, 24 de junho, e Justiça deferiu liminar suspendendo ocupação da área

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) obteve decisão favorável que determina, em caráter liminar, a proibição do parcelamento do solo e/ou a edificação de quaisquer estruturas na expansão do Setor Habitacional Taquari, na região conhecida como Serrinha do Paranoá. As Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente (Prodema) e da Ordem Urbanística (Prourb) ajuizaram ação civil pública na quinta-feira, 24 de junho, contra o Condomínio Privê Lago Norte II e mais três associações de moradores. A liminar foi deferida nesta sexta-feira, 25 de junho, pela Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF.

Organizações lançam manifesto em defesa do Parque São Bartolomeu em Salvador

Segunda, 28 de junho de 2021

Manifesto repudia plano de concessão e defende o diálogo com a população para que a gestão participativa da unidade de conservação seja fortalecida. - Conder


Área tem importância histórica, bem como santuário, espaço litúrgico, de lazer e sustento da população ao redor

Da Redação
Brasil de Fato | Salvador (BA)

Movimentos sociais, comunidades de terreiros e organizações lançaram, na manhã desta quarta-feira (23), um manifesto em defesa do Parque São Bartolomeu. O parque, localizado em Salvador, está presente no Programa de Concessão de Unidades de Conservação de parques naturais, lançado no final de 2020, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Apresentado pela Frente em Defesa Popular do Parque São Bartolomeu, com mais de 50 assinaturas, o manifesto demonstra preocupação e repúdio com o plano de concessão. “As organizações da sociedade civil, por meio da Frente em Defesa Popular do Parque São Bartolomeu vêm a público manifestar preocupação e repúdio com o plano de privatização do Parque São Bartolomeu à iniciativa privada”, diz trecho do documento.

Além do Parque de São Bartolomeu, estão na lista para concessão: Parque Estadual das Sete Passagens (localizado em Miguel Calmon); Parque Estadual da Serra do Conduru (entre Ilhéus, Itacaré e Uruçuca); Parque Metropolitano de Pituaçu e o Parque Zoobotânico Getúlio Vargas, ambos em Salvador.

“O Parque São Bartolomeu área de proteção ambiental, patrimônio material, imaterial e histórico de Salvador, da Bahia e do Brasil, posto que foi o espaço ocupado pelo quilombo do urubu, um dos mais fortes centros de refugiados negros no século XIX na Bahia, além de compor o cenário inicial da independência do nosso País”, afirma o manifesto. Que também ressalta a importância do parque para as religiões de matriz africana enquanto santuário e espaço litúrgico. “É considerado um santuário para as religiões afrodescendentes, compostos de sete cachoeiras, localização geográfica, na borda oriental da bacia do recôncavo. O Parque São Bartolomeu possui uma considerável área de floresta ombrófila densa — remanescente da Mata Atlântica, composta por uma diversidade de vegetação que é utilizada no culto afro-brasileiro e para fins medicinais”.

Corrupção no Ministério da Saúde pode ser maior do que o esquema da Covaxin

Segunda, 28 de junho de 2021

Deputado Luis Miranda afirma que vê indícios de operação 100% fraudulenta para compra de testes de covid

28 de Junho de 2021

O bolsonarista Luis Miranda, deputado pelo DEM do Distrito Federal, foi o sexto candidato mais bem votado na capital - Pablo Valadares/Câmara dos Deputados


A corrupção no Ministério da Saúde sob o governo Bolsonaro pode ser muito maior do que o esquema da vacina Covaxin. Isso é o que disse, neste domingo (27), o deputado Luis Miranda (DEM-DF), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. Miranda disse que seu irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe do departamento de importação do Ministério, vê indícios de operação “100% fraudulenta” para a compra de testes de covid-19.

LGBTI celebram avanços em 10 anos de uniões homoafetivas no Brasil

Segunda, 28 de junho de 2021



Uniões foram reconhecidas pelo STF em 2011 como entidades familiares

Por Vinícius Lisboa — Repórter da Agência Brasil — Rio de Janeiro — 28/6/2021

O “sim” unânime dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu, em 2011, as uniões homoafetivas como entidades familiares, abrindo caminho a uma década de avanços para a população de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis e intersexuais (LGBTI) brasileiros. Reconhecida pelo Comitê Nacional do Brasil, do Programa Memória do Mundo da Unesco, como patrimônio documental da humanidade, a decisão completou dez anos em 5 de maio de 2021, assim como já fazem bodas casais que se uniram a partir dela e celebram, neste Dia Internacional do Orgulho LGBTI (28), direitos conquistados em décadas de luta por igualdade e dignidade.

