Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

Ministério da Saúde não adverte: populismo mata

Segunda, 31 de janeiro de 2021


Excesso de óbitos é mais de 2 vezes superior em países de líderes negacionistas.
31 De Janeiro De 2022


Em janeiro de 2021, esta coluna fez uma estimativa de quantas mortes poderiam ter sido evitadas no Brasil se o Governo Bolsonaro tivesse seguido as medidas recomendadas pela OMS. Dependendo do critério utilizado, poderiam ter sido poupadas entre 25% (se fosse utilizada a média de óbitos na América Latina) a 75% (calculado pela média mundial) de vidas.

No final da semana passada, uma pesquisa liderada por Michael Bayerlein, do Instituto Kiel para a Economia Mundial, apurou o excesso de mortes em relação ao que seria esperado em 2020 em 42 países. Aquelas nações classificadas pelos pesquisadores como tendo líderes populistas (EUA, Brasil, Reino Unido, México, Turquia, Índia, Hungria, República Tcheca, Israel, Polônia e Eslováquia) tiveram 18 óbitos a mais por 100 habitantes em relação às expectativas. Nos países com líderes não-populistas, o excesso de mortalidade foi de 8. Assim, houve 10 óbitos não esperados a mais em países populistas.

MORO E A ANALOGIA DO JUIZ LADRÃO NO FUTEBOL

Segunda, 31 de janeiro de 2022
Charge: Nani

Do Portal Pátria Latina
Por Jair de Souza*
Em julho de 2019, numa sessão da Comissão de Constituição de Justiça e Cidadania, que interpelava o então Ministro da Justiça de Bolsonaro, o ex-juiz Sérgio Moro, o deputado do PSOL Glauber Braga fez uma analogia com o futebol para caracterizar Sérgio Moro como um juiz-ladrão.

Desde esse momento, o termo juiz-ladrão vem sendo constantemente empregado para fazer referência ao papel desempenhado por Sérgio Moro enquanto este estava à frente do juizado que encabeçava as atividades da ultramidiática Operação Lava-Jato.

Embora o emprego dessa expressão tenha se tornado recorrente, neste artigo, gostaria de expor as razões pelas quais considero deveras inapropriado que a mesma continue sendo atribuída ao ex-juiz Sérgio Moro.

Primeiramente, vamos tentar deixar bem elucidado o que entendemos por juiz-ladrão no meio futebolístico.

Famílias de acampamento em Brazlândia (DF) realizam ato para denunciar grilagem

Segunda, 31 de janeiro de 2022

Crianças, homens e mulheres moram no espaço há mais de cinco anos e atualmente sofrem com a ameaça de despejo - Foto: Roberta Quintino

REFORMA AGRÁRIA
Famílias de acampamento em Brazlândia (DF) realizam ato para denunciar grilagem

Ato político reuniu representantes de movimentos e entidades sindicais em defesa da reforma agrária

Roberta Quintino
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 31 de Janeiro de 2022

Em Brazlândia, às margens da BR-080, cerca de 150 famílias resistem contra ações de despejos e avanço da grilagem de terra na região. No último sábado (29), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com o apoio de centrais sindicais, movimentos populares e partidos políticos, realizou um ato em defesa das famílias que constroem o acampamento Noelton Angélico e lutam pelo direito à terra.

Em meio a palavras de ordem, resistir e lutar ganhavam um tom maior entre as dezenas de pessoas que participavam do ato político. A atividade aconteceu na plenária do acampamento, construída coletivamente pelas famílias Sem Terra que ocupam e produzem alimentos saudáveis no território.

Peritos da ONU chegam ao Brasil para avaliar combate e prevenção à tortura

Segunda, 31 de janeiro de 2022
Especialistas da ONU sobre Prevenção de Tortura visitam Brasil.

ONU News

Grupo estará em Brasília até o dia 4 de fevereiro em reuniões com autoridades para discutir decreto presidencial que estipulou trabalho voluntário para integrantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura; chefe da delegação teme que sistema não esteja sendo operacional.

Peritos do Subcomitê da ONU de Prevenção à Tortura* chegam ao Brasil nesta segunda-feira para reuniões com autoridades do país. Os especialistas ficam na capital, Brasília, até o dia 4 de fevereiro, avaliando uma política nacional que alterou o sistema de prevenção e combate à tortura.

O grupo está preocupado com as consequências de um decreto presidencial promulgado em junho de 2019, que estipulou que os integrantes do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura não serão mais remunerados, devendo trabalhar de forma voluntária, sem receber apoio do governo.

É hoje, nesta segunda-feira (31/1), a LIVE da Auditoria Cidadã da Dívida sobre Agro 'pop' e juros altos para conter a inflação de alimentos: qual a maior mentira?

 Segunda, 31 de janeiro de 2022



Hoje, segunda-feira (31/1), às 19h, a live da Auditoria Cidadã da Dívida irá abordar questões que estão diretamente relacionadas e afetam o bolso dos brasileiros e brasileiras: o elevado preço dos alimentos devido aos problemas do grande agronegócio voltado para exportação e a ineficaz alta de juros para conter este tipo de inflação.

Para debater o tema, a coordenadora nacional da ACD Maria Lucia Fattorelli dialoga com Marco Antônio Mitidiero Junior, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e autor, juntamente com a Profª. Yamila Goldfarb do artigo “O agro não é tech, o agro não é pop e muito menos tudo” . O tema é relacionado ao “Sistema da Dívida”, conforme aborda o artigo “O agronegócio e a dívida pública”, escrito por Fattorelli.

Participe com a gente, estaremos ao vivo no Facebook e também no canal da ACD no Youtube.
Esperamos vocês!

Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida

domingo, 30 de janeiro de 2022

RETROCESSO —Agronegócio quer derrubar proibição do paraquate, agrotóxico que pode causar Parkinson e câncer

Domingo, 30 de janeiro de 2022

Lançado em 1962, o paraquate foi proibido em 2007 na União Europeia e começou a ser reavaliado no Brasil em 2008 - Foto: Bruno Kelly/Greenpeace

Entidades de combate ao uso de venenos agrícolas e defesa da saúde apontam riscos no lobby de produtores de soja

Nara Lacerda
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | 30 de Janeiro de 2022

Pouco mais de um ano após o início da proibição da venda do agrotóxico paraquate no Brasil, produtores de soja buscam artifícios para reverter a decisão. O movimento é visto com preocupação por entidades que atuam na defesa da saúde e no combate aos venenos agrícolas.

O veto à presença do produto foi definido em 2017 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quase dez anos depois do início das discussões sobre o tema. Na ocasião, a Anvisa deu prazo até 2020 para adequação do setor. Posteriormente, ainda concedeu mais uma ano para que produtores pudessem usar estoques já adquiridos.

Agora, a Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) pede ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento "liberação emergencial" do produto "seguida de revisão da decisão da Anvisa."

Brizola anti-imperialista

Domingo, 30 de janeiro de 2022

Brizola anti-imperialista
“Me encontrarão onde sempre estive: no centro de todos os debates que envolverem o interesse nacional.”
(Leonel Brizola)

Em meio as comemorações e as análises referentes ao centenário de nascimento de Leonel Brizola, evidenciamos seus grandes feitos, suas ideias e sua trajetória.

Dentre as louvações das mais diversas correntes políticas, há um evento que necessita ser pautado: o fato de Brizola não ter chegado à Presidência da República.

À luz da historiografia, não há como negar que Brizola sofrera um veto, cuja determinação não fora decidida por quem fala português, embora as elites tupiniquins vassalas aos interesses internacionais, agissem conforme os ditames do imperialismo norte-americano.

Sim, Washington jamais permitiria que Brizola fosse presidente. Os locatários da Casa Branca, sempre monitoraram Brizola e agiram o quanto puderam para obstaculizar sua ascensão à presidência.

Vastos relatórios das agências de inteligência, assim como testemunhos, livros etc., relatam o monitoramento e as preocupações sobre Brizola.

Fruto fecundo do Queremismo, na década de 1940, Brizola herdou a conceituação mais genuína sobre soberania nacional. Para ele nada era mais sagrado do que os interesses pátrios.

Aliás, o Trabalhismo de Getúlio, Jango e, consequentemente, de Brizola, sofreram diretamente contra as ações engendradas pelos ianques.

Getúlio Vargas, que ousou criar a Petrobras foi levado ao suicídio: as digitais americanas na desestabilização nacional durante a Era Vargas são incontestes. Jango enfrentou o Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPES) e o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (IBAD); todos financiados com dólares americanos, sem contar a ação direta do embaixador, Lincoln Gordon, e sofrera o golpe.

Fatos estes demonstram que o Trabalhismo brasileiro, sempre sofrera a oposição dos EUA e que o golpe de 1964 fora, de fato, um golpe contra esta corrente de pensamento.

Com Brizola não seria diferente. Até porque, suas ações durante o Governo do Rio Grande do Sul (1959-1963) revelaram suas ideias e seu comportamento antivassalagem.

Foi assim ao desapropriar empresas como a Bond and Share que explorava os serviços de energia elétrica e se negava a estender seus serviços às zonas rurais, e a Internacional Telephone and Telegraph, ITT, detentora do monopólio dos serviços telefônicos. Sem falar na ousadia de Brizola em fazer a reforma agrária ou, simplesmente, a sua determinação e a épica Campanha da Legalidade.

Estes fatos aterrorizaram os interesses americanos e marcaram Brizola, definitivamente, como oponente ianque e jamais deveria ser presidente, além de tornar-se o inimigo número 1 do golpe de 1964, como também fora um dos exilados mais vigiado e monitorado pelas agências de inteligência.

Nem mesmo a ação humanitária de Jimmy Carter concedendo asilo político a Brizola, devido a sua expulsão do Uruguai, removeu o veto que os interesses americanos puseram contra Brizola.

Assim foi com o golpe de Golbery do Couto e Silva quando tiraram a legenda do PTB de Brizola, a fraude da Proconsult que quase surrupiou seu direito de governar o estado do Rio de Janeiro, os sucessivos adiamentos de eleições diretas para presidente, que só ocorreriam em 1989, entre outros fatos que impediram-no de ser presidente.

Para isso, os ianques sempre contaram com ajuda preciosa de nossas elites, destaque aqui para o senhor Roberto Marinho e as Organizações Globo, opositores confessos de Brizola.

Temiam eles (os americanos) que Brizola transformaria o Brasil não em uma nova Cuba, mas em uma China do século XXI.

O pecado mortal de Brizola era sua independência, sua concepção de soberania nacional e sua coragem. Brizola, jamais, se curvou para chegar à presidência; perdeu eleições, mas manteve a sua honra, as suas ideias coerentes e a sua espinha ereta. Talvez esta seja mais uma razão de sua grandiosidade.

Perdeu o Brasil, perderam as crianças, perdeu a nacionalidade.

Não nos regozijamos em estar ao lado dos “vencedores”, afinal, o Brasil sonhado por Brizola continua a nutrir e a mobilizar milhares de brasileiros.

Henrique Matthiesen
Formado em Direito
Pós-Graduado em Sociologia.

