Domingo, 19 de janeiro de 2014
Isabela Vieira, repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Apesar de o Shopping Leblon estar fechado, algumas
pessoas apareceram para o rolezinho marcado hoje (19) no local. O número
de participantes, no entanto, é inferior ao de jornalistas. Mas a
presença do pequeno grupo chama atenção dos moradores do bairro e dos
clientes desavisados que foram às compras. O shopping não abriu este domingo para evitar o rolezinho.
Do lado de fora, cerca de 30 pessoas fizeram perfomances, ao som de
funk, contra o racismo e a exclusão social no país. Fantasiado de
Batman, Heron Morais Melo criticou a falta de igualdade de oportunidades
entre "ricos e brancos" e "negros e pobres".
"Essa porta fechada [do shopping] é o melhor símbolo da
desigualdade no nosso país. Quem não é da parte da elite, só encontra
isso", disse Heron, morador de Marechal Hermes, na zona norte.
Em uma performance para satirizar "madames que frequentam o shopping
com menor número de pobres da cidade", um participante, que não quis se
identificar, disse: "Não vim para protesto, vim às compras! Pobre já
aguento lá em casa, lavando, passando, levando meus filhos na escola",
como crítica ao preconceito.
Para o estudante de letras e integrante da Assembleia Nacional dos
Estudantes Livres (Anel), Gabriel Melo, o rolezinho é derivado das
manifestações de junho de 2013. "Quando um grupo de estudantes de
universidades e escolas privadas vão para a praça de alimentação e bota
música alta é uma coisa, mas quando esse grupo é de jovens negros o
tratamento dado pelo shopping, lojistas e segurança é outro: fecham as portas e põem para fora", disse.
Apesar de a Secretaria de Segurança Pública ter informado que não
reforçaria o policiamento, dezenas de policiais estão próximos ao shopping. Seguranças particulares não identificados também estão no local.
O Shopping Leblon cercou, com tapumes, toda a entrada de vidro
localizada na Avenida Afrânio de Melo Franco. Foram colocados cartazes
avisando os clientes de que o centro comercial foi fechado para
"garantir a segurança". O Shopping Rio Design Leblon, que fica do outro
lado da rua, também fechou as portas, para evitar o rolezinho. Cerca de 9
mil pessoas haviam confirmado presença no ato por meio da redes
sociais.
Do lado de fora, trabalhadores e lojistas criticaram o rolezinho. Para a dona de uma loja, que preferiu não se identificar, o shopping "é um espaço de lazer privado". "Manifestação tem que ser na porta da prefeitura, não aqui".