As advogadas Patrícia Farina, de 35 anos, e Fernanda Marques, de 49 anos, já namoravam há seis anos quando o Supremo abriu as portas para que, anos mais tarde, elas se casassem em um cartório no bairro da Liberdade, em São Paulo. A realização de casamentos homoafetivos em qualquer cartório do Brasil foi garantida em 2013 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e, em 2015, as duas decidiram assinar os papéis por um motivo pragmático, lembra Patrícia, que, até então, não tinha o casamento como um sonho.

domingo, 27 de junho de 2021

Geração 68: nós que amamos tanto a revolução

 Domingo, 27 de junho de 2021


Do site Pátria Latina

José Bessa Freire

“No tengo miedo al invierno con tu recuerdo lleno de sol”. 

 (Tonada del viejo amor, Eduardo Falú / Mercedes Sosa)

O livro Nous l’avons tant aimée, la révolution escrito pelo líder de Maio de 68 na França, Daniel Cohn-Bendit, usa o verbo no pretérito composto (o “passé composé” francês). Na tradução, a Editora Brasiliense optou pelo pretérito imperfeito: “Nós que amávamos tanto a revolução”. Se fosse o perfeito seria amamos, que em português, unicamente no caso de nós, guarda a mesma forma tanto no presente como no pretérito, o que cria a desejada ambiguidade na evocação de um passado que não se contrapõe ao presente.

Cohn-Bendit reúne entrevistas feitas por ele em diferentes países, cujas manifestações de rua fizeram tremer o planeta em 1968. Quase vinte anos depois, ele ouviu, entre outros, líderes dos Panteras Negras, Yuppies, Women´s Lib, Brigadas Vermelhas, Solidarność, guerrilheiros da América Latina e, no Brasil, Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis. Alguns dos entrevistados, desiludidos, desistiram da luta, mas muitos continuam na militância no campo democrático.

É o caso do grupo “Geração 68 Sempre na Luta” que convocou um ato público para comemorar os 53 anos da “passeata dos cem mil” neste 26 de junho, na Cinelândia, no Rio. Fui. Se fosse eu o único a comparecer, diria eu amava ou amei. Mas na companhia, ainda que discreta de outros companheiros, o passado é perfeito: nós amamos a revolução. Atravessa assim os tempos verbais e destaca o caráter coletivo e a relativa perenidade desse engajamento.

Passeata dos sem mil

O que ficou da passeata dos cem mil? Milhares já morreram “de susto, de bala ou vício”, não poucos de corona, os sobreviventes com dificuldades de locomoção ou temerosos de aglomeração. Diante disso, o cineasta Silvio Tendler, que apoiou o ato simbólico, brincou me dizendo que agora seria a “passeata dos sem mil”. Fui lá conferir. Vesti minha camisa amarela da Escola Tuyuka Utapinopona, preparei um cartaz e marchei para a Cinelândia na companhia dos irmãos Pucu – o poeta Luiz e o advogado Márcio com sua esposa Elizabeth. Essa comitiva amazonense, que viveu 68 no Rio, levava no coração Thomazinho Meirelles, assassinado pela ditadura.

Quantos “gatosos” pingados havia na Cinelândia? Quatrocentos, talvez quinhentos?  Mas se somássemos todas as histórias ali contadas, os cem mil estavam lá rezando em nossos ouvidos: “Fazei isso em memória de mim”.  Situação similar deve ter sido vivida pelas demais cidades que convocaram para o ato – Fortaleza, Goiânia, Brasília, Recife e Belo Horizonte. Em razão da chuva, Porto Alegre transferiu para o próximo sábado (3).

Agora, no Rio, ali estávamos, meio século depois, trocando olhares que se encontravam, tentando adivinhar o que havia por trás das máscaras e dos cabelos brancos. Montados no Rocinante do Quixote, nós, que tanto amamos a revolução, rememoramos dezenas de manifestações ocorridas naqueles tempos no combate contra a ditadura, a censura, a violência policial.