A catapulta

Janeiro
30

A catapulta

Em 1933, Adolf Hitler foi nomeado primeiro-ministro da Alemanha. Pouco depois, celebrou um ato imenso, como correspondia ao novo dono e senhor da nação.
Modestamente, gritou:
—Eu estou fundando a Era da Verdade! Desperta, Alemanha! Desperta!, e os rojões, os fogos de artifício, os sinos das igrejas, os cânticos e as ovações multiplicaram os ecos.
Cinco anos antes, o partido nazista havia conseguido menos de três por cento dos votos.
O salto olímpico de Hitler rumo ao topo foi tão espetacular como a simultânea queda, rumo aos abismos, dos salários, dos empregos, da moeda e de todo o resto.
A Alemanha, enlouquecida pelo desmoronamento geral, desatou a caça aos culpados: os judeus, os comunistas, os homossexuais, os ciganos, os débeis mentais e os que tinham a mania de pensar além da conta.
Eduardo Galeano, no livro 'Os filhos dos dias',
2ª edição, ano 2012, página 44, L&PM Editores.
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Imagem Wikipédia

sábado, 29 de janeiro de 2022

Cultura FM: o drama dos voluntários

Sábado, 29 de janeiro de 2022

Do Blog Brasília, por Chico Sant'Anna


“O que aconteceu e tem acontecido com os colaboradores da Rádio Cultura FM é um conjunto de grosserias. Falta o mínimo de respeito no trato com quem sempre esteve na emissora construindo seu nome. Nós somos a identidade da Cultura, mas eles não perceberam.”

Por Dioclécio Luz*

A Rádio Cultura FM foi inaugurada em 1988. Naquela época as músicas eram gravadas em long-play, computador não existia. Naquela época ninguém imaginaria que anos depois o país teria um presidente incapaz de falar uma frase inteligente, citado numa CPI como responsável pela morte de 620 mil brasileiros, e que o governador no Distrito Federal seria um aliado dessa figura macabra.

Em 1988 também surgiu o programa Canta Nordeste na Rádio Cultura. A proposta original era tocar a música da região. Depois foi visto que precisava mostrar a região nos seus mais diversos aspectos: social, econômico, político; fauna e flora; alegrias e tristezas. E foi assim até 2021 quando a Secretaria de Cultura e a Rádio Cultura anunciaram seu fim. Em janeiro de 2022 o programa foi expurgado da Rádio Cultura.

O começo de tudo foi uma denúncia feita ao Ministério Público do Tribunal de Contas do DF (TCDF), por um grupo de aprovados no concurso da rádio, questionando a presença de comissionados fazendo o que eles, os selecionados, deveriam estar fazendo. Em 2019 o TCDF abriu o processo, mas desviou-se da rota original: o problema agora não eram os comissionados, mas os voluntários receberem recursos do Fundo de Apoio a Cultura (FAC). O Canta Nordeste, concorreu e por duas vezes foi selecionado, recebendo recursos para manutenção de programas por dois semestres de sua longa história.

O FAC, é importante ressaltar, cobre só uma parte da produção e por um período limitado. O apoio do FAC significou uma ínfima redução nos gastos de produção dos programas por um curto período da história. Ele não paga o que foi investido pelo colaborador em 10, 20 ou 30 anos de programa.

PANDEMIA AVANÇA — Brasil registra, pela primeira vez, mais de 1 milhão de casos de covid-19 em uma semana

Sábado, 29 de janeiro de 2022

Média móvel de casos, que analisa últimos sete dias, atinge marca recorde; Nas últimas 24h, foram 640 mortes pela doença

Redação
Brasil de Fato | São Paulo (SP) | | 29 de Janeiro de 2022

Brasil tem mais de 1 milhão de casos da covid-19 em acompanhamento

Pela primeira vez desde o início da pandemia, o Brasil atingiu mais de 1 milhão de pessoas contaminadas pela covid-19 no período de uma semana. Foram 1.305.447 registros, 39% a mais em relação à semana anterior, que acumulou 933.452 casos entre 16 e 22 de janeiro.

97% do lixo eletrônico da América Latina não é descartado de forma sustentável

Sábado, 29 de janeiro de 2022


ONU News
29 janeiro 2022

Agência da ONU acredita que total inclui matérias-primas como ouro e metais raros, com valor equivalente a US$ 1,7 bilhão; pesquisa da Unido avaliou situação em 13 países da região, incluindo Argentina, Chile e Peru.

Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial, Unido, revela que apenas 3% do lixo eletrônico da América Latina é descartado da forma correta e tratado de uma maneira que respeita o meio ambiente.

Segundo a entidade, não há monitoramento dos demais 97%, sendo que muitos materiais contêm ouro e outros metais preciosos e poderiam ser recuperados, com valor equivalente a US$ 1,7 bilhão por ano.

Aumento de quase 50%

Computadores e celulares não podem ser jogados no lixo comum.

O “Monitor Regional de E-Waste para América Latina” é o primeiro do tipo feito pelas Nações Unidas, avaliando 13 países da região, incluindo Argentina, Chile, Peru e Venezuela.

O documento nota que resíduos e materiais eletrônicos estão entre os tipos de lixo que crescem de forma mais rápida no mundo, ameaçando o desenvolvimento sustentável.

VACINA INFANTIL: Ministra Damares é denunciada ao Ministério Público por prevaricação

Sábado, 29 de janeiro de 2022

Ação foi motivada após nota emitida pelo Ministério, em que se opõe ao passaporte vacinal e à obrigatoriedade de vacinação de crianças contra a covid-19 - Valter Campanato/Agência Brasil

A ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos está sendo denunciada por prevaricação

Redação
Brasil de Fato | Porto Alegre (RS)

A deputada Maria do Rosário (PT/RS), ex-ministra dos Direitos Humanos do governo de Dilma Rousseff e presidenta da Frente Parlamentar Mista de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente no Congresso Nacional, ingressou no Ministério Público Federal (MPF), na tarde desta sexta-feira (28), pedindo a abertura de uma investigação para possíveis crimes cometidos pelos responsáveis pela Nota Técnica do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos que se opõe ao passaporte vacinal e à obrigatoriedade de vacinação de crianças contra a covid-19.

