Segunda, 4 de julho de 2016
Camila Boehm – Repórter da Agência Brasil
Um ato religioso na capital paulista lembrou hoje
(4) a morte do menino Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, de 10 anos,
baleado por policiais militares após uma perseguição no dia 2 de junho.
Organizado pela Organização não Governamental (ONG) Visão Mundial, o ato
foi realizado na Comunidade Cristã das Boas Novas (CCBN) e lembrou
também que muitas outras crianças e adolescentes são vítimas de
homicídio, como o menino Ítalo.
“Mais uma criança foi morta e até
quando vai continuar?”, questionou a mãe do menino, Cinthia Ferreira
Francelino. No dia 2 de junho, Ítalo e um amigo da mesma idade furtaram
um carro na garagem de um condomínio no bairro Morumbi. Os policiais
perceberam o furto e saíram em perseguição ao veículo, um Daihatsu
Terios. Ítalo foi baleado pelos PMs e morreu no carro.
A mãe
disse que Ítalo não estava armado e que, além disso, os policiais sabiam
que eram duas crianças que estavam dentro do carro. “A dona do carro
[furtado] falou que o carro dela estava falhando e que tinha duas
crianças dentro do carro. Eles sabiam que tinha duas crianças dentro do
carro. Eles mataram meu filho sabendo que era uma criança”, disse.
Segundo
a PM, Ítalo fez três disparos contra os policiais com uma arma calibre
38. Porém, o menino sobrevivente disse, em seu último depoimento, que
não houve confronto com a polícia. Além disso, não foram encontradas
marcas dos tiros que teriam sido disparados pelo garoto.
O
advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Direitos
Humanos (Condepe) e do Movimento Nacional de Direitos Humanos, que
acompanhou o segundo depoimento do amigo de Ítalo à polícia, disse que
ainda faltam os laudos da reconstituição do crime e de resíduos de
pólvora na luva que o menino usava no dia em que morreu. O amigo de
Ítalo também será novamente ouvido pelo Departamento de Homicídios e
Proteção à Pessoa, acompanhado de psicólogos e da promotora designada,
já que ele apresentou versões conflitantes.
“Teve uma versão que
foi da noite dos fatos. Depois, ele foi ouvido no Delegacia Estadual de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) no dia seguinte, que é até um
depoimento em que eu estive presente e em que ele disse que, durante o
trajeto, teria ocorrido troca de tiro, mas que depois, quando o carro
parou, não teria ocorrido troca de tiro. E foi nesse momento [quando o
carro parou] que o policial disparou e acertou a cabeça do Ítalo”,
explicou Ariel.
Segundo o advogado, em depoimento posterior, à
Ouvidoria de Polícia, o menino disse que ambos estavam desarmados no dia
da perseguição: “Ele chegou a dizer para um representante da Ouvidoria e
para mim que viu quando o policial tirou a arma e a colocou dentro do
carro”.