Nas escadarias da Câmara Municipal se fez presente João Batista Andrade, já falecido, representado por seu filho batizado como Davi Yanomami. Fizemos uma rodinha para ressuscitar o querido JB, meu colega de sala na Faculdade Nacional de Direito. Ambos fomos presos na passeata do dia 15 de setembro de 1966. Guardo a data porque obtive os dados da ABIN – Agência Brasileira de Inteligência. O comandante do Regimento Marechal Caetano de Farias, na Frei Caneca, exigiu para nos soltar a presença de algum familiar que, no meu caso, residiam em Manaus. O pai do JB, doutor Andrade, advogado, veio tirar o filho:

– Só saio daqui se o amazonense também sair.

O velho, puto da vida, resistiu, mas acabou assinando um termo de responsabilidade por alguém que ele não conhecia.

Cego em tiroteio

– Se eu ficar o tempo todo contando histórias, não vou desaparecer – escreveu Patrícia Portela. Histórias abundam.

Numa passeata contra os acordos MEC-USAID que pretendiam privatizar a escola pública e instituir o ensino pago, os policiais nos perseguiam e, no meio de uma desabalada carreira, meus óculos caíram na rua Santa Luzia. Continuei a fuga assim mesmo como cego em tiroteio. Foi aí que o líder do Grêmio do Colégio de Aplicação da UFRJ, Emilio Mira y Lopez, retornou para recuperá-los, enfrentando a repressão policial. Esse gesto corajoso e solidário, que me fez ver o mundo outra vez, ligou para sempre as nossas lembranças e selou uma amizade. Décadas depois encontrei Emilio, que hoje é médico, trata dos meus achaques e fez contato com o grupo Geração 68.

Naquele 1968, a TV Continental com Fernando Barbosa Lima convidou Ana Arruda Callado e Reynaldo Jardim para o Jornal de Vanguarda. Os dois levaram para lá a juventude e a inexperiência desse amazonense aqui contratado como repórter. Fui escalado para cobrir uma passeata estudantil no centro do Rio, transformado em praça de guerra. Offices boys se juntaram aos estudantes para jogar pedras na polícia. Do alto de um edifício na rua México, alguém atirou uma máquina de escrever que caiu sobre o ombro de um meganha, no momento em que levava preso um manifestante.  Podia ter acertado o jovem, que teve sorte e se escafedeu.

– Deus é estudante – eu disse ao relatar o fato ao Reynaldo, que diariamente, no Jornal de Vanguarda comentava em versos alguma notícia. Nessa noite, cada estrofe do poema terminava com o estribilho: “Como disse Riba, Deus é estudante”. 

Cinderela da Revolução

No exílio no Chile, muitas dessas histórias eram lembradas e relembradas como aquela da passeata na qual manifestantes perseguidos pela polícia invadiram uma loja na rua Uruguaiana e se misturaram aos clientes. O gerente, solidário, fechou a porta e pediu silêncio aos estudantes. Mas um sargento, que viu tudo, aos gritos, mandou abrir. O camburão já estava na porta para levar os presos. Como distinguir, porém, o manifestante do freguês? O sargento, tendo na mão um mocassim perdido na fuga, perguntou: De quem é esse sapato? Descalço de um pé, Teodoro Buarque de Hollanda, primo do Chico, foi o primeiro a ser preso.

– Eis a Cinderela da Revolução – brincou o titiriteiro Euclides Coelho de Souza ao ouvir Teodoro contar o episódio na Pensão da Calle Grajales, onde viviam muitos brasileiros exilados. Euclides, com seu espanhol impecável ainda traduziu: Tu eres la Cenicienta de la Revolución.

Algumas histórias são engraçadas, outras ingênuas, muitas tristes com prisões, torturas e mortes. Na “passeata dos sem mil”, todos traziam na memória os cem mil, aquelas e aqueles que participaram das lutas contra a ditadura militar de 1964 a 1985 e que ajudaram a conquistar a democracia, as liberdades, a anistia, a Constituinte, as eleições diretas – como diz o manifesto da “Geração 68 sempre na luta”.

Embora não seja um bloco homogêneo e abrigue gente de diversos horizontes políticos, o que une a todos que amamos a revolução são os valores de humanidade e solidariedade negados hoje por um governo fascista e corrupto, que refuta a ciência, destrói o meio ambiente e tripudia sobre os direitos indígenas garantidos na Constituição. Daí o grito: Fora Bolsonaro, cujo crime maior não foi o de prevaricação, nem a assinatura mutretada do contrato de R$1,61 bilhão para a compra da Covaxin, nem muito menos as “rachadinhas” ou o gasto de dinheiro público para a propaganda política com as motociatas, enquanto o Brasil conta mais de meio milhão de mortos.