Além da investigação sobre o documento emitido pelo ministério, o pedido ao MPF solicita a averiguação sobre os desvios de finalidade que vem sofrendo o Disque 100 — número para denúncias de violações dos direitos humanos. A ministra Damares Alves está sendo denunciada por prevaricação.

Auditoria Cidadã da Dívida faz LIVE nesta segunda (31/1) — Agro “pop” e juros altos para conter a inflação de alimentos: qual a maior mentira?

Sábado, 29 de janeiro de 2022


Na próxima segunda-feira (31/1), às 19h, a live da Auditoria Cidadã da Dívida irá abordar questões que estão diretamente relacionadas e afetam o bolso dos brasileiros e brasileiras: o elevado preço dos alimentos devido aos problemas do grande agronegócio voltado para exportação e a ineficaz alta de juros para conter este tipo de inflação.

Para debater o tema, a coordenadora nacional da ACD Maria Lucia Fattorelli dialoga com Marco Antônio Mitidiero Junior, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e autor, juntamente com a Profª. Yamila Goldfarb do artigo “O agro não é tech, o agro não é pop e muito menos tudo” . O tema é relacionado ao “Sistema da Dívida”, conforme aborda o artigo “O agronegócio e a dívida pública”, escrito por Fattorelli.

Participe com a gente, estaremos ao vivo no Facebook e também no canal da ACD no Youtube.
Esperamos vocês!

Fonte: Auditoria Cidadã da Dívida

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

LIÇÕES DE UM PATRIOTA

Sexta, 28 de janeiro de 2022








LIÇÕES DE UM PATRIOTA

Não sei com quantos estadistas o processo social contemplou nossa frágil república. Mas, principalmente na sequência dos anos 1930, dois nomes saltam à vista: Getúlio Vargas e Leonel Brizola. O primeiro inaugura o ciclo trabalhista; o segundo, encerrando-o, cede caminho para a emergência do lulismo, vertente que negara o varguismo, cadinho de todos os vícios do sindicalismo brasileiro, na conclusão primária da socialdemocracia paulista, que, no governo, prometeu “enterrar a era Vargas”.

Getúlio — dominando a política e o imaginário nacional desde 1930, e, com o pequeno intervalo de 1945-1950, governando o país por 19 anos — constitui-se, até aqui, como nossa maior liderança popular. Riquíssima, é ao mesmo tempo personalidade política a mais contraditória, ao transitar da revolução conservadora de 1930 (movimento liderado por três governadores de Estado e operado pela elite do “tenentismo”) à modernização do pais, da democracia representativa de 1934 à ditadura do “Estado novo”, para enfim encerrar seus dias de forma trágica na condução frustrada de um governo democrático e nacionalista. Deixou como herança, em um rol extensíssimo, a legislação trabalhista, uma plataforma nacionalista e um partido político popular, bem como duas lideranças, seus conterrâneos João Goulart e Leonel Brizola.

Embora jamais lograsse a presidência da república, que tanto perseguiu, e para a qual se preparara no curso de sua longa carreira política —deputado estadual, prefeito de Porto Alegre, governador do Rio Grande do Sul, deputado federal pelo antigo Estado da Guanabara, duas vezes governador do Rio de Janeiro— Brizola foi sem dúvida o mais influente e longevo quadro da política brasileira a partir dos anos 1960, quando, com seu voluntarismo e sua coragem quase temerária, alterou o curso da história escrita pela classe dominante e impediu o golpe militar de 1961, por meio da Campanha da Legalidade. A posse de Jango mantinha de pé a ordem institucional e ensejaria à já então enferma democracia representativa brasileira, uma dramática sobrevida de quase quatro anos, com o permanentemente contestado governo Goulart, durante o qual o país, nada obstante as contradições que militavam em seu bojo, assistiu, ainda que aos trancos e barrancos, a um dos mais largos períodos de liberdades democráticas e debates em torno de suas vicissitudes e alternativas, ponto de partida para a elevação da educação das massas, que apavorou as classes dominantes.

A fonte desse Brasil posto em discussão, a ser “passado a limpo” na academia e nas assembleias, como reclamava Darcy Ribeiro, remontava às lides de agosto de 1961. Não fôra, porém, uma rebeldia qualquer aquela do jovem governador gaúcho, pois materializava-se mediante a mobilização popular, levantando o país amorfo na defesa de um princípio tornado caro: a legalidade democrática.

A conciliação que se seguiu, qual seja, a condicionante do parlamentarismo de fancaria, traficada no Congresso com os militares e os representantes de sempre da casa-grande, não diminui os méritos do levante gaúcho, e mais ainda justificará o radicalismo que pautará a atuação política de Leonel Brizola, daí em diante, correndo o país que pretendia organizar, conhecendo as fragilidades do regime democrático (e, nele, do governo Jango), e certamente antevendo a retomada golpista, pois a partir de certo momento a conspiração se fazia à luz do dia: da Campanha da Legalidade resultara a semeadura da lição de que o povo organizado pode decidir seu destino, o que sobressaltava, e sobressalta ainda, os herdeiros do escravismo e da subserviência colonial.

