Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."

(Millôr Fernandes)

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Para sociólogos, jovens de "rolezinhos" buscam por reconhecimento

Terça, 14 de janeiro de 2014 
Especialistas explicam que ações da Polícia, shoppings e classes altas expõem preconceito cruel
 
Jornal do Brasil 
Gabriella Azevedo, do programa de estágio do Jornal do Brasil

A fama dos "rolezinhos" tomou conta de São Paulo a partir do fim de 2013, quando jovens começaram a marcar encontros através das redes sociais em shoppings centers. A juventude da periferia, em sua maior parte negra, passou a frequentar esses espaços, antes vistos como exclusivos das classes média e alta. O colorido dos calçados e blusas de grife contrastaram com o ambiente de cores neutras dos shoppings e despertaram o olhar, da mesma forma que a presença incomum desses jovens saltou aos olhos das classes média e alta paulistanas. 
Ao explicitar desigualdades e incomodar clientes, os rolezinhos mobilizaram Estado e segurança privada em ações para coibir a presença dos jovens nesses locais. Para especialistas, as medidas repressivas expõem uma quadro crônico de preconceitos e, ao mesmo tempo, medo por parte da classe média, que, em parte, encara com incômodo a quebra de paradigma.
O professor Marcus Ianoni, chefe do departamento de ciências políticas da Universidade Federal Fluminense (UFF) e doutor em ciência social, enxerga os rolezinhos como um ato político e social, mesmo que inconsciente por parte desses jovens. Para ele, a necessidade de afirmação, tão cobrada na sociedade contemporânea, gera uma busca incessante por bens que reiterem a ideia de pertencimento. A ocorrência desses eventos em shopping centers, espaços consumistas, explicam esse fenômeno.