O crime maior de Bolsonaro, que devia ser impichado e preso por isso, foi retirar a máscara de proteção contra a Covid-19 de uma criança de colo no Rio Grande do Norte e de mandar uma menina de 10 anos, que recitava uma poesia, retirar sua máscara. Quanta estupidez neste ato criminoso, burro e cruel, que ao atropelar a proteção materna, coloca em risco a saúde das crianças.

O Brasil vive um momento tenebroso de sua história. Contra o desânimo e o medo, a Geração 68 se identificou com faixas e cartazes nas manifestações do dia 19 e agora do dia 26. É como se estivesse entoando com Mercedes Sosa a canção de seu compatriota Eduardo Falú: “No tengo miedo al inverno, con tu recuerdo lleno de sol”. Que esse passeio pela lembrança sirva para manter viva a memória solar da luta, que nos enche de coragem.

Referências: Daniel Cohn-Bendit. Nous l´avons tant aimée, la révolution. Paris. Barrault 1986. Seuil 1988

Dany Cohn-Bendit. Nós que amávamos tanto a revolução. São Paulo. Editora brasiliense 1987

P.S. Fotos de Evandro Teixeira, Luiz Pucu e Ione Couto

Ex-esposa de Pazuello pede para depor na CPI da pandemia

Domingo, 27 de junho de 2021

Andréa procurou voluntariamente representantes da Comissão e sugeriu tópicos que poderiam ser abordados no depoimento

Redação
Brasil de Fato | Lábrea (AM) 
27 de Junho de 2021

Recompensado por Bolsonaro, o general deixou o ministério da Saúde para ocupar um cargo de confiança da Presidência - Reprodução / Twitter


A ex-esposa do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, pediu para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da pandemia no Senado. A informação foi divulgada neste domingo (27) pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.

A solicitação foi feita por um e-mail dirigido a representantes da CPI. No comunicado, Andréa - como foi identificada - citou tópicos envolvendo a atuação do ex-marido no Ministério que poderiam ser relevantes para CPI e que seriam abordados em um futuro depoimento.

Com o surgimento de indícios de irregularidades na compra da Covaxain, novas suspeitas recaem sobre o general. Na última sexta-feira (26), o servidor de carreira do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, afirmou à CPI que o então ministro sabia das suspeitas na aquisição do imunizante.


O depoimento de Andréa ainda não foi confirmado. A decisão deve ser tomada em reunião entre senadores e o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), nos próximos dias.

Investigado 

Após 10 meses à frente da pasta, Pazuello entregou o cargo de ministro da Saúde em março deste ano. A gestão foi marcada por atrasos na vacinação, defesa de medicamentos comprovadamente ineficazes e falhas logísticas. 

Investigado pela CPI da Covid, o general da ativa ocupa atualmente o cargo de secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Edição: Sarah Fernandes

A GENTE TE EXPLICA: Por que a pandemia só piora no Brasil, mesmo com a vacinação?

Domingo, 27 de junho de 2021
Protesto na praia de Copacabana; pesar pelos mortos da pandemia é nacional - Carl de Souza/ AFP



A GENTE TE EXPLICA

Por que a pandemia só piora no Brasil, mesmo com a vacinação?

Com mais de 50 mil contaminados por dia desde fevereiro, país tem cerca de 15% da população vacinada e isolamento baixo

Nara Lacerda*
26 de Junho de 2021

Houve diversas formas de negligência. Tudo isso influencia no que estamos vivendo agora.

Se a pandemia fosse um campeonato e o coronavírus fosse o adversário do Brasil, seria possível dizer que o país entrou na semana que começou no domingo (20) com um time lento, despreparado e insistindo em erros antigos. A vacinação seria o apoio técnico que está atrasado. 

O Plano Nacional de Imunização segue, mas ainda assim, os números da pandemia não param de avançar. Os sete dias anteriores já tinham colocado o Brasil novamente no patamar de mais de 500 mil de novos contaminados em apenas uma semana, muito próximo aos piores recordes da história.


Não há segredo para explicar o cenário, que parece discrepante para muita gente. Somente a vacinação, sem medidas de prevenção e sem uma melhora consistente no ritmo de chegada das doses à população, não vai conseguir diminuir os números da pandemia.