Com seus acertos e seus tantos erros, as esquerdas brasileiras e as forças trabalhistas e populares de um modo geral (aí incluídas as correntes comunistas tradicionais) haviam assumido um novo papel na política, e os temas paroquianos foram substituídos pelas questões que diziam respeito à soberania nacional, ao desenvolvimento e ao combate às injustiças sociais.

Explica-se, pois, a ojeriza com que Brizola sempre foi tratado pelos militares, cujos 21 anos de mandarinato fustigou, como poucos dentre os chamados “grandes exilados”. Aliás, com Miguel Arraes, outro político longevo e de raízes populares próximas do antigo petebismo, seria o único sobrevivente da República de 1946 e da frustrada experiência liderada por João Goulart, contestada internamente pela onda conservadora daqueles anos, e desestabilizada pelos governos dos EUA, de John Kennedy a Lyndon Johnson, a quem caberia ligar o sinal de partida para a conclusão do golpe, operado pelos militares brasileiros.

Sobreviveriam, ambos, Brizola e Arraes, também ao ocaso da ditadura militar e, cada um ao seu modo, os modos distintos do gaúcho e do sertanejo, com idas e vindas, convergências e conflitos, terminariam por contribuir, nas últimas décadas do século passado, para a ascensão do PT de Lula e do “novo trabalhismo” ao poder.

Os velhos caciques fizeram chegar bandeiras avançadas às grandes massas, sotopostas desde o ocaso do varguismo e a crise das esquerdas, e por isso mesmo devem ser vistos como tributários talvez conscientes da eleição de Lula em 2002, decisiva para o estabelecimento de uma nova correlação de forças, essa que com altos e baixos chega esperançosa aos nossos dias, após os desarranjos que levaram à ascensão do protofascismo.

Brizola trouxe para o debate nacional a denúncia do imperialismo, levantado por Vargas em sua carta-testamento. Ambos sempre contaram com a resistência da burguesia associada dos grandes cartéis, servidoras das grandes potências, da Inglaterra aos EUA, cujos interesses ele afrontou ao nacionalizar a filial da International Telephone & Telegraph (ITT) no Rio Grande do Sul. A grande imprensa nunca lhe perdoou por isso. Brizola foi duramente combatido pelos poderosos “Diários e rádios associados” de Assis Chateaubriand e pelo poderosíssimo Grupo Globo que, considerando ser insuficiente enxovalhar sua imagem pública, tentou, numa operação associada com o poder militar, surrupiar-lhe a eleição de 1982 para o governo do Rio de Janeiro.

Que a feliz coincidência do centenário de Brizola com a expectativa da eleição de Lula seja a oportunidade de uma reflexão dos brasileiros sobre a crise política que nos alcança em seu ápice. A figura do líder gaúcho chama a responsabilidade cada uma de nossas organizações e lideranças comprometidas com a democracia, o desenvolvimento e o combate sem recesso à ignominiosa desigualdade social que, em pleno século XXI, impede a construção da nação que merecemos ser.

Os perigos globais da degradação da Amazônia

Sexta, 28 de janeiro de 2022


Instituto Humanitas Unisinos

Em algumas partes das terras baixas amazônicas, em apenas um grama de terra convivem mais de 1.000 espécies de fungos. Em apenas 10.000 metros quadrados de floresta tropical existem mais tipos de árvores do que em toda a Europa. E nas águas que percorrem a imensa bacia hidrográfica habitam uma em cada 10 espécies de peixes de água doce do mundo, mais da metade delas são endêmicas. Entre elas, o imenso pirarucu, um peixe que tem as escamas mais duras do mundo, uma língua óssea e que é capaz de respirar fora da água.


A reportagem é de Juan F. Samaniego, publicada por La Marea-Climática, 25-01-2022. A tradução é do Cepat.


Ainda hoje, grande parte de seu território permanece inexplorado. Na Amazônia, uma nova espécie é descrita à ciência a cada dois dias. Aos pés dos Andes e até o Atlântico, há cerca de 10 milhões de anos a região é o laboratório de biodiversidade do planeta. Mas, além disso, esse ecossistema de mais de 7 milhões de quilômetros quadrados, capaz de gerar sua própria chuva, influencia o clima global e é um de nossos últimos freios de emergência diante das mudanças climáticas.

Mesmo assim, observamos sua destruição com indiferença. “A Amazônia é o refrigerador do planeta, seu ar condicionado. Se a destruirmos, teremos consequências globais. Não temos consciência que de que todos fazem parte de um mesmo planeta. Tudo está interligado de modo que não conseguimos entender”, explica Encarni Montoya, pesquisadora de Geociências Barcelona (GEO3BCN-CSIC) e uma das integrantes do Painel Científico pela Amazônia, formado por mais de 200 especialistas.

É também uma das autoras de um relatório de avaliação da Amazônia apresentado durante a COP26, realizada em novembro, um documento que resume dois anos de intenso trabalho científico e que alerta que a região está se aproximando de um ponto crítico de não retorno por culpa, entre outras coisas, do desmatamento, incêndios e mudanças climáticas.

“Teve pouca repercussão, menos ainda na Espanha. Teve muito pouco impacto em relação ao nível de pesquisa que se faz aqui e os laços que temos com a América Latina. A indiferença com o qual foi recebido é desanimadora”, destaca Montoya, especialista em estudar os fósseis para entender a ecologia do passado.


Uma fábrica de reciclagem de chuva


Uma floresta encharcada onde crocodilos e piranhas espreitam, dezenas de tipos de tarântula se abrigam entre as raízes e imensas colônias de formigas formam procissões quilométricas em busca de alimentos. A Amazônia evoca uma imagem muito clara em nossa mente. Mas a realidade é muito mais diversa. A região abrange de florestas costeiras a ecossistemas pré-andinos, florestas chuvosas e secas, pântanos, turfeiras e savanas.

