Domingo, 31 de julho de 2016
Do Jornal do Brasil
A Odebrecht entregou à força-tarefa da Lava Jato um livro no qual
constam todos os apelidos dados a políticos e o respectivo nome de
parlamentares e governadores que receberam dinheiro oficial e de caixa 2
nas últimas campanhas eleitorais. A medida faz parte do acordo de
delação premiada firmado entre a empreiteira e o Ministério Público
Federal (MPF).
Em fevereiro deste ano, a Polícia Federal
apreendeu, durante a 23ª fase da Lava Jato, documentos com listas que
enumeram valores, políticos e seus apelidos. Entre os citados estão
o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o deputado afastado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), os
senadores José Sarney (PMDB-AP), Romero Jucá (PMDB-RR) e Humberto Costa
(PT-PE), o ex-governador e ex-ministro Jaques Wagner, o ex-governador
Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, entre inúmeros outros.
As
planilhas também revelam documentos de alguns políticos: Eis alguns
apelidos atribuídos aos políticos nos documentos da Odebrecht, vários
com conteúdo derrogatório: Jaques Wagner: Passivo, Eduardo Cunha:
Caranguejo, Renan (Calheiros): Atleta, José Sarney: Escritor, Eduardo
Paes: Nervosinho, Humberto Costa: Drácula, Manuela D’Ávila: Avião.
Nesta
sexta-feira (29), foram iniciadas os depoimentos de 15 executivos da
Odebrecht, incluindo o de Marcelo Odebrecht. As delações devem
atingir mais de 100 políticos, entre eles ministros, senadores,
deputados, dez governadores e alguns ex-governadores. Geraldo Alckmin
(PSDB) e Sérgio Cabral (PMDB), que já foi citado em outros depoimentos,
são alguns dos implicados nas delações da empreiteira.
Embora
ainda não haja detalhes sobre a forma como cada um dos nomes aparecem na
lista da Odebrecht, em junho, durante tratativa para negociação de
delação premiada, a empreiteira revelou a procuradores da Operação Lava
Jato que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) cobrou propina
em obras como o metrô e a reforma do Maracanã para a Copa do Mundo de
2014. O executivo responsável por detalhar o que chama de "contribuição"
a Cabral é Benedicto Barbosa da Silva Júnior, ex-diretor-presidente da
construtora que foi preso em fevereiro por suspeitas de envolvimento no
esquema de corrupção da Petrobras.
Silva Júnior deve incluir
outras obras, além do metrô do Rio e do Maracanã, na conta de Sérgio
Cabral, como o Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro). Há a
expectativa também de que ele afirme que o ex-governador tinha como
regra cobrar da empreiteira o pagamento de 5% do valor total dos
contratos das obras.
As planilhas da Odebrecht apreendidas pela
Polícia Federal em março deste ano já mostravam o nome de Sérgio Cabral
como beneficiário de R$ 2,5 milhões pagos pela empresa em razão de obras
da linha 4 do metrô do Rio. Já a reforma do Maracanã, sede da final da
Copa, foi orçada inicialmente em R$ 720 milhões, mas acabou custando
mais de R$ 1,2 bilhão.