Em conversa com o o podcast A Covid-19 na Semana*, a médica Fernanda Americano Freitas Silva, da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares, explica que o número de imunizados com a segunda dose é baixo e o Brasil sofre as consequências da falta de planejamento e de vontade política para combater a circulação do vírus.

"É importante destacar o ritmo lento da vacinação comparado ao potencial do SUS [Sistema Único de Saúde]. No Brasil, a gente já sabe que houve diversas formas de negligência. Tudo isso influencia no que a gente está vivendo agora", alerta a médica.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para frear a propagação do vírus será necessário imunizar pelo menos entre 70% e 80% do país totalmente. Atualmente, mais de cinco meses após o início da campanha, o índice de pessoas que tomaram as duas doses está próximo a 15%.


Ainda assim, a falsa percepção de que a vacinação está avançada pode estar aumentando o abandono das medidas preventivas. Diminuir o isolamento e o uso de máscara, por exemplo, pode ser uma combinação fatal para uma nação que tem mais de 50 mil casos diários desde fevereiro.

Fernanda lembra que pessoas vacinadas ainda podem transmitir o coronavírus, "Essa sensação de proteção individual pode prejudicar a ação coletiva que a vacina tem. Todos que estão vacinados devem continuar usando máscara e evitando aglomeração", ressalta ela.

Segundo o Imperial College de Londres, cada 100 pessoas contaminadas hoje no Brasil, têm potencial de infectar outras 113 pessoas. A taxa de transmissão vem aumentando no país, que superou 18 milhões de casos da covid nesta semana.

É preciso agir

Não há sinalização do governo de que algo irá mudar. No domingo (20), um dia depois de o Brasil alcançar a marca de meio milhão de mortos, a praia de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, foi decorada com 500 rosas em homenagem às vítimas. Da parte do presidente Jair Bolsonaro não houve nenhum tipo de condolência oficial.

O presidente só falou sobre o assunto na segunda-feira (21), em uma conversa com jornalistas em Guaratinguetá (SP). Ele disse que lamentava os óbitos, mas aproveitou para afirmar que os números são inflados por governadores em busca de verba, o que já foi desmentido pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

Nos dias seguintes, as cidades de São Paulo, Campo Grande, João Pessoa, Aracaju, Porto Alegre e Florianópolis suspenderam a vacinação temporariamente por falta de doses. Na quarta-feira (23), a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou que a pandemia começou a apresentar queda globalmente, mas ressaltou que no Brasil a tendência é oposta.


Divulgado na segunda-feira (21), o estudo Como o estado atual da vacinação no Brasil influencia no controle da pandemia da covid-19?, das Universidades Federais de Juiz de Fora e de São João del-Rei apontou as consequências da lentidão no PNI.

Se o país continuar vacinando no ritmo atual - cerca de 360 mil pessoas por dia - mais de 200 mil mortes podem ocorrer até o fim do ano e a pandemia não será controlada em 2021. Os estudiosos foram enfáticos na defesa de medidas de prevenção da propagação.

"As medidas não farmacológicas, como distanciamento social e uso de máscaras, são de fundamental importância para prevenir a propagação da doença e diminuir o número de mortes ao longo do ano", alerta o estudo.

A médica Fernanda Americano afirma que a possibilidade de que a pandemia siga no ano que vem revela falhas gravíssimas. Ela cita as suspeitas de corrupção na compra de vacinas, as negativas de compra e a aposta na ideia da imunidade de rebanho por contágio.


"O que nos resta é continuar lutando com as evidências que a gente tem", desabafa a profissional frente ao discurso negacionista e a fragilidade das políticas sociais.

"O brasileiro está cansado, o brasileiro está exausto fisicamente e emocionalmente", ressalta Fernanda, ao defender a urgência da vacinação em massa.

Na quinta-feira (24), em audiência na CPI da pandemia, a médica Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional no Brasil e integrante do Grupo Alerta, afirmou que mais de 300 mil mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil com as medidas certas, isso sem levar em consideração o pior período do surto no país.

Também na CPI, o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas, apontou que 400 mil pessoas poderiam ter sido salvas. Segundo ele quatro em cada cinco mortes ocorreram por falhas no combate à pandemia. 

Edição: Leandro Melito

Fonte: Brasil de Fato