“Só a bacia amazônica é maior que a Europa”, explica a paleoecologista. Sua magnitude é tal que a região é uma imensa fábrica de chuvas. Uma correia transportadora de água do oceano Atlântico para o interior da América do Sul. “Graças às temperaturas e à fisiologia das árvores, a água captada na costa entra em um ciclo de precipitação e evaporação constante, de reciclagem, que a transporta para o interior. Assim, consegue-se que a umidade do Atlântico vá praticamente até os Andes”.

Professores do Distrito Federal alertam para a superlotação de escolas em volta às aulas

Sexta, 28 de janeiro de 2022

De acordo com a Secretária de Educação do DF, a volta às aulas de modo presencial está mantida para 14 de fevereiro - Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília

Em 2022, a rede pública de ensino vai receber mais de 26,5 mil novos estudantes, aponta sindicato

Roberta Quintino
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 28 de Janeiro de 2022

A volta às aulas no Distrito Federal está marcada para o dia 14 de fevereiro e, de acordo com o Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF), é possível que as salas de aula fiquem superlotadas.

Em nota, a entidade sindical ressalta que, além de salas cheias, o ano letivo de 2022 vai começar com “todo tipo de inadequação que prejudica o aprendizado dos estudantes, as condições de trabalho dos professores e servidores, pondo em risco a saúde de todos”.

O Sinpro-DF vem denunciando a restrição no número de escolas na cidade e aponta que a rede pública de ensino terá 26,5 mil novos estudantes em 2022. Serão acolhidos, no mínimo, “mais de 470 mil estudantes em 685 escolas, fora algumas creches”, destaca a entidade.


“É certo dizer que as escolas públicas do DF passaram por algumas reformas, mas, notadamente, essas reformas foram centradas, basicamente, na colocação de câmeras de circuito de controle interno para monitoramento de professores. Houve pouca ampliação das salas de aula e quase nenhuma adequação para o enfrentamento à pandemia e nem para as futuras ondas de contaminações já previstas e anunciadas pela ciência. Também não houve construção de novas escolas para atender à demanda que aumenta todo dia” observa a entidade sindical.

Bolsonaro é responsável por uma a cada três violações contra imprensa em 2021, diz Fenaj; Brasília lidera casos

Sexta, 28 de janeiro de 2022
Crédito da foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Abraji 
Pedro Teixeira

O presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o principal violador da liberdade de imprensa em 2021, assim como fora no ano anterior, quando esteve envolvido em 175 casos de ataque. Sozinho, Bolsonaro foi responsável por 147 de 430 casos (34,19% do total), sendo 129 episódios de descredibilização da imprensa e 18 de agressões verbais a jornalistas. Os dados fazem parte do Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2021, lançado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) nesta quinta-feira (27.jan.2022).

O número total de agressões a jornalistas e a veículos de comunicação, além de violações à liberdade de expressão alcançou patamar nunca visto: 430 casos, dois a mais do que os 428 registrados em 2020 - ano em que foi registrada uma explosão de alertas, com alta de 105% em relação a 2019 (208).

Políticos e seus assessores continuaram a ser os principais agressores (40 alertas, sem contar o presidente). Manifestantes bolsonaristas foram associados a 20 violações. “Os números da violência contra jornalistas atestam, desde que a extrema direita chegou ao Planalto, que nos tornamos alvo e que o objetivo é, de fato, cercear a livre circulação da informação jornalística”, afirma a presidente da Fenaj, Maria José Braga, à Abraji.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG) aprova mobilização que visa conscientizar sobre vacinação infantil aprova mobilização que visa conscientizar sobre vacinação infantil

Quinta, 27 de janeiro de 2022

Foto: Agência Brasil—EBC

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Do MPDF
O Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG) aprovou nesta quarta-feira, 26 de janeiro, nota técnica conjunta que prevê a realização de uma mobilização do Ministério Público brasileiro para a importância da vacinação infantil contra a covid-19. O tema foi deliberado na primeira reunião ordinária do colegiado, que ocorreu na sede do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP). O encontro contou com a participação da procuradora-geral de Justiça do DF, Fabiana Costa.

O documento cita estudos que reforçam a segurança e a eficácia das vacinas disponíveis às crianças e também menciona a importância da imunização infantil contra outras doenças. A nota técnica conjunta frisa o papel do Ministério Público ao constatar eventual negligência dos responsáveis pela imunização das crianças.

“A vacina é um direito das crianças e um dever dos pais ou dos(das) responsáveis, de modo que a omissão no cumprimento desse dever inerente ao poder familiar pode ensejar a responsabilização destes, na forma prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, afirma trecho da nota que também destaca que “o Ministério Público deve primar pela atuação na perspectiva resolutiva, prestigiando a intervenção na esfera extrajudicial e mantendo uma postura empática e não autoritária com relação a eventuais dúvidas de boa-fé dos pais ou responsáveis”.

Pauta

O colegiado também aprovou um projeto de projeto de Governança de Dados e Transformação Digital no Ministério Público, apresentado pelo promotor de Justiça do MPDFT conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) Moacyr Rey. A iniciativa tem como objetivo fomentar a inovação digital no âmbito do MP por meio de uma atuação em rede. Com isso, pretende-se explorar dados e recursos disponíveis para ações inovadoras na instituição.

EXTREMISMO: Há uma onda neonazista no Brasil? Entenda o que dizem os números e especialistas no tema

Quinta, 27 de janeiro de 2022

Manifestações neonazistas se espalham pelo Brasil, afirma pesquisadora - Agência Brasil


Na esteira da ascensão de Bolsonaro, dados mostram aumento de grupos com ideais inspirados no nazismo

Paulo Motoryn
Brasil de Fato | Brasília (DF) | 27 de Janeiro de 2022

A ascensão da extrema direita e a vitória do presidente Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 estão diretamente ligadas aos dados que apontam o avanço do neonazismo no Brasil. É o que apontam números e especialistas consultados pelo Brasil de Fato.

O aumento de grupos extremistas, o crescimento de crimes de apologia ao nazismo e a intensa disseminação de conteúdos com teor neonazista na internet foi identificada em pesquisas publicadas nos últimos meses.

O interesse da academia e de veículos de imprensa sobre o tema reflete uma preocupação cada vez maior expressa por pesquisadores, organizações e movimentos ligados à questão judaica e organizações populares.

"É uma coisa que nosso campo acompanha e que, de alguma maneira, ocorre de forma cada vez mais aberta e pública. É um crescimento absolutamente considerável e perigoso", afirma Douglas Belchior, da Coalizão Negra por Direitos.


O nazismo prega a destruição de todos os povos e indivíduos que possam contaminar a presumida pureza da raça ariana. Essa ideologia foi posta em prática por Adolf Hitler nas décadas de 1930 e 1940, como política de Estado, na Alemanha e nos países invadidos pelo ditador.

De 1941 a 1945, seis milhões de judeus foram executados nos campos de extermínio nazistas. O genocídio do povo judeu ficou conhecido como Holocausto e é reconhecido como um dos episódios mais traumáticos da história da humanidade. Entre as vítimas dos nazistas, estiveram judeus, negros, gays, pessoas com deficiência física ou mental, ciganos, comunistas e testemunhas de Jeová.


O que dizem os números?

O Brasil de Fato reuniu três estatísticas importantes divulgadas nos últimos meses que se relacionam à existência de uma "onda neonazista" no país. Entenda o que cada um deles aponta:

1) Mapeamento identifica 530 núcleos neonazistas

Nos últimos meses, diversos trabalhos quantificaram a ocorrência de manifestações neonazistas. Uma das pesquisas de maior destaque é da antropóloga Adriana Dias, que investiga o tema desde 2002.

Em levantamento divulgado pelo Fantástico em janeiro deste ano, ela mostrou que existem pelo menos 530 núcleos extremistas de teor neonazista no Brasil, um universo que pode chegar a 10 mil pessoas.

O número representa um crescimento de 270,6% de janeiro de 2019 a maio de 2021. Dias apontou ainda que os núcleos nazistas se concentravam na região Sul do Brasil, mas se espalharam para as cinco regiões do país.

2) Crimes de apologia crescem, segundo levantamento

Um levantamento do jornal O Globo publicado em maio do ano passado mostrou que as denúncias apuradas pela Polícia Federal para crimes de apologia ao nazismo também explodiram. Até pouco tempo atrás, eram raros os inquéritos, entre 4 e 20 a cada ano.

A virada se deu em 2019, quando foram abertas 69 investigações de apologia do nazismo. A situação piorou em 2020, quando os policiais federais investigaram 110 casos — um novo inquérito a cada três dias, em média.

Levando em conta as 36 ocorrências investigadas pela PF nos cinco primeiros meses de 2021, é possível esperar que o ano passado tenha mantido a tendência de alta dos dois anteriores. O Brasil de Fato fez consulta à corporação sobre os dados mais atualizados, mas não obteve resposta.

Gráfico mostra crescimento de inquéritos sobre apologia ao nazismo / Reprodução/Agência Senado

3) Brasil é sétimo lugar em ranking sobre nazismo na internet

A SaferNet Brasil, organização não-governamental que atua mapeando denúncias anônimas de crimes e violações contra os direitos humanos na internet, localizou 2.516 páginas (hospedadas em 666 domínios) no Brasil em 2020. O país está na sétima colocação global do ranking publicado pela ONG.

'Sinal de alerta', aponta autora de livro

Na visão da advogada Milena Gordon Baker, autora do livro Criminalização da Negação do Holocausto no Direito Penal Brasileiro, todos esses indicativos de aumento das ideias nazistas no Brasil deveriam acender um sinal de alerta:

"Os estudos do genocídio mostram que existe uma pirâmide do ódio. Tudo começa de maneira sutil e vai piorando pouco a pouco. Primeiro, na base da pirâmide, constrói-se uma imagem estereotipada de determinado grupo oprimido. Depois começam o preconceito generalizado, a discriminação, o discurso de ódio."

"Em seguida, vem a supressão de direitos. Mais tarde, surgem os ataques físicos. Por fim, já no topo da pirâmide, assentado sobre todos os estágios anteriores, vem o genocídio. Normalmente passa-se de uma etapa para a outra sem que se perceba. É por isso que não podemos baixar a guarda", afirma Baker.

Período coincide com ascensão de Bolsonaro

O período do crescimento das ocorrências nos estudos coincide com o período da gestão Bolsonaro no governo federal. O diretor-acadêmico do Instituto Brasil-Israel, Michel Gherman, é contundente ao afirmar, em seu canal no Youtube, que "Bolsonaro é nazista".

Segundo ele, a falsa tese adotada por bolsonaristas de que o nazismo seria ideologicamente de esquerda mascaram o teor nazista do presidente.

"A perspectiva de o nazismo ser de esquerda é uma das referências importantes do negacionismo histórico, que coloca o nazismo a partir de lentes exclusivamente ideológicas, e não historiográficas", sustenta.

"Bolsonaro se afirma como um amigo dos judeus. Isso tem duas dimensões. A primeira dimensão é que isso, mais uma vez, tal qual o nazismo ser de esquerda, afasta possíveis afirmações de que ele é nazista. Afinal de contas, como é que o nazista pode ser amigo dos judeus? Como é que o nazista pode ter bandeira de Israel? Como é que o nazista pode dizer que se aproxima do estado de Israel?", questiona Gherman.

Bandeira de Israel em ato convocado por Bolsonaro e seus apoiadores em Brasília, no início da pandemia, em maio de 2020 / Reprodução/Facebook

Nesse sentido, o acadêmico defende que bandeiras de Israel e símbolos sionistas são usados como cortina de fumaça para esconder a ideologia nazista do presidente: "[Servem] Para passar o pano no nazismo, para limpar a sua imagem".


Bolsonarismo e nazismo: via de mão dupla

Na visão de Odilon Caldeira Neto, professor de História Contemporânea da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a associação entre o nazismo e a figura do presidente pode ser estabelecida, mas é complexa.

O pesquisador, que é um dos coordenadores do Observatório da Extrema Direita no Brasil, aponta que é preciso entender o que diferencia o "bolsonarismo" do próprio Bolsonaro.

"É bom sempre separar o governo Bolsonaro, essa instância mais institucional de representação, um governo como tal, do que é o bolsonarismo (...). O bolsonarismo é um fenômeno que transcende ao governo em si. Ele não é tutelado pelo governo", diz.

Caldeira Neto afirma, contudo, que o governo federal, em diversas oportunidades, sinalizou aos apoiadores mais radicalizados, ligados inclusive ao pensamento neonazista: "A presença de símbolos fascistas ou nazistas não é apenas fruto exclusivamente da associação de indivíduos e militantes neonazistas ao bolsonarismo. Muitas vezes, esse é um esforço do próprio governo".


"A utilização de slogans, de figuras de linguagem, de simbologias nazistas ou fascistas, é também parte do esforço de se compreender como parte de uma história de uma trajetória da extrema direita brasileira e internacional", defende.

No ano passado, o Brasil de Fato mostrou cinco momentos em que membros do governo e bolsonaristas adotaram símbolos do movimento fundado por Adolf Hitler, responsável pelo assassinato de seis milhões de judeus.

"É uma via de mão dupla: de um lado, são os movimentos e lideranças do neonazismo tentando imprimir a sua faceta no bolsonarismo e no governo Bolsonaro; de outro lado, é o governo buscando radicalizar as suas bases por meio da chave, dos lemas e das imagens do imaginário fascista e nazista na atualidade", explica Caldeira Neto.

Encontro com representantes da direita neonazista alemã

Jair Bolsonaro com a deputada de extrema direita Beatrix von Storch, neta de ministro de Hitler / Reprodução/Instagram - Beatrix von Storch

Em julho, pesquisadores ouvidos pelo Brasil de Fato afirmaram que as reuniões da deputada alemã Beatrix von Storch com Bolsonaro, com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e com a deputada Bia Kicis (PSL-DF) expuseram o Brasil como centro articulador da extrema direita global.

Não informada por qualquer registro oficial da agenda presidencial, Bolsonaro recebeu von Storch em encontro que foi tornado público após a deputada do Alternativa para a Alemanha (AfD), partido de extrema direita alemão, divulgar o encontro em suas redes sociais.

Beatrix von Storch é neta de Lutz Graf von Krosigk, ministro de Finanças do governo de Adolf Hitler, e de Nikolaus von Oldenburg, membro do Partido Nazista e da SA (força paramilitar de Hitler).

Uma das lideranças do movimento negro do país, Douglas Belchior pondera que os genocídios negro e indígena são marcas históricas do Brasil, mas aponta que há uma "novidade" na capacidade de organização de grupos favoráveis ao extermínio

"Há uma onda. É uma novidade nesse sentido: o avanço da organização de um sentimento ultraconservador, um sentimento racista, homofóbico. Isso condiz com o Brasil que a gente vive agora, com o governo Bolsonaro e com o sentimento que está politicamente organizado nesses grupos que ocupam o poder hoje", diz.

Os especialistas ouvidos pelo Brasil de Fato ponderam ainda que o neonazismo brasileiro não é "um fenômeno monolítico" e se expressa em fóruns onlines de grupos ultramisóginos, na literatura negacionista do Holocausto e na atuação de grupos como os skinheads ou White Power, por exemplo.

A antropóloga Adriana Dias ressalta também a diferença fundamental entre neonazismo e o próprio nazismo, que "foi uma política de Estado, um regime que se incorporou ao Estado".

"O neonazismo é diferente. Surge no final da Segunda Guerra Mundial, mas, como não é um movimento estatal, está pluralizado, então se internaliza. [Os neonazistas] se reúnem de maneira oculta, não oficial, proibida. Ficam numa camada não superficial do discurso social, mas existem em todo o mundo", afirma.

Como estratégia de enfrentamento, especialistas relembram o caso da Alemanha, onde o nazismo e o Holocausto são relembrados nas escolas e em monumentos a fim de não jogar no esquecimento uma parte da história e não abrir espaço para repeti-la.

"Por lá, além de um intenso processo de desnazificação, valoriza-se a memória como meio de reflexão e aprendizado em relação ao passado", aponta Adriana Dias.

A antropóloga reforça ainda a importância do diálogo como forma de prevenir extremismos: “Acho que quanto mais nos comunicarmos, quanto mais a educação evoluir e desenvolvermos empatia, mais vamos saber responder a genocidas. Gostaria que fôssemos [um país] cada vez mais diverso, porque com certeza muito menos perto de genocidas nós estaríamos”.

Com informações da Agência Senado.

Edição: Vivian Virissimo